Tríplice Coroa de Downwind | Acompanhe em tempo real
Nesta quinta (18) tem início a Tríplice Coroa de Downwind, o mais tradicional circuito de race downwind ... leia mais
Primeiramente, em nome de nossa equipe que acompanhou a prova em Ilhabela , além dos diversos atletas e espectadores com os quais conversei, quero lhe dar os parabéns pela realização do KOPA 2018, pois o feedback foi muito positivo.
Obrigado, Luciano. O KOPA é um evento que já dá muito trabalho normalmente e esse ano decidimos complicar muito a logística do evento por conta da prova de downwind. Deu trabalho, mas a resposta do público faz tudo valer a pena e nos dar força pra continuarmos com novas ideias para o ano que vem.
A cereja no bolo do KOPA foi sem dúvida a prova de downwind. Como surgiu a ideia de fazer essa prova, transportando os competidores para o meio do canal?
Quando o KOPA foi convidado para ir para Ilhabela, sabia que teria que fazer algo bem diferente do usual, já que existem muitos outros eventos tradicionais que também são realizados por lá. Então, na primeira reunião com o Alessandro Matero, diretor técnico do evento, pedi que pensasse em um percurso totalmente diferente do que normalmente é feito na Ilha e que tivesse a identidade do KOPA, usando poucas boias e mais elementos naturais como ilhas, rochedos etc., sempre pensando no que seria divertido para o atleta. Pedi também que pensasse em inovações na água que tornasse o KOPA um evento particular, com identidade própria!
Algumas semanas depois ele me apresentou o percurso da prova (que tiveram alguns ajustes até chegar ao seu formato final) e lá ele já pensava em uma perna longa de downwind, já mostrando qual seria a ideia da prova para os atletas.
Alguns dias se passaram e ele me ligou super empolgado com uma nova ideia, de levar os atletas em uma balsa por 16 km contra o vento e largar todos em um percurso 100% em downwind. A ideia era genial, mas precisava de um elemento fundamental para que saísse do papel: a balsa.
Foi aí que entrou o Robson Toco, da São Sebá Va’a, que além de um fanático pela canoa havaiana, é proprietário de uma empresa de transporte marítimo, a Porto Vale. Ele abraçou a ideia como se o evento fosse dele e até agora não sei quem é mais louco, o Amendoim que teve a ideia, eu por ter aceitado ou o Toco por colocar a balsa à disposição do evento. (risos) No final tudo deu super certo!
Foi muito complicado preparar a logística?
Com a balsa garantida, o grande problema seria pensar como adequar as embarcações (surfskis e canoas) na balsa de uma forma segura que não tivesse risco de danificar nenhum equipamento. Aí começaram a surgir mil ideias. Berço de madeira, andaimes, cabos e cordas, pneu, etc.
Até que o Amendoim veio com a ideia de um berço que preenchesse a balsa inteira feita de box truss com três andares revestidas de espaguetes de piscina que acomodasse 100 embarcações.
Até aí, solucionamos o problema das embarcações, mas ainda tínhamos que transportar os atletas até a largada! Mas aí foi bem mais fácil. Alugamos uma escuna com capacidade para 120 pessoas que acomodou com total conforto todos os atletas inscritos na prova. O grande receio era que a logística não permitia ensaio. Tudo seria testado na hora!
Tivemos sorte da Praia do Perequê ter um píer grande com capacidade para receber tanto a balsa como a escuna. Como a balsa é bem mais lenta e corria o risco de encalhar na maré baixa, ela teve que sair bem antes do horário da largada, às 10h da manhã. Já os atletas zarparam às 12h na escuna com a largada prevista para 14h20. A primeira parte tinha sido resolvida, agora faltava saber se a logística de desembarque – em minha opinião, a pior parte – (destaca) sairia conforme planejado. E saiu.
Mas o grande gargalo ainda seria pensar em tudo isso sabendo que nesse meio tempo estariam acontecendo na arena as provas de SUP Race (válida como etapa do Brasileiro) e canoa caiçara. Por isso dividimos a equipe para atender da melhor forma todas as provas que aconteceriam no mesmo horário.
Que pontos você gostaria de destacar ao longo do processo de preparação dessa prova?
Depois de tudo definido e quando já havíamos resolvido a situação da balsa, destacaria o processo de pensar na acomodação dos equipamentos e na logística dos atletas, que deveriam chegar muito mais cedo, fixar seus equipamentos e embarcar na escuna tendo que pensar em alimentação, hidratação, suplementação para cerca de 3 horas antes da largada.
Montamos também um guarda-volumes dentro da escuna para que os atletas pudessem deixar seus pertences que foram devolvidos na arena do evento.
Houve muita burocracia para conseguir a liberação da balsa ou foi dentro do esperado?
Foi tudo muito tranquilo. Fizemos um ofício para a Capitania dos Portos solicitando permissão para a realização do evento e pessoalmente expliquei para o Comandante, que nos recebeu muitíssimo bem, qual seria a ideia da prova. Nesse momento a minha maior preocupação era a passagem pela balsa (caso o vento fosse de sul), mas no final o vento entrou de leste e não tivemos nenhum problema.
Imagino que a segurança numa prova dessa natureza demanda uma atenção especial. Como ela foi pensada, preparada e coordenada?
Sim. Para atender tanto a prova de downwind como todas as outras provas do KOPA, tínhamos seis botes na água com pilotos e tripulação super experientes preparados para qualquer tipo de emergência.
Fizemos uma reunião dias antes do evento com toda a equipe de água para definirmos toda a parte de segurança, mas acredito muito que a segurança dos atletas começa pelo próprio atleta e pelo regulamento da prova.
Com as experiências dos eventos passados, pudemos ajustar os equipamentos de segurança dos atletas (que ainda não é o ideal) que foram aceitos por todos. Quando os atletas entenderem e aceitarem que as exigências são para o próprio bem deles, todos os eventos outdoor no Brasil passarão a ser muito mais seguros.
Você acredita ser possível realizar uma prova com essa mesma logística em uma região menos abrigada do que Ilhabela?
É claro que realizar uma prova como essa em um canal, como é o caso de Ilhabela, torna o evento muito mais seguro. Mas acredito não ser impossível realizar em áreas menos abrigadas, desde que tenhamos um plano de segurança um pouco mais complexo. Os atletas se espalham demais pelo percurso, e com estrutura reduzida, fica quase impossível ter controle de todos.
Um dispositivo via satélite para cada atleta, por exemplo (como já é utilizado em muitos eventos outdoor), pode amenizar demais o risco para os atletas e creio que esse é um tema urgente e super necessário quando falamos de uma modalidade que cresce muito rapidamente em todo o Brasil.