Tudo pronto para a 4º edição do MolokaBRA
Em sua 4º edição, MolokaBRA tem sua abertura oficial nesta sexta-feira, 02 de setembro, em Fortaleza (CE) ... leia mais
Há quem diga que o bodysurf é o tipo de esporte que não oferece risco algum. Mas como tal afirmação poderia ser verdadeira se levarmos em consideração tudo o que envolve a prática desse esporte milenar? Começando pelo ambiente onde o mesmo é praticado: o mar. Um local imprevisível, onde fatores naturais podem afetar completamente as condições que você ali encontrou ao chegar.
Em um momento você encontra condições excelentes para surfar e se divertir com segurança. Rapidamente você pode cair em uma corrente de retorno e se deparar com uma situação desagradável, que pode custar a sua vida. Apesar de portar nadadeiras e estas serem de grande utilidade para se deslocar e assim sair de uma corrente de retorno, nem todos os bodysurfers estão preparados para pensar sob pressão e lidar com a correnteza.
Por isso é tão importante ter conhecimentos sobre o mar, as ondas, correntes de retorno e saber fazer a leitura de todo o panorama. Isso já deve começar fora d’água, estudando previsões de onda, assistindo vídeos informativos sobre as variáveis que influenciam o mar e etc. E assim que pisar na areia, ligar o modo alerta e observar o mar enquanto está se aquecendo para entrar no mar.
Certamente, a corrente de retorno é um grande perigo para os surfistas de peito, que além de tudo isso não dispõem de um objeto flutuante para se apoiarem e aguardarem ajuda / resgate (como é o caso daqueles que surfam com pranchas de surfe, bodyboarding, SUP e etc).
Outro risco que envolve os adeptos do bodysurf é a elevada incidência de infecções e inflamações nos ouvidos. Isso ocorre porque ficamos constantemente em contato com a água, diferente dos surfistas que podem aguardar sentados ou deitados em suas pranchas.
Então é natural que nosso canal auditivo sofra muito mais com a ação do vento, temperatura baixa e a própria água. Uma boa saída para evitar situações desagradáveis como essa que acabam por nos impedir de estar com a saúde em dia, é a utilização de protetores de ouvidos. Atualmente, existem diferentes protetores de ouvido que costumam ser muito utilizados por nadadores, assim como há protetores específicos para aqueles que surfam. Veja:
Pelo fato da natação ser o esporte base do bodysurf, isto é, nos deslocamos no mar nadando de crawl, entramos na onda muitas vezes fazendo a braçada e a pernada do nado borboleta, utilizamos muito a articulação do ombro. Por isso, torna-se corriqueira a incidência de lesões no ombro de bodysurfers como tendinite, bursite, síndrome do impacto do ombro.
Embora não tenhamos dados científicos que comprovem essa alta incidência, vemos e ouvimos muitos relatos de surfistas de peito com tais problemas. Nesse caso, o caminho é a prevenção e fortalecimento da articulação. Mais do que tudo, prevenir ao invés de remediar e assim o exercício físico fora d’água se faz necessário.
Para fechar os principais riscos que envolvem a prática do bodysurf, a quilha se mostra como um objeto muito perigoso. Por estarmos, a maior parte do tempo, apenas com a cabeça acima d’água, os surfistas acabam tendo dificuldade para nos enxergar. E com isso é claro que acidentes ocorrem, em diferentes momentos. Como por exemplo, um bodysurfer furando uma onda ao mesmo tempo em que o surfista passa fazendo o bottom turn.
Ou então quando um surfista vai tentar uma manobra e perde o controle da prancha, com isso ela fica solta e pode atingir o surfista de peito. A quilha em geral é o grande perigo quando avaliamos todas as partes da prancha, pois é um objeto extremamente afiado, cortante, capaz de causar profundas lesões.
No mais, essa coluna não tem a intenção de assustar e afastar bodysurfers do mar. Serve como um alerta para que todos, tanto os iniciantes como os avançados, saibam que o bodysurf não é esporte para amadores. É preciso ter cuidado, é preciso estar atento e procurar se antecipar aos riscos que podemos enfrentar algum dia.
Informe-se sobre corrente de retorno, saiba ler o mar antes de entrar, procure cuidar da saúde do seu ouvido e do seu ombro, assim como ter atenção com o crowd e as pranchas em geral. Mas uma coisa é certa: saiba distinguir o que é perigoso e o que é fruto da sua imaginação. E não deixe de ir ao mar, não sinta medo a ponto de paralisar e desistir de surfar.
Aloha
Letícia Parada
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