Primeiros passos no surfe de SUP Race
O surfe de SUP Race não é exatamente fácil, mas a boa notícia é que com algumas dicas e treino é possível ... leia mais
Olá leitores do Aloha Spirit Mídia, estão prontos para mais um assunto sobre o nosso querido va’a?
Nos últimos artigos falamos bastante sobre montagem de uma canoa polinésia e também sobre os aplicativos que podemos usar para fazer uma remada segura. E desta vez, resolvi escrever sobre as técnicas de fazer leme. Um assunto muito importante e também muito vasto, então não espere que lendo somente este artigo você poderá sair fazendo leme em uma canoa polinésia. Isso é somente uma degustação, ok?
Vou começar fazendo algumas perguntas:
Você costuma ler nossos artigos desde o lançamento do curso de va’a? Você já leu o livro do amigo Douglas Moura? Já pensou em fazer algum curso para entender melhor nosso esporte e tudo que envolve nossa prática? Se alguma resposta for não, cabe uma reflexão sobre ser um “leme” ou sobre sua vontade de um dia conduzir uma canoa polinésia. Mesmo que você já seja um leme experiente, é sempre positivo ler e pesquisar sobre o assunto para manter-se atualizado ou para ter uma perspectiva diferente da sua.
Aproveite a dica e leia os artigos anteriores dentro da sua ordem cronológica, tenho certeza que você vai se surpreender: acesse aqui.
Então, vamos lá!
Dentro do nosso curso, escrito especialmente para o site do Aloha Spirit Mídia, falamos bastante sobre as funções de cada banco.
Acesse aqui caso ainda não tenha lido ou queira relembrar o assunto.
Agora vamos entender como fazer o correto direcionamento de uma canoa polinésia. Esse direcionamento é realizado através do banco 6, executando uma função de “leme”. Esta função realizada pelo leme, pode ser entendida como “navegar”.
Navegar, no sentido simples da palavra e dentro do nosso contexto é “conduzir uma embarcação em segurança entre dois pontos”. Este simples conceito, não pode ser entendido como uma simples função de um banco na canoa. Devemos entender que, navegar e fazer o leme em uma canoa polinésia, é uma função de extrema responsabilidade. Sair para navegar com uma canoa, onde obrigatoriamente outras pessoas estarão embarcadas, exige muito cuidado, preparo e estudo.
Saber fazer o leme de uma canoa, não é o mesmo que liderar. Geralmente fazer o leme, desperta a função de liderança, mas devemos estar atentos que liderar não é algo escolhido por uma pessoa, mas sim por um grupo a ser liderado por alguém. O líder precisa saber não somente comandar, mas precisa saber ouvir, dar o exemplo e não estar dotado de ego e vaidades.
Conforme você viu no artigo número nove, o banco 6 precisa estar sempre em alerta, garantindo uma navegação segura. Ele precisa entender de condições meteorológicas como previsão de vento, chuva, raios, além de condições e regras básicas de navegação. No artigo de número onze, é abordado mais sobre segurança e como se preparar para remar de forma segura.
Para fazer o leme de uma canoa polinésia, existem algumas técnicas, como por exemplo, espetar/cutucar o remo na lateral da canoa e remadas laterais com certas angulaturas. Vamos ver a seguir.
Fazer um leme passivo, é direcionar a canoa sem estar remando, ou seja, o banco 6 precisa parar de remar para fazer o correto direcionamento da canoa. Uma das formas utilizadas para fazer este direcionamento é através da técnica que muitos clubes chamam aqui no Brasil de “espetar” o remo, ou também chamado de leme tipo “faca”. Em seu livro (Outrigger Canoeing The Art and Skill of Steering), Steve West apresenta o conceito de leme passivo como “poke”, ou seja, cutucar o remo na lateral da canoa.
A técnica se resume em espetar o remo de leme no mesmo lado de onde se quer direcionar a canoa, ou seja, se o leme deseja direcionar a canoa para a direita ele deve espetar seu remo na lateral direita da canoa. O mesmo deve ser feito para direcionar a canoa para o lado esquerdo, espetando o remo neste mesmo lado.
Uma variação de técnicas pode ser usada para melhor direcionar a canoa, espetando o remo mais ao lado do corpo do leme, mais para trás ou para frente, em diferentes angulaturas, além de, regular o quanto você afunda a pá do remo de leme. Uma força de alavanca também pode ser usada, inserindo o remo mais para o fundo da canoa e pressionando o cabo do leme na borda (mo’o) de forma mais intensa, por exemplo. Esta técnica de leme passivo, só terá efeito no direcionamento da canoa se ela estiver em movimento. Quanto maior for a velocidade da canoa, maior será a resposta com a técnica de espetar o remo. Com a prática, cada leme vai adicionando técnicas específicas em seu formato de lemear de forma passiva.
Fazer um leme ativo, é direcionar a canoa enquanto se está remando, ou seja, o banco 6 rema e ao mesmo tempo consegue direcionar a canoa para o sentido que deseja, em muitos clubes essa técnica é chamada de “caçar”. Para fazer isso, o banco 6 precisa remar em diferentes angulaturas com base na lateral da canoa. Quanto maior for essa angulatura, maior será a ação de “puxar” a popa da canoa para o lado oposto que se aplica a força de puxada. Desta forma, se o leme deseja direcionar a proa da canoa para a direita ele deve “caçar” do lado esquerdo da canoa, enquanto que, para direcionar a canoa para a esquerda o leme deve “caçar” do lado direito.
Um bom e experiente leme, sempre deve realizar o direcionamento da canoa pensando em não frear ou criar um arrasto durante esta ação de direcionamento e correções, isto porque, quanto mais arrasto for ocasionado pelo leme, maior será o esforço dos outros remadores. Geralmente o leme passivo (espeto/faca) cria um arrasto maior, então os lemes podem direcionar a canoa fazendo o leme ativo, caçando e puxando a popa da canoa enquanto estão remando.
Esta forma de se fazer leme também deve ser utilizada quando a canoa estiver parada e/ou em baixa velocidade, geralmente em momentos de ancorar a canoa em terra ou em um trapiche, isso porque, o leme em espeto/faca não tem efeito sem velocidade. Conforme falamos no artigo número nove, neste momento o banco 1 pode ajudar neste movimento, fazendo o que chamamos de leme de proa.
Resumidamente, para fazer o leme ativo você deverá remar lateralmente e com uma angulatura proporcional a correção de direção desejada. A remada em 45º teoricamente é a mais indicada, mas essa angulatura pode variar de acordo com as correções de direção. Podendo variar até mesmo para uma remada em 90º, onde aqui cabe uma observação, a posição em 90º pode ser utilizada de forma dinâmica ou estática.
Na forma dinâmica, o leme aplica remadas sequenciais para direcionar a canoa, geralmente usado com a canoa em manobras com baixa ou nenhuma velocidade. Agora a posição em 90º estática, consiste em travar o remo de forma lateral e distante da borda da canoa, onde este movimento irá trazer a popa da canoa para esta direção. Veja abaixo alguns exemplos de leme ativo.
O que geralmente um leme faz é uma união de diversas técnicas para melhor direcionar sua canoa enquanto está remando. Sempre procurando não “frear” ou provocar um arrasto no momento de fazer uma correção de direção. Muitas vezes, o banco 6 não irá conseguir remar dos dois lados, onde a cada duas ou três remada ele terá que fazer uma correção de direção sempre do mesmo lado da canoa mesclando as técnicas de leme ativo e passivo.
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Entenda que fazer leme sempre será um desafio e da mesma forma que os outros bancos, o remador sempre estará em processo de aprendizagem e evolução. Não pense que este simples artigo é suficiente para você sair com uma canoa e diversos remadores para qualquer tipo de remada, lembre-se da “kuleana”.
Você precisa também saber as regras marítimas. Então faça um curso de arrais amador que o habilite a conduzir embarcações de pequeno porte nos limites da navegação interior. Navegar sem arrais é como se você estivesse dirigindo seu carro sem a devida habilitação.
Você como leme, capitão, instrutor de um clube ou proprietário de uma canoa polinésia precisa conhecer em profundidade todos os detalhes destes artigos que estamos publicando, bem como, estar sempre desenvolvendo seus conhecimentos. Leia os livros que indico abaixo nas referências bibliográficas, procure um curso de formação de condutores de canoa polinésia em algum clube.
E lembre-se, estude não somente para saber “fazer o leme” de uma canoa polinésia, mas para principalmente “ser um leme”.
Espero que tenham gostado de mais este artigo!
Um Big Aloha pra todos e nos vemos em breve…
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