
Sete pessoas são resgatadas após OC6 ficar à deriva na Baía de Todos-os-Santos
Sete pessoas são resgatadas de OC6 ficar à deriva na Baía de Todos-os-Santos após canoa ser atingida por onda

Quem frequenta as águas sabe: as mulheres tomaram conta da canoa havaiana. De uns anos pra cá, é difícil olhar pro mar ao amanhecer e não ver uma equipe feminina treinando forte, conferindo a canoa e puxando o treino com uma energia quase militar. Elas chegaram pra ficar — e não é força de expressão.
Enquanto muitas equipes masculinas vão e vêm com as marés (e com as desculpas), as equipes femininas estão sempre lá. Às vezes trocam integrantes, mudam o nome, mas o grupo não morre. Elas são, sem dúvida, as mais disciplinadas. Acordam cedo, treinam mesmo com chuva, anotam tempos, discutem técnica e mantêm uma rotina que faria inveja a muito atleta profissional.
Claro, nem tudo é calmaria. Quem convive sabe que dentro de uma equipe feminina o clima pode ferver. Tem treta por ritmo, por lugar na canoa, por treino, por quem faltou, e até por quem ousou aparecer com a cor de camisa errada. Mas o curioso é que, mesmo brigando, elas continuam. É como se as tretas fizessem parte do treinamento. Discutem, se estressam, dão aquele gelo básico — e no dia seguinte estão todas lá de novo, no mesmo horário, remando lado a lado.
Entre os homens, a história costuma ser diferente. Quando dá treta, é comum ver o grupo se dissolver. Um sai, o outro perde a motivação, e pronto: a canoa naufraga. Falta constância. Falta aquele senso coletivo que as mulheres têm de sobra. Os caras dizem que é “muita confusão feminina”, mas, curiosamente, são elas que seguem firmes, e eles que desaparecem.
Talvez seja por isso que as equipes femininas crescem e se consolidam. Elas têm uma noção muito clara de que o grupo vem antes do ego. Sabem que, pra canoa andar, não basta força, precisa sintonia, ritmo, resiliência e muita escuta. E, nisso, elas são imbatíveis.
A presença feminina não só aumentou o número de praticantes, como também elevou o nível do esporte. Trouxe organização, união e uma nova forma de lidar com o desafio da remada. Onde antes havia improviso e instinto, agora há planilha, metas e estratégia — e, claro, aquele grupo de WhatsApp que nunca silencia.
No fim das contas, a canoa havaiana reflete a vida: quem rema junto, chega mais longe.
E hoje, quem está remando junto, com disciplina, intensidade e coração, são elas.
Mesmo entre tretas, opiniões fortes e algumas lágrimas estratégicas, as mulheres seguem remando forte. E a va’a, com elas, ficou muito mais forte — e bem mais interessante.