
Remada ‘non stop’ de Registro a Iguape
Desde sempre o homem busca se superar em desafios extremos em relação ao ambiente em que vive. A lista é ... leia mais
A remadora mineira radicada em Brasília, Camila Gouveia, alcançou um feito impressionante na madrugada de quinta-feira (13). Em um desafio extremo, ela remou solo, em uma canoa OC1, por 138,5 km ao redor do arquipélago de Ilhabela (SP), completando o percurso em 22 horas e 3 minutos. A largada ocorreu às 3h da manhã do dia 12 de fevereiro na Marina Porto, na praia de Itaquanduba, e a chegada foi no mesmo local à 1h do dia 13.
A remada faz parte do Desafio VIBE XL, uma iniciativa do Paddle Club Ilhabela idealizada pelo fundador Marcos Moller. Criado como uma prova de resistência extrema para equipes, o desafio propõe um percurso exigente, passando por Ilhabela, Ilha Vitória e Ilha de Búzios, somando 138,5 km – 48 km a mais do que a tradicional volta à Ilhabela.
Moller explicou que a VIBE XL foi concebida para equipes, com cada clube montando sua estratégia para completar a prova. “A ideia é que cada equipe escolha a melhor época do ano e nos avise para que possamos acompanhar e chancelar o resultado”, afirmou.
A decisão de Camila de enfrentar o desafio sozinha surpreendeu os organizadores. “Vimos que se tratava de uma atleta experiente e determinada a completar a prova, então aceitamos sua inscrição”, contou Moller.
Essa não foi a primeira tentativa de Camila. Em dezembro de 2024, ela tentou completar o percurso, mas precisou abandonar. “Passei mal no meio da prova”, relatou. “Depois descobri que era uma parasitose intestinal. Saí da água indignada. Não porque quebrei, mas porque fui tirada da prova. Voltei para Brasília focada, treinei pesado e marquei uma nova tentativa para fevereiro.”
Com a experiência de desafios anteriores, como a volta ao Lago Paranoá e provas de longa distância, Camila encarou a VIBE XL com determinação. “Sempre gostei de esporte de alto rendimento”, revelou. “Venho da arte marcial, sou faixa preta e mestre no taekwondo. Meu treinador sempre dizia que eu era ‘bruta’, que gostava de treinar forte. Apesar disso, nunca fui muito competitiva, mas sempre gostei de me desafiar. Na va’a, encontrei essa possibilidade de me testar ao extremo.”
Camila já havia completado a volta ao Lago Paranoá, sendo uma das primeiras mulheres a realizar a travessia. “No início, minha inspiração veio do meu instrutor, Anderson Reis, que fez a volta ao lago sozinho. Quando vi aquilo, pensei: ‘Caraca, eu quero fazer também!'”
Camila também enfrentou desafios além da remada. Durante sua fase de grandes travessias, descobriu um problema de saúde. “Descobri que tinha lipedema, uma condição que impacta o rendimento por causa do acúmulo de gordura na perna, que prejudica a massa muscular e a força“, explicou. “Mas comecei a tratar e fui retomando os desafios. Depois de completar três travessias de 90 km, queria ir além. Foi então que vi o VIBE XL e soube que era exatamente o que eu procurava.”
Dessa vez, ela optou por manter tudo em sigilo. “Me sacrifiquei financeiramente para evitar divulgação e preferi fazer a prova sozinha, sem patrocínio“, afirmou. “E foi uma experiência incrível. Foram 22 horas de grande valor, uma bagagem imensa de vivências e uma luta constante, minuto a minuto. Como dizemos em Minas, foi como ‘comer o queijo pelas beiradas’ – um desafio enorme, mas que eu venci.“