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Remar nas águas de uma das regiões mais imponentes do Brasil é privilégio, mas também é uma grande responsabilidade, afinal, nós somos a última geração que pode salvar a Amazônia. O alerta, que corre contra o tempo, é do Amazônia de Pé, movimento nacional que atua pela preservação da maior floresta tropical do mundo.
E para dar mais visibilidade a esta questão tão urgente, o Caruanas Va’a, clube de canoagem polinésia e amazônica, com base em Belém do Pará, promoveu na última quinta-feira, 7, a Remada pela Amazônia.
A experiência fez parte da Virada Amazônia de Pé e foi aberta de forma gratuita a remadores experientes e também àqueles que queriam ter o primeiro contato com a modalidade. Em quatro canoas, o grupo saiu de Belém e navegou até a Ilha das Onças, onde se reuniu na Casa do Celso, residência de uma família de ribeirinhos que também é parceira e amiga do clube.
Com a floresta da ilha em volta, a roda de conversa aconteceu com a participação de Alan Bordallo, jornalista e fundador do Caruanas; Catarina Nefertari, gestora de comunicação do Amazônia de Pé; e Felipe Marujos, publicitário, ribeirinho e filho da família da Casa do Celso.
“A atividade do Caruanas foi muito importante e foi um momento para guardar na memória. Conseguiu unir a prática com a teoria e o diálogo sobre a necessidade da gente manter a Amazônia de Pé, pois isso passa na nossa relação com os rios de Belém. Escutamos várias pessoas, suas inquietações e a experiência de cruzar a Baía do Guajará remando fez tudo ser ainda mais especial”, avalia Catarina, sobre a iniciativa.
O Caruanas, como clube de va’a que nasceu e vive diariamente as águas da Amazônia, entende que não se deve apenas usar o ambiente como palco para a prática esportiva, mas também abraça a responsabilidade de cuidar da região, assim como conscientizar seus remadores e a população em geral.
“As va’a já se mostraram um instrumento poderoso para aproximar os moradores de Belém dos rios que cercam a cidade. Nunca houve tanta gente se interessando pela Belém ribeirinha e a Belém das ilhas como agora. E cada pessoa que se permite habitar os rios, passa a conhecer melhor a realidade ambiental que nos cerca. Nossos recursos naturais são limitados e estão sendo degradados. Quanto mais pessoas se conscientizarem disso e passarem a debater estes temas, mais a Amazônia ganha”, pondera Alan.
Felipe Marujos cresceu na Ilha das Onças. O jovem de 23 anos entende desde a infância a necessidade dos cuidados com as comunidades ribeirinhas, a importância da floresta e dos rios para elas, e chama atenção para o pouco conhecimento dos amazônidas sobre o próprio local em que vivem.
“Hoje eu falo sobre a Amazônia porque eu tenho vivência e conhecimento sobre ela. As pessoas que habitam aqui conhecem tão pouco. Afinal, são muitas “Amazônias”. muitas coisas que precisam ser descobertas. O debate vem para somar os conhecimentos sobre a região”, ressalta Felipe.
A Remada Pela Amazônia, promovida pelo Caruanas Va’a e Amazônia de Pé, uniu a prática ancestral da canoagem a uns dos debates mais importantes da atualidade: a proteção da floresta amazônica. E reforçou o papel dos remadores como instrumento de responsabilidade com o futuro.