No último domingo uma jovem de 17 anos chamada Erika Vicente foi resgatada após passar mais de 20 horas em alto-mar, com uma prancha de stand up paddle, a 46 quilômetros da costa do Algarve, em Portugal. O incidente ganhou repercussão internacional e levantou a questão da segurança na água durante a prática de esportes como stand up paddle e canoa polinésia.

Assim como acontece em Portugal, no Brasil não existe legislação que estabeleça normas de segurança para essas modalidades, embora existam regras de segurança muito boas, como as Normas ABNT.

No caso da jovem portuguesa, uma simples análise em um site de previsão climática poderia ter mudado completamente os rumos da história e evitado que ela fosse arrastada pelos fortes ventos, previstos para aquele dia, em direção ao alto-mar.

São ações que parecem simples, mas nem sempre recebem a devida atenção. É necessário, portanto, que entidades responsáveis, como associações, federações e confederações, olhem, com mais atenção a questão da segurança.

Vemos hoje um direcionamento voltado quase exclusivamente aos campeonatos, o que de fato é importantíssimo, contudo, a prevenção de acidentes também é.

A situação é particularmente preocupante em relação à canoa polinésia, pois, atualmente, qualquer pessoa sem nenhum tipo de qualificação pode montar um clube e colocar pessoas no mar. Como resultado, não é incomum ouvir notícias de resgates de canoas OC6 que ficaram à deriva em decorrência de ações imprudentes de seus condutores.

Realizar cursos periódicos de segurança aquática que ofereça certificações é uma excelente forma de se valorar clubes que investem na salvaguarda de seus membros além de atuar na prevenção.

Certamente a mídia especializada também tem sua parcela de responsabilidade dentro desse processo e, por isso, o Aloha Spirit Midia produz há anos uma série de conteúdos originais amparados por especialistas da área. Já são mais de 300 artigos sobre segurança publicados em nosso site.

Abaixo, consultamos o Sargento do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e remador de paddleboard, Noé Medeiros Batista, em busca de orientações de segurança para que incidentes como o da jovem portuguesa, sejam evitados.

Confira as dicas de segurança na água Noé Medeiros Batista:

1. A recomendação é de usar sempre um colete salva-vidas, pois, diferente do flutuador, esse equipamento de segurança evita que a pessoa, mesmo inconsciente, afunde a cabeça, mantendo sempre as vias aéreas voltadas para cima. Alguns remadores preferem não usar coletes ou flutuadores quando remam próximo à costa/ margem, essa é uma escolha que deve ser bem avaliada pois, apesar de menor o risco de um acidente grave, ele existe. Leash (cordinha de segurança) é outro índice indispensável;
2. Verifique as condições do tempo e do mar: Certifique-se de que as condições do mar estejam seguras; evite remar em dias de vento forte ou com correntes marítimas muito fortes;
3. Esteja ciente das condições de maré: As mudanças de maré podem ser perigosas, então verifique a hora da maré alta e baixa, e planeje seu tempo de remada de acordo;
4. Conheça sua habilidade e experiência: Nunca ultrapasse seus limites e sempre comece com o nível de dificuldade adequado para sua habilidade e experiência;
5. Informe alguém antes de ir: Sempre informe um amigo ou familiar sobre sua atividade e a rota que planeja fazer, de preferência compartilhando um mapa de localização em tempo real. Se possível, tenha alguém lhe acompanhando em tempo real em terra firme;
6. Leve com você um telefone celular protegido por um saco estanque para caso de emergência;
7. Proteção solar e hidratação: Use protetor solar, roupas leves e respiráveis, e leve água suficiente para manter-se hidratado durante toda a atividade;
8. Nunca saia para remar se consumir bebida alcóolica e/ou logo após fazer uma refeição, pois pode sofrer uma congestão e ter um mal súbito.

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