Entrevista: Aline Adisaka fala sobre a prata na França e a preparação para o Pan de Santiago
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À frente da Confederação Brasileira de SUP desde a sua criação, Ivan Floater fala sobre os desafios enfrentados pela CBSUP no ano de 2018, onde os recursos em decorrência da pior recessão da história do Brasil se tornaram escassos, a saída do diretor técnico Magno Matozo, a transição do tamanho das pranchas para a categoria Elite em 2019, o papel dos amadores, entre outros assuntos.
A Race 14 pés será elevada ao status de Elite Profissional em 2019?
Temos como obrigação promover condições para que nossos atletas possam desenvolver o potencial esportivo com os mesmos equipamentos das competições internacionais. Portanto iremos seguir a regra internacional da ISA e APP (Entidades que regulamentam o esporte a nível mundial), que já definiram a 14 pés como sendo a prancha oficial na transição para a temporada 2019.
Ainda existe um pequeno movimento contrário ao uso da 14 pés para a categoria Feminino Profissional. Portanto, vamos aguardar se haverá alguma mudança de critério para essa categoria, pois acreditamos que devemos seguir e respeitar o que for decidido pelas entidades internacionais.
A regra valerá já para a primeira prova do ano? Como se dará essa transição?
Com certeza. Após as devidas atualizações e ajustes em nosso livro de regras feitas anualmente, no circuito 2019, já na primeira etapa, deverá valer a regra internacional.
Nosso maior desafio será dar condições para que o mercado tenha tempo de digerir essa mudança e para que os praticantes que optarem em continuar competindo de 12’6″ encontrem nas categorias amadoras o seu lugar ao sol.
Race Amador vai continuar na 12’6″?
Provavelmente vão ter duas divisões amadoras em 2019: a 12’6″ e a 14 pés.
Isso porque, ao contrário da categoria Profissional, onde, em tese, os atletas tem patrocínios, representam fabricantes de pranchas e participam de competições internacionais, onde a 14 pés já está estabelecida como prancha oficial, na categoria Race Amador, muitos não tem esse tipo de apoio e, portanto, acredito que seria mais sensato dar mais tempo para esses atletas se adaptarem à uma possível troca de equipamento.
Tem outra questão também que é o mercado. Não há coerência em uma canetada, excluir as pranchas 12’6” das competições e impor um prejuízo inevitável pela consequente desvalorização do modelo e ainda fazer com que o atleta da Race Amador não tenha condições de trocar de prancha, sem um planejamento a longo prazo.
Uma transição ponderada e democrática será boa para o mercado, pois vai movimentar bastante a fabricação de pranchas ao longo de 2019, sem desvalorizar as 12’6” que continuarão em atividade.
Como a CBSUP encarou a saída do Magno Matozo esse ano? (Magno atuava como diretor técnico para as provas de SUP Race desde o início da entidade. O posto foi assumido por João Renato)
O Magno, assim como todos os envolvidos na CBSUP, é um apaixonado pelo esporte e se entrega de corpo e alma ao que faz.
O esporte de forma geral e a entidade devem muito ao Magno. A responsabilidade e o desgaste em estar à frente da direção técnica do circuito brasileiro são enormes e o Magno, apesar de todas as dificuldades e remuneração incondizente com o trabalho realizado, abraçou esse desafio durante anos, até que no final de 2017 decidiu priorizar a família e seus projetos pessoais. Mesmo assim, continua trabalhando em prol do esporte e se dedica ao circuito catarinense que tem crescido a cada ano.
Nosso maior desejo é que o circuito brasileiro cresça e tenha estrutura e condições de retribuir o “legado Magno” à altura.
2018 tem sido o ano mais difícil da história da CBSUP?
Sem dúvida 2018 tem sido um ano difícil. Não só para a CBSUP, mas também para todas as entidades que gerenciam os chamados esportes “amadores” no Brasil.
É notório que poucas são as pessoas que dão valor e se interessam pelo o que já foi feito e sim pelo o está sendo feito. Porém, a comparação do circuito de 2018 com os anteriores é inevitável e a impressão de atravessamos um ano ruim se potencializa quando se percebe que o calendário de 2018 enfrentou dificuldades na confirmação de eventos logo no inicio do ano, o que lamentavelmente prejudicou muito o planejamento do calendário anual e dos próprios atletas.
Outra questão é que os eventos ainda não têm condições de oferecer premiações dignas para atletas com tanto talento e potencial como são os atletas participantes do circuito brasileiro. Isso é muito frustrante! Mas trabalhamos para suprir essa demanda e acreditamos muito no potencial do nosso esporte que apesar de toda crise conta com a união e o comprometimento de muita gente séria nos bastidores das organizações e entidades e, principalmente, muitos atletas de ponta que muito tem contribuído com as diretrizes e decisões da CBSUP.
Acreditamos que a qualquer momento uma grande empresa possa se interessar pelo SUP como Identidade Visual principal da sua marca e nesse cenário nossa realidade mudaria radicalmente!
O modelo adotado pela Paddle League de unir várias competições importantes em torno de um circuito unificado poderia ser uma saída para o Circuito Brasileiro?
O modelo de eventos com competições de vários water sports já foi adotado em diversas ocasiões em eventos do circuito brasileiro de SUP. Inclusive o primeiro campeonato brasileiro de SUP wave foi realizado no multiesportivo, o IWC em Ibiraquera (SC).
Esse modelo tende a trazer mais participantes para o evento e consequentemente uma maior integração entre as diversas tribos gerando um rápido e pontual fomento da modalidade. Porém o circuito brasileiro não pode depender desse artificio para consolidar o esporte.
A entidade tem por obrigação organizar, fomentar e desenvolver o SUP. Isso é prioritário! E o cenário ideal para elevar os atletas da modalidade ao patamar de reconhecimento máximo em uma competição não é dividindo esse espaço com atletas de outros esportes que muitas vezes por possuir um grande número de participantes (por exemplo, a natação), faz parecer que o SUP não é o evento principal.
A nosso ver, o caminho ideal é autonomia garantida por patrocinadores de peso. Podendo até haver atrações e disputas de outras modalidades paralelamente. Mas a cereja do bolo tem que ser o SUP.
Muita gente acha que a CBSUP deveria cobrar uma tacha de chancela para seus associados e usar esse dinheiro como ajuda nas despesas geradas pela confederação, mas você é contra. Por quê?
O atleta já tem diversos custos para participar do circuito brasileiro como: inscrição, transporte, hospedagem, entre outros. Não acho correto que ainda tenha que pagar taxa de filiação para a entidade nacional.
Já existem várias entidades estaduais trabalhando duro e realizando um belo trabalho por todo o Brasil, assim como a CBSUP, com poucos recursos. Então nossos esforços são para que, primeiramente, essas entidades se fortaleçam. Para isso colocamos nas regras a obrigatoriedade do atleta estar devidamente filiado à entidade do seu estado representante da CSBUP, para ter seus resultados homologados no circuito brasileiro.
Além das entidades, existem muitos atletas, cada um ao seu modo, que através de ações simples como a participação e consequentes contribuições na esfera técnica das competições, o respeito às regras e aos seus adversários, entre outas ações, acabam por contribuir infinitamente mais do que ‘possíveis taxas de filiação’. E essa, a meu ver, é a melhor forma de contribuição e exemplo a ser seguido!
No último Hangout da Remada o Américo Pinheiro chamou a atenção para o fato de existirem os chamados “Amadores-Profissionais”, que são aqueles competidores que estão há anos competindo nas categorias amadoras e que acabam por afastar iniciantes das provas. Esse “profissionalismo” entre os amadores estaria acabando com o fator “diversão” que afinal é o propósito desta categoria. Eu penso assim também, mas queria saber a sua opinião.
Concordo em parte! Esse foi um dos motivos pelos quais a categoria Fun Race deixou de pontuar no circuito brasileiro de 2018. Só assim conseguimos com que a categoria cumprisse o seu papel como uma verdadeira categoria introdutória, objetivando a participação de pessoas que desejam iniciar nas competições de SUP ou apenas se divertir num cenário mais amistoso.
Quanto ao Race Amador e demais subdivisões, cada atleta, independente da sua capacidade, ao participar das competições de SUP tem seus próprios objetivos. Assim como não temos o direito de interferir na busca da evolução de um atleta que almeja conquistar seu espaço entre os profissionais, não faz sentido forçarmos ou questionarmos a escolha de atletas que não se sentem confortáveis para migrar de sua categoria para a profissional.
Em um esporte verdadeiramente democrático como é o SUP, cada um escolhe o que lhe faz melhor e essa escolha tem que ser respeitada. O que não pode é a divulgação propositalmente incorreta do resultado de uma competição. Todo atleta, principalmente das categorias amadoras, ao divulgar suas conquistas, seja em currículos, mídias, ou em redes sociais, tem por obrigação dizer exatamente qual categoria representa. Pois tentar se fazer passar por uma categoria ou uma divisão superior a conquistada é extremamente desleal – Inclusive tem penalidade prevista nas regras para esse tipo de atitude.
Com a mudança do tamanho da prancha oficial para 2018 muitas trocas de categoria deverão ocorrer. Vamos torcer que para que o nosso esporte continue sento essa fonte inesgotável de prazer e realizações que tem possibilitado uma mudança radical da vida de muita gente para melhor.
Visite o site da CBSUP para saber mais sobre o trabalho da Confederação Brasileira de Stand Up Paddle.