Expedição SUP Extremo | Rio Ribeira de Iguape
Em mais uma expedição do SUP Extremo, Caio Coutinho, Ricardo Padovan, Kátia Totina e Ulisses Bicudo ... leia mais
Olá queridos amigos leitores!
Essa semana vamos contar um pouco da chegada das canoas havaianas nas ilhas cariocas, em um tempo de poucos registros fotográficos, mas de muitas memórias.
O Rio de Janeiro tem um litoral muito privilegiado quando se fala em belezas naturais. Cartões postais mais famosos como o pão de açúcar, o cristo redentor, a pedra da Gávea, Floresta da Tijucas entre muitos e muitos outros.
Para quem vai para o mar, existem ainda mais belezas: as ilhas que servem de referência aos navegadores e a entrada de quem vem para o Rio de Janeiro pelo mar.
Se pegarmos uma extensão ainda um pouco maior, contando com o litoral de Niterói, são aproximadamente 15 ilhas em uma distância de aproximadamente 50 milhas náuticas, ou 80 quilômetros.
São tesouros no mar, uns mais pertos, outros mais longe; uns com desembarques fáceis, outros nem tanto; e outros apenas com ancoragem. Porém, todas com seus encantos e, na maioria das vezes, águas cristalinas.
Vale lembrar que em muitas delas o desembarque, com o passar dos anos e a criação do projeto MoNa Cagarras, passou a ser proibido e devemos respeitar.
Explorar todas essas ilhas era um objetivo. E quem primeiro realizou essa façanha, bem antes das canoas polinésias e dos SUP’s, foi o pessoal do CCC, Clube Carioca de Canoagem.
Nomes como o comandante Rodrigo Magalhães (In Memorian), Pedro Ceglia, Simone Duarte, Leticia Lana, Marquinho, Bruno Fitaroni, e muitos outros que não caberia aqui, já chegavam lá com toda a segurança, planejamento e voltavam com muitas fotos e muitas histórias.
Portanto, na verdade, entre os esportistas (digo isso pois antigamente os índios iam a essas ilhas) quem primeiro chegou lá foi a galera do CCC.
Respeito e admiração por eles que com a aproximação dos dois grupos de remadores passavam as rotas, o conhecimento para quem quisesse acompanhá-los.
Em Niterói, a canoa polinésia chegou cerca de quatro anos depois do Rio de Janeiro, com o clube Niterói VA’A, fundado pelo Marcelo Depardo.
Os remadores de Niterói tinham ligação com o Carioca VA’A e rapidamente começaram a estreitar as relações.
As remadas iniciais longas eram até a Fortaleza. Tudo era novidade: remos, canoas inteiriças, o conhecimento do mar. A grande maioria vinha do surfe ou de esportes de água ou, ainda, das corridas de aventuras.
Com o tempo, a vontade de sair da baia de Guanabara começou a bater cada vez mais forte na cabeça dos remadores, e aí para alguns, mais do que medalhas, a busca passava a ser ir a ilha mais distante. Ou seja, ficar mais tempo fora da civilização em remadas longas e de introspecção.
Em um tempo ainda onde a comunicação era precária em comparação aos tempos atuais, tudo se passava com amigos.
Lembro até hoje da primeira ida a Itacoatiara, muitos anos atrás, quando a gente na volta ficou muito feliz por ir remando à praia em que crescemos.
Depois viram as ilhas Cagarras, que eram um mito pois havia a fama do (vento) Sudoeste ser traiçoeiro em uma época de poucas previsões precisas.
Um grupo de grandes amigos, das duas bases do Marcelo Depardo, que se uniram lá.
Bruna Duarte, Eu, Tito, Bruno Couto, Bruno Campbell, Marcelo Depardo, Suzana Duarte, Pedro Ceglia, Raquel…
E a passagem na volta foi perfeita e voltamos mais uma vez completamente amarradões por termos chegado mais longe, em mais uma ilha do Rio de Janeiro!
Nessa época, em Niterói, só havia duas canoas: a Lohaki e a Holo Holo. Às vezes ainda dá uma saudade!
Bem, e aí quais seriam as próximas ilhas? Tinham as místicas Ilhas Maricás, que tanto da Praia Vermelha, quanto de Niterói, ficavam a mais de 20 MN (Minhas Náuticas), e que tanto havíamos ouvido sobre o desembarque, que era possível; havia, também, a trilha do farol, onde viviam bodes e que o mar era muito pesado. Portanto, tínhamos que nos planejar bem.
Além disso, havia as Ilhas Tijucas; a Ilha Rasa, que outrora já permitiram o desembarque e a visitação; a Ilha Redonda, tão distante da costa; e as ilhas mais próximas, como a Cotunduba (essa já bastante visitada pela galera que saía da Praia Vermelha), e é inesquecível um luau que fizemos lá com grandes amigos.
Hugo Sanchez, Carol e eu fomos na Lehua, a primeira canoa a vela do Brasil. Juntaram-se a nós Pedro Cegila, Chico Viniegra, Andre Penna, Bruninha Duarte, Suzana Duarte, Leticia Lana, comandante Rodrigo Magalhães… Que energia!
E durante algum tempo esses eram os rolés da galera. Quem saía de Niterói ia para Piratininga, Itaipu, ou para as ilhas Pai e Mãe.
Itacoatiara ainda era difícil, e ainda é, pois muitas vezes não há desembarque, mesmo em dias de mar flat.
A onda é extremamente poderosa e o fundo um tremendo quebra-coco. E íamos aprendendo com nossos erros. Passamos a estudar mais, e viver mais o mar de uma forma que era novidade para todos.
Como foi falado antes, a maioria vinha de outros esportes e as referências eram poucas.
Aquele ambiente era novo e a gente estava aprendendo a lidar com ele, como vale ressaltar, aprenderemos sempre.
Passamos a entender as dinâmicas dos ventos, como isso influenciava a canoa, e então as canoas individuais chegaram com mais força.
E isso possibilitou a autonomia. Não era mais preciso juntar seis para ir, bastava ir! E assim fiz minha primeira chegada à ilha redonda.
Na segunda parte dessa matéria, irei falar sobre o impacto da chegada das canoas individuais na exploração das ilhas da orla carioca e meu primeiro contato com baleias ao longo dessas expedições…
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Até breve!
Aloha!
Douglas Moura
Capitão amador