A história do circuito brasileiro de va’a por Manuel Gil
Ex-supervisor do Comitê Nacional de Va'a da CBCa, Manuel Gil fala sobre a história institucional do ... leia mais
A quarta edição da Vodafone Channel, marcada pela quarta vitória consecutiva da Shell Va’a na história da competição, teve, também, um significado especial para a torcida sul-americana.
Este ano, igualmente pela primeira vez na história da Vodafone Channel Race, uma equipe formada por brasileiros e chilenos participou da prova.
A equipe sul-americana foi formada pelos brasileiros Fabio Valongo, Leonardo Pirozzolo, Gustavo Jacob, Andre Guerbatin e Robert Almeida, e pelos chilenos Matías Ortega Meza, Bruno Zlatar, Fernando Zegers e Juan Bostelmann Zordan.
A participação foi ainda mais especial porque a equipe usou uma canoa da Shell Va’a na prova. Aliás, não só na prova, como na semana de treinos.
Em contato com Fabio Valongo, ele conta que após a conclusão da Te Aito, remadores do Brasil e do Chile receberam o convite para participar da Vodafone Channel Race dos próprios organizadores. O remador da Itaipu Surf Hoe conta que então veio a informação de que eles iriam treinar e competir com uma canoa da Shell Va’a:
“Recebemos o convite dos organizadores para participar do desafio, juntamente com remadores do Chile, e então veio a notícia de que iríamos treinar e competir com uma canoa da Shell Va’a. Aí a emoção foi lá em cima!”, conta Fabio Valongo.
O remador de Niterói revelou que o convite foi algo realmente surpreendente, pois nunca antes na história alguma outra equipe foi convidada a usar uma canoa da Shell e treinar na mesma base da lendária equipe.
Patrick Moux, vice-presidente da Vodafone e patrocinador da Shell Va’a, foi quem fez o convite e garantiu que isso nunca mais será feito, com nenhuma outra equipe, mas que a ocasião era especial.
Nunca antes na história alguma outra equipe foi convidada a usar uma canoa da Shell durante uma prova no Taiti.
Segundo explicou Fabio, a vinda expressiva de brasileiros esse ano para competir no Taiti causou uma impressão muito positiva entre os taitianos:
“Todos sabiam que estávamos ali para aprender com eles, ninguém tinha a pretensão de fazer um grande resultado nas provas do Taiti, mas para aprender com os melhores, e isso eles respeitam muito”, revelou.
Sobre vivenciar por uma semana o dia a dia da Shell Va’a, Fabio conta que é difícil colocar em palavras:
“A Shell Va’a no Taiti é como a seleção brasileira de futebol pra gente. Todo mundo admira, usa a camisa na rua, então, estar ali, no centro de treinamento deles, usando a mesma estrutura, convivendo com os caras, é algo que vou levar pra vida toda”.
Sobre a famosa hospitalidade dos taitianos, Valongo diz que é real, principalmente se você demonstra humildade e interesse pela cultura deles:
“Tudo mundo acha incrível a gente vir de um lugar tão longe, como o Brasil, para participar de uma competição que é paixão nacional por lá, a va’a. Mas é legal dizer também que existe um choque cultural, principalmente na forma como eles organizam os eventos, as informações, não tem aquela tensão que estamos acostumados, tudo certinho, não… as coisas são mais leves, mas acabam funcionando. É um outro ritmo e você precisa respeitar isso também”.
“Temos muito o que aprender com os taitianos.“
Sobre a parte técnica, algo que realmente impressionou é a forma como os taitianos remam. “Parece uma remada leve, mas é muito forte, com muita pressão, eles realmente são mestres do esporte”, avalia.
Fabio acredita que essa experiência serviu para aproximar mais o Taiti do Brasil, pois a inusitada história da equipe “dos brasileiros” treinando no QG da Shell Va’a foi até mesmo tema de reportagem na TV taitiana.
“Durante a prova, todo mundo vinha falar com a gente, perguntava sobre o Brasil, nos trataram super bem. Acho que essa é uma nova fase que se inicia agora e temos que aproveitar essa aproximação”.
E no que depender dos brasileiros que viveram essa experiência, esses laços serão cada vez mais atados:
“Temos muito o que aprender com os taitianos. A va’a ainda está no início no Brasil, a técnica dos caras é absurda! Veja que caras como o Tupuria King, ficaram em 30º na Te Aito, então, é uma realidade que a gente precisa entender e vivenciar. Acredito que quanto mais brasileiros viverem essa experiência, a va’a crescerá muito em nosso país. É o sentimento que precisamos cultivar no Brasil, pois estamos começando, e o que importa é você estar aprendendo e, principalmente, unido”, pondera, “porque se a gente mantiver a calma e o respeito, ou seja, respeitar o organizador, o atleta, a mídia, as confederações, todo mundo vai querer estar junto e é o que acontece aqui, com grandes empresas apoiando o esporte”, finaliza.