Aprendendo a montar sua canoa OC6: Amarrações de iaco x ama
Após falar sobre a montagem do casco principal, André Leopoldino fala sobre as amarrações do iaco com a ... leia mais
Olá queridos amigos leitores!
Na primeira parte deste artigo falei sobre o início das expedições de va’a rumo às ilhas da orla carioca.
Acompanhe a segunda parte e os primeiros encontros com grande amimais marinhos, como as baleias!
Era um domingo, dia 16/11/2011, e já remava no clube Praia Vermelha e minha canoa ficava lá.
Acordei cedinho para ver o sol nascer do mar e ir para as Cagarras. Me provisionei bem, bastante água e comida. E assim fui.
Quando cheguei nas Cagarras, ainda eram antes de 8 da manhã, e foi doido, alguma coisa esse dia me mandou ir mais. Olhei para a Redonda e fui, sem pensar muito, não sabia a distância, nada, apenas fui.
E chegar na redonda é uma experiência fantástica! Estava lá, uma ilha imponente, longe de tudo, a ilha mais oceânica da costa do Rio de Janeiro.
Muitos pássaros, muita vida, e um sentimento de ter ido (risos). Senti ser muito pequeno e grande, ao mesmo tempo, ali, naquele santuário.
Parei por muito tempo, e o vento sul entrou, me levando de volta para casa.
Com relação às Ilhas Tijucas, ela começou a ser mais visitada pela galera da canoa quando o Hugo Sanchez fundou a Halau, o primeiro clube de canoa da Barra da Tijuca.
Um lugar alucinante, de águas azuis nos dias certos e bem perto da Costa, mas o grande problema é a entrada e saída do canal da Barra.
Ali, mesmo nos dias flats, dependendo da corrente, pode ficar complicado. Portanto o conhecimento local para se navegar na região é um dos principais aspectos para se chegar nas ilhas Tijucas.
Para quem vai para as Ilhas Tijucas saindo da Baia de Guanabara (Rio ou Niterói), também das bases da Zona Sul, é um local que demanda atenção.
O vento predominante no verão, especialmente na parte da tarde é um Leste/ Sudeste, portanto, upwind na volta. E as ilhas tijucas ficam longe dos clubes da baia de Guanabara, pelos menos 10, 15 MN.
Já no inverno, apesar dos ventos Oeste/Sudoeste serem mais favoráveis para voltar, normalmente eles vêm acompanhados de frente fria e mar grande, o que torna perigoso a navegação e a ilha perde um pouco do seu charme.
Voltando para Niterói, faltava chegar nas ilhas Maricás e um belo dia 23 de dezembro de algum ano distante, decidimos ir para lá, eu e mais dois amigos, cada um em sua OC1.
O mar estava flat e saímos de Itacoatiara. De novo, não sabíamos direito o que encontrar pelo caminho, a distância direito, o desembarque e assim seguimos em um dia lindo de muito sol.
Essa remada marcou muito porque, acreditem, foi um encontro com baleias, a primeira vez que vi uma baleia tão de perto!
Passou pela gente uma mãe e um filhote e ficaram conosco, seguindo a nossa remada até um certo tempo, depois simplesmente seguiram seu caminho! Vejam o vídeo:
Era véspera de Natal e receber um presente desse de Deus, navegando pela primeira vez naquelas águas não tem como descrever o sentimento, que no inicio confesso que foi de bolação com aqueles bichos tão grandes, mas depois foi de pura magia!
Chegamos nas ilhas Maricás com água roxa! Tentamos chegar ao farol, mas nos perdemos e tivemos que voltar para as canoas! Passamos o dia todo lá, curtindo… e voltamos para casa.
Aquele lugar tinha nos abraçado! Já voltei para lá inúmeras vezes depois; passei Reveillon lá, já levei grupos… E é sempre irado ver a reação das pessoas ao pisarem lá!
Das ilhas da costa, portanto, ainda faltavam as ilhas zona oeste, que ficam em frente a prainha e o Grumari, além da Ilha Rasa.
Fomos na Halau buscar uma OC4 para levar para Niterói na sequência. A ideia inicial era colocar ela no surf, eu e Hugo Sanchez ali no canto direito da prainha e ficar se divertindo por ali. Colocamos a OC4 em cima do teto do carro e fomos como dava.
Chegamos na Prainha, montamos a canoa e tentamos umas marolas, mas estava realmente muito pequeno.
Então fomos remar e nenhum de nós conhecia as ilhas dali da frente… Pronto, decisão tomada. Ali são ilhas de pedra coberta por mata, mas não oferecem muitas opções de desembarque.
Vale a visita, mas é bem longe, portanto, são ilhas de passagem para quem vai para ilha grande, Guaratiba…
Depois de todas essas ainda faltava uma: a Ilha do Farol ou Ilha Rasa! Um longo caminho, uma reta alinhando o sentido perfeito 180º a 000º com a boca da barra, a entrada da baia de Guanabara.
Reunimos os amigos e fomos. O dia estava perfeito, sem vento, com sol. A primeira vez que se vai para algum lugar será sempre a mais dura, pois é o desconhecido. Chegar na Rasa tem dois grandes desafios: O primeiro é que é uma grande reta sem referência para ir quebrando a distância e a chegada lá não tem onde desembarcar.
Assim, se enjoar, se precisar esticar, se precisar desembarcar será um processo complicado. Como tem a base da Marinha, claro que em caso de necessidade o suporte será dado, contudo não se deve contar com isso.
Além disso em linha reta é a ilha que fica mais longe de qualquer ponto de terra, portanto, nadar para qualquer lugar em caso de necessidade torna-se um enorme desafio, além de estar em rota de entrada do canal da baia de Guanabara, um local de fluxo de grandes embarcações.
A ilha Rasa é linda demais! Suas encostas são virgens e tem muita vida, tanto marinha quando de aves! Hoje já levo comigo uma ancorazinha para apoitar e poder aproveitar o mergulho! Que lugar!
A Rasa foi outro lugar que já voltei outras vezes, e todas as vezes foram remadas duras, mas sempre remadas iradas! É um local forte, oceânico, profundo! Que demanda profundo respeito ao se decidir ir para lá.
E assim, com a chegada na Rasa tinha finalizado um objetivo que internamente havia absorvido quando comecei a remar lá em 2005. Chegar em todas as ilhas que conseguia enxergar!
Todas elas são mágicas, tem suas dificuldades, suas facilidades, e todas tem seus encantos! Explorar faz parte da Canoa Polinésia desde que ela existe. E a exploração sem pressa traz a conexão com o oceano.
No fundo, além de chegar nas ilhas, havia o caminho a se percorrer até lá. Um caminho que será sempre misterioso para quem passar nele pela primeira vez, mesmo que já se tenha ouvido falar muito, pois no mar nenhum caminho é fixo, constante.
No mar o mesmo caminho vai mudar cada vez que passarmos por ele, novas curvas, novas retas, novas ladeiras feitas pelos ventos, pelas tempestades, pelas calmarias.
A recompensa de se lidar com respeito é a conquista das ilhas!
Agradecimento a todos os amigos que foram comigo em algum momento nessas remadas e a Deus por quando sozinho sempre me guiar para voltar!
E você caro leitor, conte-nos um pouco da sua ilha especial, da sua conquista mais marcante e esperada! Qual foi sua dificuldade, sua facilidade, seu sentimento?
Aloha!
Douglas Moura
Capitão amador