Caiçaras de Piratininga defendem sua tradição em ‘A Rota da Canoa’
Documentário "A Rota da Canoa" traça uma jornada às raízes da comunidade caiçara de Piratininga enquanto ... leia mais
Onipresente: aquilo ou aquele que pode ser encontrado em todos os lugares; que se está em toda ou qualquer parte. Essa é uma breve definição sobre o que a palavra onipresente significa.
Dias atrás estava pensando o quão o bodysurf se encaixa com esse adjetivo. Você pode ir a qualquer praia do mundo que certamente irá encontrar alguém utilizando o corpo para deslizar nas ondas e com elas fluir livremente, inclusive, os próprios animais o fazem.
Aliás, a fonte humana de inspiração para a prática do bodysurf veio justamente de animais como golfinhos e focas que, desde os primórdios, “brincam” nas ondas.
E é engraçado que o bodysurf é a base do surfe como já tratei anteriormente aqui nas colunas.
O leash estourou e você perdeu a prancha? Recupere mais rápido e com menos esforço a partir do bodysurf.
Percebeu que vai levar uma vaca? Usa o bodysurf como tantos fazem, assim como Lucas Chumbo fez recentemente em Mavericks.
Caiu em uma corrente de retorno? Ao invés de voltar à praia nadando exaustivamente, vire o jogo e utilize as ondas ao seu favor – olha o bodysurf aí de novo.
Se não bastassem todos esses exemplos que dei sobre a importância do bodysurf, a arte de fluir com as ondas se faz presente também na vida dos fotógrafos.
Maíra Kellermann, uma das fotógrafas mais talentosas que há no mundo do surfe e da água em geral, pratica bodysurf.
Amante do longboarder, Maíra curte surfar de bodysurf e garante que além do condicionamento físico proporcionado, esse esporte facilita o dia a dia de seu trabalho nos mais diversos aspectos, assista aqui para saber mais:
Fotógrafa profissional há 10 anos, Maíra já rodou pelos mares do mundo e atualmente mora em Fernando de Noronha.
Seu forte são os ensaios subaquáticos e a fotografia de surfe em geral, explorando ângulos surpreendentes que captam toda a essência do momento.
A propósito, Maíra já fotografou grandes eventos de surfe como o WQS Fernando de Noronha e a etapa de Saquarema da WSL.
“O bodysurf é essencial na minha profissão porque ele trabalha a aquacidade, o posicionamento no mar, furar as ondas… O bodysurf e a fotografia aquática estão interligados, eles caminham juntos”, conta a fotógrafa.
Além de Maíra Kellermann, outros fotógrafos profissionais enxergam o bodysurf como ferramenta imprescindível para um bom trabalho fotográfico como o carioca Marcelo Piu, que desde os 14 anos pratica o esporte.
“Bodysurf é uma das coisas que mais amo dentro d’água além de fotografar. E a correnteza entra como o maior desafio externo na fotografia, já que acaba tirando o fotógrafo da posição ideal no mar e cansando o profissional. Então o bodysurf me ajuda muito”.
Laurent Masurel, bodysurfer que já conquistou o 4º lugar no tradicional Pipeline Bodysurfing Contest, que firmou seu lugar na fotografia profissional em 2000, revelou:
“Eu pratico bodysurf desde jovem e sou apaixonado por fotografia, por isso fez sentido experimentar e misturar as duas coisas. Costumo me sentir confortável em ondas grandes por causa dessa minha experiência no mar”.
Michele Roth, outro grande nome da fotografia de surf, chegou em Fernando de Noronha em 2004 e começou a trabalhar com fotografia subaquática no mergulho em outubro de 2004.
Desde 2008 Michele registra momentos alucinantes em Noronha e reconhece a importância do bodysurf para a fotografia:
“Acredito que o bodysurf ajuda muito a saber o melhor lugar para fotografar, ter uma melhor leitura de onda e saber se posicionar. Além de ficar tranquila em relação aos caldos, outro ponto positivo é o preparo físico e respiratório que estão envolvidos em surfar somente com nadadeira.
E isso se assemelha muito a fotografia, onde você se desloca a todo momento apenas com o auxílio da nadadeira e segurando a câmera”.
Impressionante ler esses depoimentos e ver como o bodysurf é tão onipresente a ponto de estar diretamente ligado à fotografia, uma profissão que exige muito fisicamente em busca de uma coisa: eternizar um momento especial através das lentes.
Por isso, deixo aqui o meu agradecimento a todos os fotógrafos que conheço e aqueles que ainda não conheço. Vocês são essenciais, pois um mundo sem a arte da fotografia nunca estará completo.
Aloha!
Letícia Parada
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