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Kalani Lattanzi. Sem dúvidas, todo bodysurfer e handsurfer já ouviu falar nesse nome. O waterman que nasceu em Maui no Havaí, mas fez de Niterói a sua morada, surpreende o mundo a cada onda surfada. Isso porque em 2015 Kalani quebrou paradigmas ao surfar as ondas de Jaws e Nazaré apenas com o corpo e com o pé de pato.
Sim, naquele ano Kalani dropou uma onda gigante na praia do Norte, uma onda que muitos surfistas preferem não enfrentar ainda que com o auxílio da prancha. Desde então, o respeitado atleta tem realizado viagens todo ano a Puerto Escondido (México) a fim de realizar uma pré-temporada para o que lhe aguarda em Portugal.
A verdade é que Kalani cresceu numa onda intensa, que ele, por sinal, considera a onda mais pesada do mundo: Itacoatiara.
Aos 12 anos de idade iniciou a prática do bodysurf por lá, depois se apaixonou pelo bodyboard e nos últimos anos tem se dedicado mais ao surf de ondas grandes. E exatamente por cumprir essas modalidades com excelência e em ondas impressionantes é que Kalani vem sendo apontado como o waterman de sua geração.
A propósito, Kalani completou recentemente seus 26 anos de idade e lançou seu filme nas plataformas de streaming mais acessadas do mundo como Amazon, iTunes, Vimeo e VUDU.
Sob a direção do português Nuno Dias, “Kalani: Gift from Heaven” foi bem recebido pela crítica e agraciado como o melhor curta-metragem no festival Surf at Lisbon.
E como teria surgido o filme? Kalani conta que a ideia veio ao notar que, apesar de estar pegando onda de bodysurf em Nazaré, não havia ninguém filmando isso. Foi quando Nuno se interessou e resolveu começar o projeto, uma vez que já tinha experiência em trabalhar com bodysurf.
Anteriormente ele tinha filmado alguns momentos do documentário “Homem Peixe em Nazaré” do Canal OFF, assim como participou das gravações do filme de um bodysurfer australiano. Nada melhor então do que contar com alguém que sabia o que fazer e como fazer porque, como Kalani faz questão de afirmar:
“Bodysurf em Nazaré é uma cabecinha no outside. É muito difícil de ver. Você tem que ser um filmmaker muito bom para conseguir filmar bodysurf em onda gigante. O Nuno é muito bom e quase não perde onda minha”.
Pela ótica de Nuno, este foi o projeto mais desafiador e importante de sua carreira profissional, já que pelo fato da distância do filmmaker para o atleta e o tamanho das ondas ser muito grande, acaba se tornando fácil perdê-lo de vista. Ele comenta ainda que tomou “Muitos sustos quando em dados momentos não conseguia localizar Kalani e pensava que ele tinha desaparecido. Mas depois de um tempo ele reaparecia nadando sozinho naquele mar gigante e o alívio chegava junto”.
E para quem não sabe, o projeto teve duração de três anos, sendo que a temporada mais especial foi a de outubro de 2016 onde ambos decidiram fazer o filme. Quando perguntei ao Kalani, alguns dias antes do lançamento, o que esperar do filme, ele foi direto ao ponto e falou:
“Um conteúdo nunca visto na história. Ondas de 20 a 30 pés de bodysurf. Imagens inéditas e áreas também em ângulos diversos porque tivemos a assistência do Pedro Miranda (Máquina Voadora) que trabalha com drone”.
E, finalmente, todo esse tempo de espera valeu a pena! Talvez possa soar clichê, mas é um filme de tirar o fôlego. Como amante do bodysurf, posso dizer que o filme merece todo o reconhecimento.
Os desafios de Kalani são muito bem retratados, com um olhar autêntico que percorre desde a tensão, até momentos de descontração. Sem mencionar os valorados relatos de vários atletas mundialmente conhecidos como Maya Gabeira, Lucas Chumbo e Garrett McNamara.
Podemos assistir a um show de ondas pesadas surfadas com êxito pelo waterman que sabe bem como domá-las. Os 25 minutos passam num piscar de olhos e ao se aproximar do fim eu queria apenas uma coisa: mais!
Assistir mais à técnica apurada que Kalani desenvolveu para conduzir o ritmo de uma onda que se transforma em seu pior pesadelo caso você vacile.
É fascinante a leitura de onda e a agilidade que Kalani possui para se posicionar no ponto exato, além de saber exercer controle sob a onda no momento oportuno, ora desacelerando ao afastar as pernas durante o drop ou acelerando ao realizar pernadas e utilizando sua handplane a todo vapor.
Por fim, “Kalani: Gift from Heaven” é um presente formidável, especialmente para nós bodysurfers que amamos surfar de corpo e alma. Pois independente do tamanho que seja a onda, é no mar onde superamos nossos limites físicos e mentais. Meu muito obrigada a todos os envolvidos, especialmente a Nuno Dias por surpreender o mundo com uma produção que captou a essência, a coragem e o talento de Kalani Lattanzi.
Aloha
Letícia Parada
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