Overtraining, Overreaching e Fadiga: Você sabe a relação entre eles?

Compartilhe
overtraining Overreaching e Fadiga
Paulo Vasco: “Como já é bem-visto na literatura relacionada à ciência do treinamento esportivo, o termo adaptação orgânica está estreitamente relacionado com o termo ‘estresse’“. Foto: Reprodução

Fala galera! É impossível prescrever e planejar o treinamento esportivo, para fins competitivos ou recreacionais, antes de entender o processo de adaptação, que, por sua vez, está baseado no fenômeno denominado síndrome geral da adaptação – SGA. A proposta desse texto é compreender e alertar sobre a importância do planejamento para um treinamento físico eficiente e seguro do seu esporte.

A adaptação é a capacidade de qualquer ser vivo de se acomodar às condições do meio ambiente, processo pelo qual o organismo se acomoda e se ajusta aos fatores ambientais externos e internos. Isso acontece quando você permanece por um longo período variando os treinos, mas sem alterar as cargas de treinamento. Porém, vale ressaltar, que as alterações demasiadas de carga de treino sem a devida recuperação, também podem promover sérios problemas fisiológicos, emocionais e hormonais.

Veja também: Como voltar aos treinos pós isolamento

Como já é bem-visto na literatura relacionada à ciência do treinamento esportivo, o termo adaptação orgânica está estreitamente relacionado com o termo “estresse”, considerado como o estado de tensão geral do corpo humano sob o estímulo promovido por cada sessão de treinamento. A expressão estresse foi introduzida por Selye (1959) na década de 50, publicando estudos pioneiros sobre estressores biológicos descrevendo a SGA (Krieger JW. Single versus multiple sets of resistance exercise: a meta-regression. Efeitos agudos e adaptações neuromusculares decorrentes da manipulação de volume e densidade no treinamento de força. Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida. Journal of Strength and Conditioning Research. 2017).

Paulo Vasco e Rafael Medeiros durante a 3ª volta da Ilha de Vitória. Foto: Arquivo pessoal

Para não tornar o texto longo, vou resumir o que caracteriza a SGA no planejamento (periodização) do seu treino. Ela constitui um conjunto de reações específicas desencadeadas quando o organismo é exposto a um estímulo ameaçador à manutenção da homeostase (equilíbrio do corpo humano), essa manifestação constitui-se de três fases:

Fase do alarme: corresponde ao estresse agudo do exercício, promovendo alterações neuromusculares, hormonais e cardiometabólicas no organismo. Fazendo assim o corpo perder seu estado de equilíbrio (homeostático).

Fase da resistência ao estímulo: fase do organismo estressado pelo treinamento físico, com isso, o organismo poderá se adaptar e/ou se preparar para estímulos maiores.

Fase da exaustão: fase do comprometimento físico por fadiga geral ou danos às estruturas musculoesqueléticas e cardiorrespiratórias. A reação psicossomática ao estresse pode ser considerada uma falha na defesa e o alerta é traduzido em sistemas somáticos provocando alterações nos tecidos do corpo.

Portanto, para Sousa, Prestes e Tibana (2020), o objetivo geral do treinamento é fazer com que o organismo se adapte e suporte estímulos maiores no treinamento, potencializando sua performance. Por isso, é de extrema importância a supervisão e acompanhamento de um profissional de educação física para quantificar e avaliar seu rendimento físico.

Quando o treinamento se torna intenso, sem os controles de cargas por tempo prolongado, e sem um adequado tempo de recuperação, os atletas podem desenvolver outros estados de fadiga, como o estado de overreaching funcional, overreaching não funcional e um quadro mais severo, a síndrome do overtraining.

Iremos definir agora alguns fatores relevantes de fadiga que poderão levar o praticante ou atleta ao quadro mais severo de overtraining;

  • Cargas altas de treinamento sem recuperação e regeneração.
  • Treinos com intensidade por tempo prolongado.
  • Competições excessivas sem período de destreino.
  • Estresses pessoais e laborais.
  • Distúrbios de sono e poucas horas de sono.
  • Alimentação mal planejada.
  • Hidratação inadequada.

Portanto, a fadiga crônica, será um processo de desenvolvimento para o overreachinig não funcional podendo levar a um quadro crítico de overtraining e queda de performance.

Overtraining, Overreaching e Fadiga

Guilherme Jr (Campeão Molokabra 2019 – SUP 14 ). Foto: Reprodução

Para finalizarmos nossa coluna, iremos definir estes termos relacionados a fadiga neuromuscular, cardiometabólica e psicofisiológica, assim você irá compreender e passar o melhor feedback para seu treinador.

Fadiga aguda: resultante de uma sessão de treino mensuradas através de indicadores biológicos e psicológicos. Efeito positivo do treinamento, levando horas ou dias de recuperação ativas.

Overrechining funcional: Aumento da carga de treino levando a uma redução controlada e planejada do rendimento físico, promovendo um aumento posterior a uma recuperação e regeneração orgânica. Efeito positivo, variando dias ou semanas com treinos leves (famosa supercompensação).

Overreachining não funcional: fase de treinamento intenso reduzindo o rendimento físico por um tempo longo, mas com recuperação total após o repouso. Efeito negativo por levar semanas ou meses de recuperação total.

Overtraining: redução severa do rendimento devido ao prolongamento e insistência da fase do overreachining não funcional, acarretando severas alterações fisiológicas nos sistemas neuromuscular, endócrino, imunológico, cardiovasculares e psicológicos. Efeito negativo por levar meses de recuperação com ou sem intervenções medicamentosas, possibilitando o abandono da carreira profissional ou prática da modalidade esportiva.

Assim, fica claro que o rendimento que você procura para seu treinamento, não se resume em imitar o treino de um atleta de elite ou aplicar treinos intensos todas as sessões, promover fadiga e overrreachining funcional fazem parte da periodização para aumento de performance.

Relate feedback dos treinos para seu treinador e avalie sua performance periodicamente.

Até a próxima galera!

Paulo Vasco

Compartilhe