Nikit Va’a em Análise, nesta terça, no YouTube
Programa desta terça-feira os pontos fortes e fracos da etapa, incluindo a transmissão ao vivo, ranking e ... leia mais
Já é sabido o quão o bodysurf tem se tornado cada vez mais um esporte altamente popular no mundo todo.
Falando especificamente de sua prática no litoral brasileiro, o bodysurf conquistou muita gente no Espírito Santo, e um capixaba conquistou o Brasil com o seu talento.
João Antonio Bazellatto, mais conhecido como João “Foca” ou apenas “Foca”, é um bodysurfer e guarda-vidas local da Barra do Jucu que recentemente consagrou-se como campeão brasileiro.
Mas para chegar no auge do título, é preciso contar a história que precede tudo isso. Luiz Paulo Borges, conhecido no meio como Paulão, é um carioca que já na década de 80 desbravava as ondas com os bodysurfers responsáveis pela Associação Carioca de Surf de Peito (ACSP).
Ao se mudar para o Espírito Santo, para trabalhar e morar, Paulão ainda não conhecia a Barra do Jucu e costumava frequentar a praia de Itaparica.
Após conhecer sua esposa, que era nativa da Barra do Jucu, Paulão se apaixonou pelas ondas que ali encontrou.
Na verdade, desde há muito tempo que a Barra do Jucu é tida como o berço do bodysurf nas terras capixabas.
Tanto é que o Canto do Barrão ficou conhecido como o “Canto do Peitoril”, onde a galera que surfava de peito “caía” com bastante regularidade, até que aos poucos a tradição foi se perdendo.
Mas em um momento posterior, Paulão conheceu Fernando Rosetti, um bodysurfer local de Vitória que foi muito importante para a construção da história do bodysurf no estado.
Por sinal, ambos foram responsáveis pela formação de João Foca e foram em busca de vídeos que pudessem auxiliar o futuro campeão a evoluir no mar através da observação de outros ícones do esporte.
No ano de 2012, o guarda-vidas Jhones Duarte representou o Espírito Santo muito bem e foi campeão brasileiro no evento organizado pela ACSP.
Apesar de ter se ausentado das competições na última década, Jhones é um bodysurfer muito habilidoso e experiente no mar, uma vez que é instrutor de moto aquática e perito em salvamento/resgate e enfermagem.
Não é à toa que foi um dos instrutores na antiga Escolinha de Bodysurf Peitury, uma das poucas iniciativas desenvolvidas em seu estado.
Um grande nome do bodysurfer capixaba foi Glauber Bretas, já falecido, que inventou uma manobra que dificultou a vida dos juízes em uma competição na praia de Ponta Negra em Maricá no ano de 2009.
A manobra, que ficou conhecida como “The Glauber”, era uma combinação de um 360º com El Rollo que causava um espanto geral na praia.
Glauber fez história, deixou os juízes de cabelo em pé sem saber como julgar a manobra com a devida nota que merecia.
Isso porque naquela época, o bodysurf ainda era bem clássico e não tão radical como temos visto nos últimos anos.
Sem dúvidas, ele deixou seu marco na história do esporte e é fonte de inspiração para todos nós que amamos o mar.
Mas muito ainda estava por vir. Em 2016 João “Foca”, o pupilo de Paulão e Fernando Rosetti, conquistaria o título de campeão brasileiro na praia de São Conrado, no Rio de Janeiro.
Não bastasse isso, Foca foi mais adiante e em 2019 sagrou-se campeão do circuito Kpaloa Brasileiro de Bodysurf após disputar cinco etapas acirradas.
Surfando as ondas de peito há mais de 20 anos, Foca tem bastante história para contar e pude ouvir muitas quando nos conhecemos em Fernando de Noronha, onde aproveitei para gravar uma entrevista.
Além disso, João chamou muita atenção de bodysurfers de todo o mundo ao realizar a manobra frontflip de forma completa, além de seus clássicos e consecutivos parafusos em uma mesma onda.
Embora o Espírito Santo já tenha sua contribuição assinalada de forma efetiva na história e evolução do surfe de peito em nosso país, ainda são escassos os projetos de bodysurf que acontecem no estado visando agregar crianças e adolescentes.
Para João Foca, o bodysurf precisa ganhar mais força e mais apoio porque, em suas palavras, “Alcançar grandes objetivos sem ter o mínimo de estrutura é bastante complicado e posso falar por experiência própria”.
E apesar da participação feminina ainda ser muito tímida no estado, é preciso ter um olhar otimista. O próprio campeão brasileiro garantiu que tem planos para mudar essa situação e que já vem incentivando Izabella Nunes e Maria Clara Leão para entrarem de vez para o mundo das competições.
Pensando de forma geral, hoje o Espírito Santo possui muitos praticantes de bodysurf, porém bem espalhados em diversos picos como Carapebus, Construção, 21, Jacaraípe, Marataízes, Morro, Pompéia e tantos outros.
Daí a importância em se realizar encontrões, eventos competitivos e treinos de modo a reunir boa parte dos praticantes.
No mais, o bodysurf vem se desenvolvendo, se incorporando à cultura de praia capixaba e me arrisco a dizer que muitos expoentes ainda virão a despontar no futuro graças ao belo passado que foi construído.
Aloha
Letícia Parada
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