
Volta ao Lago VAA 2025 reúne 347 remadores em Brasília
Realizada em Brasília, segunda edição da Volta ao Lago VAA reúne 347 atletas em prova épica no Lago Paranoá

Quem frequenta as águas sabe: as mulheres tomaram conta da canoa havaiana. De uns anos pra cá, é difícil olhar pro mar ao amanhecer e não ver uma equipe feminina treinando forte, conferindo a canoa e puxando o treino com uma energia quase militar. Elas chegaram pra ficar — e não é força de expressão.
Enquanto muitas equipes masculinas vão e vêm com as marés (e com as desculpas), as equipes femininas estão sempre lá. Às vezes trocam integrantes, mudam o nome, mas o grupo não morre. Elas são, sem dúvida, as mais disciplinadas. Acordam cedo, treinam mesmo com chuva, anotam tempos, discutem técnica e mantêm uma rotina que faria inveja a muito atleta profissional.
Claro, nem tudo é calmaria. Quem convive sabe que dentro de uma equipe feminina o clima pode ferver. Tem treta por ritmo, por lugar na canoa, por treino, por quem faltou, e até por quem ousou aparecer com a cor de camisa errada. Mas o curioso é que, mesmo brigando, elas continuam. É como se as tretas fizessem parte do treinamento. Discutem, se estressam, dão aquele gelo básico — e no dia seguinte estão todas lá de novo, no mesmo horário, remando lado a lado.
Entre os homens, a história costuma ser diferente. Quando dá treta, é comum ver o grupo se dissolver. Um sai, o outro perde a motivação, e pronto: a canoa naufraga. Falta constância. Falta aquele senso coletivo que as mulheres têm de sobra. Os caras dizem que é “muita confusão feminina”, mas, curiosamente, são elas que seguem firmes, e eles que desaparecem.
Talvez seja por isso que as equipes femininas crescem e se consolidam. Elas têm uma noção muito clara de que o grupo vem antes do ego. Sabem que, pra canoa andar, não basta força, precisa sintonia, ritmo, resiliência e muita escuta. E, nisso, elas são imbatíveis.
A presença feminina não só aumentou o número de praticantes, como também elevou o nível do esporte. Trouxe organização, união e uma nova forma de lidar com o desafio da remada. Onde antes havia improviso e instinto, agora há planilha, metas e estratégia — e, claro, aquele grupo de WhatsApp que nunca silencia.
No fim das contas, a canoa havaiana reflete a vida: quem rema junto, chega mais longe.
E hoje, quem está remando junto, com disciplina, intensidade e coração, são elas.
Mesmo entre tretas, opiniões fortes e algumas lágrimas estratégicas, as mulheres seguem remando forte. E a va’a, com elas, ficou muito mais forte — e bem mais interessante.