Lentos nada, lendários sempre!

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lendários da canoa
Veteranos da Master Va’a, da esq. para dir.: Carlos Michelucci, Luiz Coelho e Michael Coleman – o tempo, no mar, não passa; ele “rema”. Foto: Luciano Meneghello

Tem gente que acha que o tempo passa. No Va’a, o tempo rema. E os “velhos”? Ah, esses não passam, eles permanecem. Enquanto a juventude ainda está lutando com o despertador às 4h30 da manhã, o “vovô” do clube já está de colete, remo na mão e um sorriso no rosto que diz: “Hoje eu vou remar leve.” Spoiler: nunca é leve. E, por algum mistério cósmico, ele sempre chega antes de você.

O Va’a é, sim, um esporte de “velhos”. E que bom que é. Porque só quem tem tempo de vida nas costas entende o valor de acordar cedo, ver o dia nascer e remar em silêncio, sem pressa, sem ego e com uma sabedoria que parece ter vindo com o vento. Os jovens querem adrenalina, selfie, relógio inteligente e legenda motivacional. Os “velhos” querem mar liso, boa companhia e o café depois da remada. E, sinceramente? Eles estão certos.

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Quando um remador mais velho senta na sua canoa, respira. Não subestime. Não ache que vai ser passeio. Dez minutos depois ele já vai estar ditando o ritmo, ajustando o sincronismo e te lembrando — na prática — que técnica é o que sobra quando o corpo já não precisa provar nada pra ninguém. Eles não falam sobre tempo. Eles são o tempo. Cada puxada deles carrega maré, memória e muita humildade.

Nas competições, o show se repete. O jovem chega com o remo novo, o colete alinhado e o ego no talo. O “velho” chega com o boné desbotado e uma calma de quem já viu de tudo. A bandeira levanta. O jovem explode. O velho flui. E quando a linha de chegada aparece, é o “vovô” quem cruza primeiro, de leve, como quem só foi ali dar um passeio.

Esses caras são os verdadeiros guardiões do Va’a. Eles mostram, todos os dias, que remar não é sobre músculo, é sobre alma. Que disciplina vale mais que disposição. Que acordar cedo não é sacrifício, é privilégio. E que a idade, na verdade, é só uma desculpa pra quem parou de sonhar.

Por isso, quando um veterano sentar na sua canoa, respeite. Ele carrega histórias, dores, conquistas e uma coragem que o mar reconhece de longe. Acolha, aprenda, observe. Porque talvez aquele “velho teimoso” esteja te ensinando o que realmente importa: que o mar não respeita idade — respeita atitude.

No fim, o que envelhece não é o corpo, é o ego. O corpo, se tiver propósito, continua remando. E esses “velhos” seguem ali, firmes, remando contra o tempo, contra o vento e contra qualquer ideia de que envelhecer é parar.

O Va’a é o esporte dos velhos mais incríveis do mundo. Daqueles que já entenderam que remar é viver.

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