Américo & Kauai Pinheiro | Foil de filho pra pai

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Américo e Kauai Pinheiro, pai e filho, falam sobre a experiência de explorar o Foil em Arraial do Cabo (RJ) uma das regiões mais promissoras do Brasil para a prática desse esporte

Kauai Pinheiro flutua com seu Foil pelas ondas de Arraial sob o olhar atento de seu pai Américo. Foto: Américo Pinheiro

Quem curte esportes de água e conhece Arraial do Cabo com certeza conhece a família de Américo Pinheiro. Sua esposa, Lena Guimarães, é bicampeã brasileira profissional de SUP Race e seu filho Kauai, é bicampeão estadual de surfe, campeão brasileiro de SUP Wave na categoria Kids e atualmente ocupa a primeira colocação do ranking Junior na mesma modalidade.
Há pouco mais de um mês eles começaram a praticar Foil na região e, desde então, pai e filho mergulharam de cabeça nesse novo universo, fortalecendo ainda mais os laços de companheirismo e também experimentando uma inesperada inversão nos papeis de mestre e de discípulo. Na entrevista a seguir eles contam mais sobre isso.

Américo sendo rebocado sob o olhar atento de Kauai. Foto: AP

Vocês mergulham juntos, surfam juntos, treinam jiu jitsu juntos e agora estão fazendo Foil. A Lena não fica com ciúmes Américo?

(risos)

Américo – Não, ela não fica com ciúmes até porque a maioria das vezes ela está com a gente e a possibilidade de passar esse estilo de vida “outdoor” para nossos filhos está sendo muito legal e só faz fortalecer os laços na nossa família.

Há quanto tempo vocês estão surfando de Foil?

Américo – A gente está no Foil a pouco mais de um mês, mas numa intensidade muito grande. O esporte realmente é viciante e estou apaixonado porque ele me fez virar criança novamente.

Fico o tempo todo pensando nisso e de noite ainda sonho que estou pegando onda com o Foil. Meu último sonho inclusive foi que eu estava andando de Foil no asfalto (risos). O negócio realmente é mágico!

Kauai, pra você o que o Foil tem de mais legal?

O que acho mais legal no Foil é que permite ser feito em qualquer lugar, com diferentes condições, mais liso, ondas pequenas… É muito versátil.

A velocidade do Foil também é algo que gosto muito.

Américo diz que desde que começou a praticar Foil em Arraial do Cabo não pensa em outra coisa. Vendo essa foto dá pra entender o porquê. Foto: AP

Dá pra começar no Foil sem ter antes uma base no surfe?

Américo – Dá sim, mas o Foil requer um bom aprendizado. Ele não é fácil nem pra quem já tem uma base uma base no surfe. Na verdade o melhor aprendizado para o Foil é sendo rebocado por um Jet ou por uma lancha.

Aqui em Arraial a gente não teve essa oportunidade. Eu e o Kauai já começamos direto nas ondas e com uma prancha pequena, tamanho 4’8”, e eu também adaptei uma quilha no meu SUP 7’8”, mas a gente fica mais na pranchinha mesmo.

Estão começando a surgir professores de Foil pelo Brasil. Pessoas já com uma base muito boa e com uma estrutura adequada. Isso é o ideal. Quando você é reboado na velocidade certa, ouvindo toques de alguém que realmente conhece o esporte a evolução é rápida e segura.  Independente disso aconselho fortemente a quem está no estágio inicial do Foil a usar proteção. A gente está ensinando a Lena e ela usa capacete, long John e colete de impacto.

Kauai – Eu já acho que não é tão fácil. Para fazer o Foil, seja no surfe, SUP, downwind, windsurfe, etc, acho que antes você tem que ter uma experiência no esporte na prancha convencional. Considero o Foil uma evolução dentro do aprendizado. Mas qualquer um pode sim fazer Foil é só ter a orientação correta e praticar para isso.

Kauai com a 4’8″ compartilhada entre pai e filho. Foto: Américo Pinheiro

Que tipo de equipamento vocês estão usando? 

Américo – A gente está com uma prancha de surfe 4’8”. Eu demorei a me adaptar, principalmente pra encaixar o pé certo na base. Já o Kauai foi mais rápido.

Além dessa prancha, tem um SUP que eu encomendei pra fazer downwind, nas medidas 6’6”  por 24.5” de meio. E o Kauai vai usar um SUP 5’10” x 23.5” também pra fazer downwind. E tem também uma outra pranchinha 3’9” pra surfe que eu encomendei pro Kauai que tá saindo do forno.

E quanto aos mastros e asas do Foil?

Américo – A gente tá usando um mastro de 60 cm, que foi o inicial pra gente pegar a manha. Mas já tem outro que está pra chegar de 75 cm que é o que eu pretendo usar no dia a dia, e tem outro aqui de 80 cm pra fazer downwind.

A asa que a gente usa no dia a dia é uma Jandaia, da Okes, que tem aproximadamente 80 cm e é uma asa bem legal. A gente tá desenvolvendo as asas pro SUP como tamanhos de 106 cm e 110 cm com desenhos diferentes. A princípio eu tenho gostado mais da de 106 cm.

Como é a relação de vocês com as sessões de surfe com o Foil? Quem puxa quem?

Américo – Até hoje eu sempre mostrei o caminho pro Kauai em todos os esportes, mas com o Foil a coisa está mudando um pouco. (risos) O Kauai tá evoluindo tão rápido que agora é ele que está me ensinado…

Kauai – Estar no mar praticando esporte com meu pai é sempre bom, mas fazer um esporte em que eu sou melhor que ele é melhor ainda. (risos)

Agora os ensinamentos são de filho pra pai?

Kauai – O coroa é esforçado, mas tem muito que aprender ainda! (risos)

Kauai, Américo e o caçula Maui prontos para mais uma sessão de mergulho sob as orientações de Américo. Agora, com o Foil, os papeis se inverteram: “Eu sempre mostrei o caminho pro Kauai em todos os esportes, mas com o Foil a coisa mudou”, brinca Américo. Foto: AP

Tem muita gente fazendo Foil em Arraial ou por enquanto só vocês?

Américo – Aqui em Arraial por enquanto só eu e o kauai. O Leco, que é um kitesurfista das antigas, começou a praticar e em Búzios tem o Vinni.

Qual o potencial da região para o Foil?

Américo – Acredito que Arraial do Cabo é um dos melhores lugares do Brasil pra surfar de Foil. A gente tem um baixio que é um banco de areia coberto por uma água azul cristalina que forma uma onda de um quilômetro que nem precisa quebrar pra você correr a parede de Foil. Outro dia eu reboquei o Kauai lá usando meu barco de pesca, de madeira, e ele surfou a onda inteira. Nesse dia só formava ondulação sem quebrar. Quando está quebrando onda mesmo, então a brincadeira fica sensacional.

Fora que lá é uma região com uma vida marinha muito rica, com muito peixe, tartarugas… Semana passada eu estava filmando o Kauai lá e apareceram uma baleia e seu filhote e eu aproveitei pra fazer umas imagens lindas dos dois e compartilhei no meu Facebook.

Kauai – Acho que nossa região é muito boa para prática do Foil. Temos vento, onda, mar mais liso etc. Nossa região tem todas as condições que podem ser aproveitadas pelo Foil.

Além do potencial tanto de surfe quanto para downwind, o contato com a vida marinha em Arraial já vale a viagem. Foto: Américo Pinheiro.

E ainda tem o downwind, não é?

Américo – Isso. Se você vai mais pra fora, tem um downwind perfeito que rola a partir de Búzios e tem várias possibilidades. Nos melhores dias dá pra fazer 28 km de Búzios a Arraial do Cabo.

Olha o potencial da região para o Foil! Você junta bancadas de areia, alguns fundos de reef e nosso downwind com vento constante. Então graças a Deus a gente está no lugar certo!

Américo Pinheiro em ação. Foto: AP

Américo, você recentemente foi convocado para mais uma vez para ser técnico da seleção brasileira de SUP race e Paddleboard no Mundial de ISA, que esse ano será na China. Você irá participar?

Américo – Tô muito feliz com mais essa convocação. Tenho estudado muito o esporte nos últimos anos e sou um apaixonado por competições. Ainda sou competidor, mas tenho escolhido bem em quais participar. Vou levar meu Foil pra W2 mesmo sem saber se vou conseguir testar ele lá. Sou o único remador que ganhou essa prova duas vezes competindo de SUP e esse ano tô pensando em fazer diferente, competindo de canoa ou de Foil.

Mas voltando à questão da convocação, todas as viagens internacionais que eu faço com a Lena eu busco absorver o máximo de informação possível e agora vou tentar viabilizar minha ida à China. Essa é a parte ruim da história, pois a gente é que tem que arcar com os nossos custos. Tínhamos uma expectativa enorme em fazer o Mundial da ISA aqui em Búzios e veio essa alteração que prejudicou diversos atletas e pessoas envolvidas com o SUP. Agora estamos analisando a viabilidade de fazer essa viagem à China, pois a viagem, além de cara, é bem complicada por conta do visto e transporte da prancha. De qualquer forma, a gente vai ter o Aloha Spirit festival em Cabo Frio que também vai valer pontos pro Mundial da Paddle League e a seletiva pro Pan-americano no Peru que também é prioridade.

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