Águas-vivas e caravelas: como lidar com as queimaduras

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Águas-Vivas e caravelas
Águas-vivas e caravelas possuem tentáculos cobertos por células que injetam toxinas venenosas que provocam lesões semelhantes às de uma queimadura. Foto: Nidhi Shah / Pexels

Incidentes envolvendo queimaduras provocadas por águas-Vivas e caravelas são muito comuns nos meses de verão.

E ainda que a maioria dos casos ocasione queimaduras leves, existem situações graves, sobretudo no contato com caravelas, que necessitam internação hospitalar imediata.

Nesse texto, iremos falar sobre as características desses animais marinhos gelatinosos e cuidados básicos de primeiros-socorros após a lesão decorrente do contato.

Águas-Vivas e caravelas

Águas-Vivas e caravelas

As águas-vivas e caravelas são animais marinhos que pertencem ao mesmo grupo (cnidários), cujos tentáculos são cobertos por células que injetam toxinas. 

Das espécies que povoam o litoral brasileiro, a mais perigosa é a “caravela” ou “caravela-portuguesa”.

O contato com uma caravela-portuguesa, mesmo depois de morta, provoca lesões na pele e no sistema nervoso. A picada é bem dolorida e causa desde coceiras e vermelhidão até queimaduras graves, de terceiro grau.

De tons meio azulados, róseos e até arroxeados, as caravelas-portuguesas encantam, especialmente as crianças. Os pequenos, aliás, são suas principais vítimas. E o contato na região torácica de crianças ou de doentes cardíacos com as toxinas das caravelas-portuguesas pode causar arritmia cardíaca. E, bem mais grave, parada cardiorrespiratória, que pode levar à morte.

Já as águas-vivas, possuem uma toxina bem menos agressiva, mas também provocam lesões na pele e a sensação de queimação.

Águas-vivas: são gelatinosas, com aspecto de guarda-chuva ou prato. Possuem tentáculos urticantes. Nadam na água, geralmente em grupo e, em sua maioria, são pequenas e inofensivas.

Caravelas: têm o corpo gelatinoso, de cor roxo-azulada, com uma parte semelhante a uma bexiga, visível acima da linha da água. Os tentáculos podem ter até 30 metros e são muito urticantes.

Níveis de gravidade das queimaduras

Acidentes leves:

  • Maioria dos casos. As lesões costumam regredir após 24 horas, deixando lesões eritematosas lineares que podem permanecer por meses.

Acidentes graves:

  • Cefaleia, mal-estar;
  • Náuseas, vômitos;
  • Câimbras;
  • Rigidez abdominal;
  • Diminuição da sensação de temperatura e toque;
  • Dor lombar grave;
  • Espasmos musculares, perda da fala;
  • Sialorreia (aumento da produção de saliva);
  • Sensação de constrição na garganta;
  • Dificuldade respiratória;
  • Arritmias cardíacas;
  • Paralisia;
  • Delírio e convulsão;
  • Em situações extremas, decorrentes do contato com doentes cardíacos, o efeito da intoxicação gera insuficiência respiratória e choque, ou por anafilaxia, podendo evoluir para um quadro de óbito.

O que fazer em caso de queimaduras por águas-vivas e caravelas

Águas-Vivas e caravelas
  • A vítima deve manter a calma e sair da água o mais rápido possível;
  • Não se deve tentar remover os tentáculos aderidos com as próprias mãos;
  • Em terra, faça a remoção cuidadosa dos tentáculos aderidos à pele, sem esfregar a região atingida;
  • Sempre use luvas na remoção dos tentáculos aderidos à pele da vítima;
  • Os tentáculos podem estar ainda carregados de veneno e inocular a toxina nas mãos do socorrista, fazendo dele outra vítima;
  • Lave abundantemente com água do mar;
  • Não utilize água doce, pois ela poderá estimular mais descarga da toxina;
  • É importante estar atento para a vítima que é resgatada da água em estado de euforia e com grande movimentação e que, de repente, torna-se calma e cooperativa;
  • Esta mudança brusca de comportamento pode significar uma séria manifestação de disfunção do Sistema Nervoso Central chamada choque neurogênico, causada pelo aumento nos níveis de intoxicação sistêmica.

Como retirar os tentáculos das águas-vivas e caravelas:

  • Não tente, de modo algum, remover os tentáculos aderidos com técnicas abrasivas, como esfregar toalha, areia ou algas;
  • Banhe a região com ácido acético a 5% (vinagre) por 10 minutos para desativar os tentáculos ainda íntegros e neutralizar a ação da toxina;
  • Remova suavemente os restos maiores dos tentáculos aderidos com a mão enluvada e com o auxílio de uma pinça;
  • Para retirar os fragmentos menores e invisíveis corte o pelo do local com um barbeador ou com uma lâmina afiada;
  • Pode-se aplicar espuma de barbear em spray, sem esfregar a região;
  • Lave mais uma vez com água do mar e reaplique novos banhos de ácido acético a 5% (vinagre) por 30 minutos;
  • Alguns autores demonstram que o resfriamento do local da lesão com bolsas de gelo reduz a dor local, enquanto outros contraindicam este procedimento;
  • A dor é, em geral, controlada por meio do tratamento da dermatite e com analgésicos sistêmicos.

Fontes: Medscape / Unesp / Dra. Keilla Freitas.

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