Travessia Santos x Bertioga | 34 km de remada no litoral paulista
Grupo de remadores de SP se reúne para realizar travessia de 34 km pelas águas do canal que liga as ... leia mais
No início de janeiro, os remadores Natalia Valega e Alex Foizer realizaram a circunavegação da “Ilha de da Magia”, Florianópolis, à bordo da OC2 (canoa havaiana para duas pessoas) “Lana”.
No total, foram 132 km percorridos em três dias. No trajeto, as paisagens estonteantes da “Ilha da Magia” e suas quase 100 praias, e um downwind épico, feito com a ajuda de uma vela improvisada por Alex, originalmente usada para o skate, e que foi perfeitamente adaptada à canoa.
A seguir, o diário de bordo escrito por Natalia:
Nossa jornada da Volta à Ilha da Magia em OC2 começou na segunda feira dia 4 de janeiro de 2021, saindo da Barra da Lagoa até a cachoeira do Bom Jesus.
A estratégia foi feita a partir da decisão do dia em que teríamos vento nordeste mais forte para fazer a “perna” de descida pela costa oeste da ilha.
Como tínhamos o vento a nosso favor na terça feria dia 5, precisaríamos chegar até a Cachoeira do Bom Jesus na segunda feira, para deixar a Lana (OC2) preparada pra nossa saída com downwind no dia seguinte.
Então, na segunda feira, saímos de casa às 3 horas da manhã rumo à Base da Kanaloa no Canal da Barra da Lagoa.
Já na saída de casa, uma chuva leve começou, mas estávamos confiantes de que o clima iria melhorar.
Chegando à Barra da Lagoa, ainda escuro, o tempo estava instável. Enquanto preparávamos os equipamentos, analisávamos para tomar a decisão se sairíamos ou não naquele dia.
Decisão difícil, pois a vontade de começar a travessia é muito forte, ainda mais sabendo que no dia seguinte teríamos a condição perfeita de downwind no trecho a ser traçado.
Com o dia amanhecendo, víamos algumas nuvens formadas, aparentemente sendo deslocadas pra longe, com um vento nordeste moderado. Tomamos a decisão de fazer nossa saída.
Exatamente as 6h, começamos a remada. Logo no início, o sol já estava forte e o tempo começou a se estabilizar. As nuvens já passavam dali pra longe. O mar estava grande, ondulação leste e sudeste, o que exigiu delicadeza da nossa remada para deslocamento da canoa.
Uma das dificuldades desse trecho é a distância grande sem lugar pra aportar.
Na chegada à Ilha das Aranhas, tudo estava bem, dali em diante começou a ficar mais tenso. O ponto mais crítico, entre a Ponta dos Ingleses e a Ilha do Badejo, exigiu muita concentração e resistência.
Ponto onde correntezas de todos os lados se cruzavam. Estávamos ali no meio, na resistência de estabilizar a canoa.
Passado esse ponto, fizemos uma parada próximo à Ilha Mata Fome pra nos alimentarmos, hidratar, traçar os planos. Ainda tínhamos um bom trecho pela frente. Continuamos a remar e ainda o mar mexido, decidimos parar na Lagoinha do Norte pra podermos colocar os pés na areia. Dali seguimos até a Cachoeira do Bom Jesus, na base da Kanaloa, finalizando nosso primeiro dia, 36,2 km em 7 horas.
O segundo dia, terça feira, já saímos de casa um pouco mais tarde, pois sabíamos pela previsão que o vento nordeste começaria a intensificar após o meio dia. Começamos a remada às 10 horas.
Nossa primeira parada foi logo ali na Ilha do Francês, dali seguimos com vento Norte até a Ponta da Daniela.
Alí paramos e o vento nordeste tão aguardado estava começando intensificar. Começamos a nos preparar para iniciar com a vela adaptada com cabos.
Navegando com a vela, traçamos uma linha até a Ponte Hercílio Luz. Pegamos uma boa velocidade até lá, e ali fizemos mais uma parada.
A partir deste ponto pegamos um downwind incrível, que nos deu uma velocidade tão boa que decidimos prolongar nosso trecho até a Caieira da Barra Sul, pois a princípio não sabíamos como seria nossa remada com a vela e o ponto de chegada seria o Ribeirão da Ilha.
Totalizamos então, nesse dia, 54 km em 7 horas e 15 minutos.
Decidimos tirar o dia seguinte de descanso pois a previsão não era muito boa para a manhã seguinte.
O plano para o próximo dia de remada era sair da Caieira da Barra Sul e ir até a Armação. Estávamos focados na melhor estratégia de passar a praia de Naufragados, era nossa preocupação maior a princípio de tudo. Estudamos bem e decidimos ir no dia em que todas as condições fossem favoráveis.
E na quinta-feira, dia 7, saímos as 8 horas e 30 minutos com as condições perfeitas, céu aberto, ondulação de leste com menos de 1 metro, pouco vento, que foi se intensificando no decorrer da manhã, vindo de Sul.
Nossa passagem por Naufragados foi bem tranquila nesse dia, dadas as condições favoráveis. Fluiu tudo tão bem que decidimos completar nossa travessia nesse dia mesmo, indo até a Barra da Lagoa.
Fizemos uma parada ali mesmo na agua para verificar e analisar o quanto tínhamos de comida e água, pois nos programamos para levar menos. Mas tudo estava a nosso favor. Retornamos a remada e paramos na Ilha do Campeche para mergulho, alongar, comer e recarregar as energias.
Já passava do meio dia e o sol estava bem intenso, continuamos a remada e por volta das 14 horas já estávamos passando pela Praia da Galheta, onde já sentimos a chegada próxima.
Após 6 horas e 43,2 km desse dia, finalizamos nossa travessia na Base da Kanaloa no Canal da Barra da Lagoa, com direito a recepção da nossa parceira de apoio em terra de todos os dias de remada, Miriam, nos esperando com 3 geladas. Só comemoração. Volta à ilha totalizando 133,4 km em 20 horas e 15 minutos.