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Aloha Galera! Prontos para mais um artigo? Estamos quase chegando ao fim desta inédita série de artigos trazendo muito conhecimento sobre va’a. Vamos juntos ampliar nossos conhecimentos e compartilhar estes artigos com todos os nossos amigos remadores? Um ótimo estudo para todos.
Nos artigos passados você estudou sobre muitos assuntos que envolvem o mundo do va’a e agora chegou o momento de estudar sobre os remos. Neste décimo terceiro artigo você irá aprender sobre a principal ferramenta de um remador, sem o remo seria impossível movimentar uma canoa. Você vai aprender sobre a importância do remo, sobre a sua anatomia e sobre os tipos de fabricação, além de diversos detalhes importantes para qualquer remador de va’a.
Ao longo de todo o curso, em todo o momento o remo demonstra ser uma peça de fundamental importância para a prática de remada. O remo não é um ator coadjuvante no cenário do va’a, muito pelo contrário, ele é um dos atores principais. Seria impossível praticar a atividade de remar sem ter um remo, ou seja, é como querer jogar tênis sem a raquete.
O remo (hoe em havaiano) é formado em sua totalidade por diversas partes, que podem ser chamadas de diferentes nomes. No livro de Steve West, o autor apresenta uma figura identificando cada parte de um remo de forma bastante didática. Segundo West, as partes que compõem a anatomia de um remo podem ser chamadas de: empunhadura, cabo, pescoço, garganta, ombro e pá. Vamos verificar cada uma destas partes.
Empunhadura (handle): É a parte do remo onde o remador apoia sua mão de cima e aplica força tipo uma alavanca. O handle pode ter vários formatos, desde formas triangulares (remos antigos), arredondadas simétricas e assimétricas. Ele precisa ter um tamanho que fique confortável à empunhadura do remador, não ficando muito grande e também não muito pequeno.
Cabo (shaft): O shaft é a parte do remo que faz a união entre a empunhadura e a pá. Pode ter formato arredondado circular, arredondado ovalado, entre outros. O tamanho (altura) do remo é definido principalmente pelo comprimento do cabo, juntamente com a altura da pá somado à altura do handle.
Pescoço e Garganta: O pescoço é o nome usado para identificar a parte do remo que faz a união do cabo com a pá. Já a garganta, é o nome utilizado para identificar a parte do remo onde se faz a empunhadura da mão de baixo.
Ombro: O ombro é o nome utilizado para identificar a junção do pescoço com a pá. Os ombros já fazem parte da pá do remo. Geralmente modificações na linha de ombro aumentam a área de ação de um remo.
Pá (blade): É a parte do remo que realiza todo o contato com a água, fazendo com que a força aplicada em todo o remo pelo remador, seja transferida para a água, movimentando a canoa para frente.
Analisando o remo com mais detalhes, o cabo e a pá podem ter um formato que influenciam diretamente no rendimento dos diversos estilos e técnicas de remada. Conhecer estes detalhes irão auxiliar o remador a decidir pelo uso de um remo de determinado fabricante e/ou modelo.
Analisando a pá de um remo, existem diversos detalhes a serem considerados. O formato da pá não está limitado somente ao seu outline (contorno da pá), mas sim a um conjunto de situações, como por exemplo: fundos retos, com curvaturas, em V, com ou sem concave e acabamentos nas laterais da pá. Além disso, deve ser considerado a área de ação de uma pá, que nada mais é que, a relação entre a sua largura e sua altura. Quanto maior for a área de ação, mais água será deslocada e por consequência disto, mais preparo físico será exigido do remador.
Outro ponto a ser observado em um remo é o ângulo de ataque, que é justamente o ângulo que pode ser inserido entre a pá e o cabo. As diferentes variações de ângulo poderão auxiliar na técnica e estilo de cada remador.
Podemos verificar ainda que, ângulos podem ser incluídos não somente entre o cabo e pá, como também, na própria extensão do cabo. Com relação às angulaturas dos remos, podemos classificá-los em quatro características distintas, conforme descrito abaixo:
Cabo Reto (Straight): Possuem o cabo juntamente com a pá sem qualquer angulação, sendo totalmente retos do handle até o final da pá.
Single-band: São os remos que possuem um ângulo entre o cabo e pá (ângulo de ataque). Este ângulo permite um maior alcance no “catch”, além de permitir um maior tempo de pá na água e maior eficiência na retirada da pá.
Double-band: São os remos que possuem dois ângulos de ataque. Um na pá do remo, de forma tradicional e o outro no próprio cabo, da metade do cabo para a empunhadura. Foram concebidos com a finalidade de reduzir a fadiga da musculatura de braços e ombros.
Quad-band: São remos que possuem quatro ângulos por toda a sua extensão, criando um formato de “S” no cabo. Não tiveram muita aceitação do mercado de va’a.
O remo é tão antigo quanto as canoas que eram utilizadas pelo povo polinésio há mais de 3 mil anos. É compreensível que os primeiros remos foram fabricados da mesma forma que as canoas de koa pelos antepassados, ou seja, de um único pedaço de madeira e esculpidos a mão. Neste sentido, é natural que o remo possua um significado espiritual e místico, assim como as canoas antigas esculpidas pelos polinésios antepassados.
Na fabricação de remos de uma única peça, muitos deles se tornavam pesados, dependendo da madeira utilizada em sua confecção. Com o passar do tempo mais tecnologia foram adicionadas no processo de fabricação dos remos, como por exemplo, a união de diversos pedaços de madeira unidos com cola e prensados na técnica de marchetaria. Com a marchetaria, ficou possível utilizar madeiras diferentes, como por exemplo, uma madeira mais forte e resistente para o cabo até o meio dá pá e madeiras mais leves para as laterais, combinando com isso as cores dos diversos tipos de madeira.
Com o surgimento de novas tecnologias, como por exemplo, o uso de tecido de fibra de vidro e resinas de poliéster, os remos podiam ser fabricados com madeiras mais leves e revestidos com esse material. Um pouco depois, começam a surgir remos fabricados com carbono em sua totalidade, com o objetivo simples de tornar essa ferramenta mais leve e resistente.
Nos dias de hoje, os remos são fabricados praticamente em três opções, remos 100% em madeira, remos 100% em carbono e remos híbridos (madeira e carbono).
Remos de Madeira: Estes remos são produzidos utilizando madeira como matéria prima. Antigamente eram fabricados em uma única peça, onde o remo podia ficar muito pesado. Nos dias de hoje são confeccionados através da união de várias “tiras” de madeiras diferentes, que são coladas na técnica de marchetaria. Podem ser apenas envernizados, cobertos por uma camada de resina ou laminados com fibra de vidro e resina. Diferentemente dos remos de carbono ou híbridos, os remos de madeira feitos a mão são verdadeiras obras de arte.
Remos de Carbono: De fabricação mais recente, com uso de tecnologia em sua fabricação, são mais resistentes e leves. Da mesma forma que são bastante resistentes, devido as propriedades da fibra de carbono, eles são extremamente leves e isso pode ser positivo para remadas de longa distância. Algumas vezes a leveza do remo 100% em carbono pode se tornar desconfortável, como por exemplo, em dias de ventos fortes.
Remos Híbridos: Os remos híbridos reúnem as vantagens dos remos fabricados em madeira, com as vantagens dos remos fabricados em carbono. Geralmente o handle e shaft são de madeira e a pá de carbono, em outros casos o handle e a pá podem ser de carbono e somente o cabo em madeira. A pá pode ser fabricada primeiramente com madeira e revestida com carbono ou até mesmo com 100% carbono, sendo fabricada com a utilização de moldes. No interior da pá com 100% carbono, pode ser usado algum tipo de espuma ou outro material de preenchimento.
Entender sobre a anatomia do remo e as diversas opções de fabricação, vai servir para que o remador conheça o seu equipamento de uso individual. Este conhecimento poderá auxiliar o remador a escolher o seu modelo de remo de acordo com suas características de remada. E para escolher seu remo você vai precisar saber medir a altura correta.
Agora que você já sabe identificar as partes de um remo, as formas de fabricação e mais detalhes com relação a ângulos de ataque, você precisa saber como medir o seu remo de acordo com as suas características corporais. Remar com um remo não adequado ao seu tamanho pode causar lesões nos ombros e em outras articulações. Existem várias formas de se medir um remo, vamos verificar as três mais comuns de serem feitas aqui no Brasil.
Medida Sentado: Sente em um banco com altura aproximada da altura do banco da canoa. Estenda seu braço para cima e sem flexionar o cotovelo, posicione sua mão na mesma posição utilizada para remar, com ela em forma de “concha”. Se possível, utilize um remo com medidas próximas a sua para usar como base na medida. A altura correta do remo é medida da base do banco em que você está sentado até a empunhadura de sua mão. Utilize uma postura normal e relaxada, cuidando para não estender demais o braço e não subir o seu ombro.
Medida em pé lateral: Para fazer essa medida, fique em pé em uma posição normal, segure um remo com uma das mãos bem próxima da pá (no pescoço), estenda o braço (lateralmente) por completo mantendo uma postura ereta. A medida do remo deve ser feita até o seu mamilo que está mais próximo ao braço estendido, podendo variar para um pouco mais ao centro do tórax.
Medida em pé frontal: Para fazer essa medida, fique em pé em uma posição normal, com a coluna reta e descalço. Com uma fita métrica faça a medida do chão até o seu osso esterno (tórax), na parte inferior dele (no apêndice xifoide).
Finalizando o capítulo, entenda que a performance e o rendimento da remada são atribuídos ao remador e não ao remo. O remo será a ferramenta na qual o remador irá aplicar sua técnica e estilo de remada, mas não será o fator preponderante na performance e aproveitamento da mesma.
Neste artigo você estudou com detalhes as particularidades do remo de va’a, verificou as diversas partes que compõe o remo, os tipos de fabricação, detalhes mais específicos sobre os ângulos de pá e cabo e por último viu as formas de medir os remos. No próximo e último artigo desta série escrita especialmente para a plataforma do Aloha Spirit Mídia você irá aprender os detalhes das regras para competição.
Um big aloha e até a próxima semana!
WEST, Steve. Outrigger Canoeing The Ancient Sport of Kings – A Paddlers Guide. 2ª Ed. Batini Books, 2010.