Jornada Aquática: Uma fascinante experiência de Canoa Polinésia em Portugal

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Canoa polinésia Portugal
George Noronha (à esq., em destaque) relata a experiência de remar de va’a em Portugal e de participar de uma clínica de leme organizada pelo clube Taho’e Club. Foto: Arquivo pessoal

Nos dias 17 e 18 de fevereiro de 2024 tive o privilégio de participar de uma incrível experiência de Canoa Polinésia em uma das regiões mais belas de Portugal, o Algarve, na III Clínica de Leme! O evento foi um oferecimento da Taho’e Club e reuniu participantes de quase todas as escolas de Canoa Polinésia baseadas em Portugal: Aukai Canoe Club, Kahu Moana Va’a Club Lisboa Va’a, CNOCA, além de claro, dos anfitriões, Taho’e Canoe Club, representada pelo seu fundador, Prof. Dr. Diogo Pitoco.

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O local escolhido foi o Clube de Canoagem Castores do Arade, em Lagoa, Sul de Portugal, na paradisíaca Região do Algarve. O Clube preparou uma calorosa acolhida a todos com muita hospitalidade, o que colaborou para que se instalasse uma atmosfera de camaradagem, favorável ao aprendizado e troca de experiências entre os quase trinta participantes presentes.

Para mim que estava tendo o primeiro contato com as técnicas de Leme foi uma oportunidade única de iniciar um rico aprendizado em um dos mais especializados e importantes papéis em uma canoa havaiana, o Leme, com pessoas bem experientes. A começar pelo palestrante, o Prof. Dr. Diogo, mais conhecido como Pitoco.

Canoa polinésia Portugal
Prof. Dr. Diogo, mais conhecido como Pitoco, durante a clínica de leme. Foto: George Noronha

Não é nenhuma novidade entre a comunidade mundial dos esportes radicais que Portugal tem se consolidado como um dos principais destinos para surfistas do mundo inteiro, sobretudo para os caçadores de ondas gigantes. Há cerca de 15 anos, em uma visita à casa do Big Rider Danilo Couto, no Havaí, ele me disse que Nazaré seria a nova fronteira do Big Wave. E nos últimos anos o que temos visto são sucessivas quebras de recordes mundiais de Maior Onda Surfada acontecendo neste palco vibrante. Que por sinal, para mim, é o melhor lugar do mundo para se presenciar o espetáculo do Big Surf. Como falei, Danilo Couto me disse isso há 15 anos. Mas, há 20 anos atrás ninguém poderia imaginar que Portugal se tornaria a Meca do Big Surf Mundial atraindo todos os grandes nomes dessa modalidade transformando os rumos desse lugar.

Mas, não foi apenas o Big Surf que descobriu em Portugal um lugar privilegiado. Particularmente, desde que fiz minha primeira surf trip por aqui, no ano de 2016, percebi de imediato que Portugal era uma espécie de Hawaii de águas geladas. Por aqui podemos encontrar uma variedade quase infinita de picos e estilos de ondas, desde Supertubos em Peniche ou Ericeira, até ondas mais desconhecidas, mas não menos entusiasmantes, como Cabedelo em Viana do Castelo, Costa da Caparica e centenas, senão, milhares de outros picos espalhados de Norte a Sul do país, configurando uma extensa malha de opções de surf para todos os gostos e níveis.

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George Noronha colocando os ensinamentos em prática. Foto: Arquivo pessoal

Mas, como nada na vida é perfeito, aqui o grande limitador é a água gelada, que na minha opinião de cearense acostumado com a temperatura da água em torno de 30 graus o ano inteiro, dificulta que o país se transforme em um destino popular do surf carreando milhares ou até milhões de surfistas para suas praias, como vimos acontecer na Indonésia. (Bem, alguns, sobretudo os surfistas locais, definitivamente não são os principais entusiastas da ideia). De qualquer forma, a cultura do surf tem se espalhado e se desenvolvido muito em Portugal e uma das provas disso é o franco crescimento da prática de Canoa Havaiana em todo o país. E detalhe, impulsionado por brasileiros. Sim, pois, todas as escolas de VA’A em operação em Portugal, ou pertencem a brasileiros, ou são conduzidas por brasileiros. Sem falar que, até onde eu sei, todas as canoas em operação, ao menos as OC6, foram fabricadas e importadas do Brasil.

Voltando ao evento, a III Clínica de Leme de VA’A realizada pela TAHO’E Canoe Club reuniu entusiastas e praticantes de canoagem polinésia das escolas de VA’A portuguesas, na sua grande maioria brasileiros, proporcionando uma oportunidade única de aprimorar técnicas e compartilhar conhecimento sobre essa modalidade tão cativante. O Prof. Dr. Diogo Pitoco, renomado instrutor e atleta da modalidade, conduziu a clínica com um generoso espírito de entrega, disponibilizando valiosos conhecimentos e orientações práticas para os participantes, obtidos em anos de prática, pesquisa e estudo do assunto.

Canoa polinésia Portugal
Clínica reuniu participantes de quase todas as escolas de Canoa Polinésia baseadas em Portugal. Foto: George Noronha

A atmosfera de troca, camaradagem, entusiasmo e sobretudo paixão pela canoagem polinésia marcou o evento, tornando a 3ª Clínica de Leme uma experiência enriquecedora e memorável para todos os presentes. E para mim em particular, representando um marco nessa nova área do conhecimento esportivo, que é a curiosa, importante e empolgante prática do leme. Foram dias de muito conhecimento e aprendizado que nunca vou esquecer e eternamente serei grato por ter tido essa oportunidade aqui em terras, ou melhor, em águas lusitanas, apesar de frias, muito acolhedoras. E torço para que a cultura polinésia possa continuar a crescer ordenadamente no país levando a todas as suas praias a alegria, o companheirismo, a camaradagem e todos os reais valores emanados pelos espíritos Aloha e Iaorana, que a cultura polinésia ajudou a espalhar pelo mundo.

Agradecimentos especiais Taho’e Canoe Club, Clube de Canoagem Castores do Arade, Câmara do Município de Lagoa, Anderson Peixe e Quinta Isaura em Odiáxere, do amigo Miguel Fernandes.

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