Iloha Eychenne: Lenda da va’a feminina investe no SUP e surfski
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Viver do esporte não é fácil. O custo que um atleta tem, independente da modalidade que pratica, é relativamente alto. Apesar do bodysurf ser um esporte de baixo custo uma vez que você necessita de um par de nadadeiras, ainda assim o cenário não é fácil. É preciso viajar para competir, viajar para treinar, buscar picos diferentes para se desafiar e evoluir ao longo do tempo. Sem mencionar tudo o que está envolvido na vida de um atleta, ou seja, acompanhamento médico, nutricional, preparação física e psicológica… uma infinidade de fatores que rodeiam a rotina do atleta.
Infelizmente muitos atletas não conseguem se dedicar 100% ao esporte, muitos precisam trabalhar para conseguir ter condições de pagar inscrição de campeonatos, ter acompanhamento profissional e especializado, treinar em outros lugares. Esse é o caso do João Bazellatto, mais conhecido como Foca, que atualmente conta com o apoio da Kpaloa e da Golden Eagle. O atleta capixaba de bodysurf é o atual campeão nacional, conquistou o título em 2019 no Kpaloa Brasileiro de Bodysurf. Antes disso, Foca já havia alcançado o topo do ranking brasileiro em 2016.
Falando de rotina, João Foca se divide entre a profissão de guarda-vidas em um clube no Espírito Santo e os treinos de bodysurf. E por vir de uma família humilde e ter a responsabilidade de sustentar a casa que mora, Foca tem pouco tempo disponível para explorar as ondas especiais que seu estado abriga. Uma delas é o slab Coral do Céu, conhecido pelos pescadores locais como Scandiero de Fora. Uma onda espetacular, rápida, que quebra em cima de uma bancada rasa de pedra.
Explorado há muito tempo por bodyboarders, o slab Coral do Céu foi o pico escolhido por João Foca no mês passado, o qual ele nunca havia surfado. Na companhia de pessoas mais experientes e a convite de Heriberto Simões (responsável por registrar e eternizar essa session histórica), Foca surfou pela primeira vez a onda do Coral do Céu. E logo de cara mostrou muita atitude ao “botar pra baixo”, chegando até a executar a manobra frontflip.
Coral do Céu é o tipo de onda que eleva o nível da performance por exigir técnica aguçada e rápida tomada de decisão. Imagina errar o drop ou não ter a velocidade necessária para seguir na onda? João Foca já muito bem criado nas ondas do Barrão, especialmente as esquerdas mais cavadas, soube lidar bem com esse desafio pela primeira vez. E ele decidiu contar mais sobre essa experiência no slab capixaba, inclusive compartilhou excelentes dicas para aqueles que desejam desbravar ondas com bancadas mais rasas e afiadas. Para assistir a entrevista sobre o Coral do Céu com João Foca, clique aqui:
Agora vamos imaginar uma situação onde o João Foca seja um atleta com 100% de dedicação e foco no esporte, sem ter que se preocupar em obter renda? Vamos considerar um cenário onde o Foca seja um atleta de ponta como um surfista ou nadador profissional em nosso país, que receba algum tipo de patrocínio municipal ou estadual ao menos. Se na correria de sua rotina o bicampeão brasileiro já esbanja talento e determinação, que rumos ele tomaria se fosse um atleta profissional de bodysurf? Quais caminhos o bodysurf em geral traçaria se fosse uma modalidade levada a sério como as demais? Algumas questões para pensarmos e levarmos adiante, trazendo quem invista e dê credibilidade ao esporte, tornando o sonho uma realidade possível.
Aloha!
Letícia Parada
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