Olimpíadas deixam claro: Brasil é o país dos water sports

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Brasil país dos water sports
Quatro, dos sete ouros olímpicos conquistados pelo Brasil em Tóquio vieram dos chamados “water sports”. Foto: Reprodução

Quatro, dos sete ouros olímpicos conquistados pelo Brasil em Tóquio vieram dos chamados “water sports”. Ou seja, as Olimpíadas dos Japão deixaram claro o que nós já sabemos: nosso país tem tudo para ser uma potência mundial dos esportes praticados em águas abertas, seja doce ou salgada.  

Não é para menos, afinal, do ponto de vista dos esportes aquáticos, o Brasil é um país privilegiado, com mais de 7 mil km de um extenso litoral e a maior oferta de água doce, em rios e lagos, do mundo.

Somando-se a isso, um clima propício o ano todo em praticamente toda a sua extensão e uma cultura ligada às águas, sobretudo pelas heranças indígenas e portuguesas.

A medalha de Isaquias Queiroz foi a quarta dourada do Brasil em Tóquio 2020, que já havia garantido o lugar mais alto do pódio em outras três modalidades disputadas em águas abertas.

O baiano de Ubaitaba, que é o atual campeão mundial de canoagem, reafirmou sua condição de ícone da elite internacional da modalidade.

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Isaquias Queiroz soma agora quatro medalhas olímpicas a sua brilhante carreira na canoagem, ao lado de títulos mundiais e pan-americanos. Foto: REUTERS

Isaquias soma quatro medalhas olímpicas em sua carreira (o ouro de Tóquio e duas pratas e um bronze da Rio 2016). Foi o único brasileiro em toda a história a conquistar três metais em uma única edição do megaevento. Ele também ostenta 12 pódios em Campeonatos Mundiais (dos quais seis ouros) e quatro em Jogos Pan-Americanos (três ouros).

Outra baiana, Ana Marcela Cunha, faturou o ouro na maratona aquática, dando fim a um tabu na modalidade que resistia por anos.

Ana Marcela começou a nadar aos 2 anos e sempre teve uma relação muito próxima com o oceano. Aos 12 anos de idade, já passou a se destacar no esporte e com apenas 15, foi convidada para se mudar para Santos (SP) para ingressar na equipe de natação da Unisanta, que ofereceu também todo suporte para que seus pais viessem com ela para a Cidade, onde residem até hoje.

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Ana Marcela Cunha durante a prova de maratona aquática no Odaiba Marine Park. Foto: Jonne Roriz / COB

Ela tinha apenas 16 anos quando participou da sua primeira Olimpíada, em Pequim 2008. Na ocasião, ficou em quinto lugar. Depois de decepções em Londres 2012, e Rio 2016, Ana Marcela conquistou o tão sonhado ouro de maneira soberana em Tóquio, com o tempo de 1:59:30.08.

Contudo, para além das olimpíadas, Ana Marcela tem uma carreira internacional respeitadíssima nas competições de maratona aquática. A brasileira tem no currículo 33 medalhas de ouro, 16 de prata e 17 de bronze em campeonatos da Federação Internacional de Natação (Fina). Ao todo, subiu ao pódio 11 vezes em campeonatos mundiais.

Já o potiguar Italo Ferreira tornou-se primeiro campeão olímpico de surfe na história. Durante todo o torneio, o brasileiro – que também é o atual campeão mundial da modalidade – foi o principal nome da competição. Na final, ele não deu chances ao japonês Kanoa Igarashi para subir ao lugar mais alto do pódio.

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Italo Ferreira trouxe o ouro para o Brasil na estreia do surfe nas Olimpíadas. Foto Yuki Iwawura / AFP

Eu vim para o Japão como uma frase: ‘diz amém que o ouro vem’. Eu treinei muito nos últimos meses e Deus realizou meu sonho, me deu a oportunidade de fazer o que eu amo, de ajudar minha família. Isso sou eu, fui para a água, sem pressão fazendo o que eu amo”, comemorou Italo, atleta local de Baía Formosa, no pódio em Shidashita.

Por fim, Martine Grael e Kahena Kunze foi a dupla responsável pelo histórico bicampeonato olímpico na classe 49er FX da vela.

Filhas de velejadores – Kahena é filha do campeão mundial juvenil Claudio Kunze, já Martine é filha de Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, e sobrinha de Lars, dono de duas – as atletas estão juntas desde 2013.

Em oito anos de parceria, as brasileiras têm bons resultados também fora de Jogos Olímpicos: cinco medalhas em Campeonatos Mundiais (um ouro e quatro pratas) e uma prata e um ouro em Jogos Pan-Americanos.

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Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram mais um ouro para o Brasil na vela. Foto: COB

São conquistas admiráveis e carreiras respeitadíssimas, mas não tenho dúvidas de que podemos chegar muito mais longe com mais investimento e mais apoio da grande mídia.

Quantos “Isaquias”, “Italos”, “Anas”, “Martines” e ‘Kahena” estão agora mesmo surgindo nos quatro cantos do país, lutando para se manter no esporte e precisando de mais apoio?

E o que dizer de outras modalidades que mesmo (ainda) não sendo olímpicas tem um potencial enorme para atrair praticantes e conteúdos inspiradores, como o stand up paddle, o paddleboard, a canoagem oceânica, o va’a e o surfe de peito?

Pois é, como disse um locutor após a conquista da medalha dourada por Isaquias Queiroz , “O Brasil é o país da canoagem”. Mas eu vou além: O Brasil é o país dos water sports.

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