
CBVA’A confirma realização do Mundial de Va’a Distance no Brasil em 2025
CBVA’A confirma realização do Mundial de Va'a Distance no Brasil em 2025. Evento será realizado no Rio de ... leia mais
Nos últimos dois meses, três incidentes envolvendo canoas polinésias à deriva no mar aconteceram entre Niterói e Itaipu. Três. Mesmo com alertas da Marinha, com aplicativos indicando ressaca, com o vento uivando avisos no ouvido, houve clubes que optaram por se expor a essas condições.
O problema não é falta de informação. A previsão está ali, na palma da mão. É uma questão muito mais delicada, pois nos dá a impressão de que essas decisões são influenciadas pela vaidade. Aquele papo de “vamos assim mesmo”, “só até a boca da baía”, “a gente volta rápido”. Ninguém quer ser o chato que cancela o treino, o responsável que diz “hoje não dá”. É mais fácil fingir que tá tudo bem do que encarar a responsabilidade de proteger quem confia em você.
Mas não adianta fingir. Porque o mar cobra — e cobra com juros. Ele não perdoa imprudência e não respeita arrogância. O mar exige respeito. E quem não respeita, cedo ou tarde, aprende na marra.
“Este é também um alerta para os muitos clubes de va’a que realizam um trabalho sério, dedicando-se a proporcionar uma experiência segura e incrível aos seus alunos.”
Está mais do que na hora de parar de romantizar o “vai dar certo”. Porque nem sempre dá. E quando não dá, não tem replay, não tem segunda chance, não tem desculpa. Só o silêncio pesado de quem viu que errou. E aí fica a pergunta: valeu a pena desafiar o mar?
Enquanto houver clubes agindo com imprudência, que não priorizarem a preparação adequada e a segurança dos alunos, novos incidentes vão continuar surgindo. Não é azar. É negligência.
Este é também um alerta para os muitos clubes de va’a que realizam um trabalho sério, dedicando-se a proporcionar uma experiência segura e incrível aos seus alunos. A repetição de incidentes como estes pode, infelizmente, gerar consequências para todo o esporte, como a imposição de regulamentações excessivamente rígidas por órgãos externos. Medidas que, criadas sem o devido conhecimento sobre a prática da canoa, poderiam comprometer justamente a experiência segura e autêntica que esses clubes se esforçam para oferecer.
O mar segue gritando. Alguns escutam. Outros tapam os ouvidos e torcem pra dar tudo certo. Até o dia em que não dá.