O segredo está no diafragma!
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No Brasil, uma canoa individual com leme é chamada de OC1 (de “outrigger canoe-1”) e uma canoa sem leme é chamada de V1 (de “va’a-1”), ambas são “canoas polinésias”, sendo a primeira um modelo havaiano, e a segunda um modelo taitiano.
Essa é a principal diferença entra ambas, que têm em comum as características padrão desse tipo de embarcação, composto por casco, ama e iacos (mas, sim, existem outras diferenças, como a presença de cockpit, no caso das V1, etc).
Com a popularização da canoagem polinélisa no Brasil, alguns internautas, sobretudo iniciantes, entram em contato conosco para pedir conselhos na escolha de uma dessas canoas individuais.
As perguntas giram basicamente sobre qual seria o modelo mais indicado. Indo direto ao ponto, a resposta é: “Isso realmente depende do que você está querendo fazer e onde pretende remar”.
É claro que se o remador tem pouca experiência, poderá sentir mais dificuldade no início se optar por uma canoa sem leme (V1), contudo, sendo bem orientado (e isso é importante frisar) em pouco tempo estará remando sem maiores dificuldades respeitando-se, obviamente, a evolução gradual que todo aprendizado exige.
Mas um ponto importante é saber onde se pretende remar e qual a distância média será adotada a cada saída. Se a escolha da canoa for pensando em remadas mais longas e em mar aberto, eu, pessoalmente, recomendaria uma OC1, principalmente pra quem está começando a remar em canoas individuais.
Em mares mais agitados, com muitas correntes e ventos, as OC1 são muito mais fáceis de controlar (basicamente, basta usar os pedais para acionar o leme e direcionar a canoa). Os havaianos colocaram o leme na canoa justamente para conseguir lidar com as intempéries do oceano no Havaí e, assim, ter mais prazer e segurança na remada nessas condições. Pense nisso.
No caso das V1, a direção da canoa é ajustada com o remo e, sendo assim, durante uma remada mais longa, o cansaço natural provocado pelo esforço físico, somado ao estresse provocado pela presença de ondas e ventos fortes, tirando a V1 de sua rota o tempo todo, podem ser uma combinação perigosa para quem tem pouca experiência, principalmente se a remada for no mar. Por outro lado, em água lisa, como no caso das represas, a V1 tem um desempenho e autonomia incríveis. É, de fato, uma remada extremamente prazerosa.
Em relação ao transporte e acomodação, as V1 são mais leves que as OC1 e também maiores, com cerca de 7 metros de comprimento, enquanto as OC1 têm, em média, 6.3 metros.
Outro ponto a ser considerado é praticidade na hora de montar sua canoa. Existe aqui um ponto que vale a reflexão.
Antigamente só existiam no Brasil canoas V1 com modelo de amarração dos iacos e ama, ou seja, o remador precisa fazer a amarração de sua canoa e ajustar o ângulo manualmente, usando borrachas, da mesma maneira que se faz com as canoas para seis remadores (OC6 e V6).
Fazer a amarração dos iacos e ama é um aprendizado e irá agregar muito conhecimento ao remador em termos de funcionalidade da canoa, pois você aprende, na prática, as diferenças de ângulos, o poder do arrasto, distribuição de pesos, entre outros detalhes que certamente irão enriquecer sua experiência como remador, mas que demandam tempo e aprendizado. Mas se a praticidade for uma prioridade, então, a opção de encaixe de amas e iacos, que é padrão nas canoas OC1 e hoje, também presente em versões nacionais de V1, é a mais indicada.
Como podemos ver, a escolha de uma canoa individual, seja OC1 ou V1, é bastante pessoal e depende de uma série de fatores. Meu conselho final é: vá com calma. Se possível, experimente remar em ambos os modelos, tenha em mente onde pretende remar e, mais importante, peça conselhos a um remador experiente de sua área.
Aloha e boas remadas!
* Nota: no Brasil a Confederação Brasileira (CBVA’A) adota formalmente a nomenclatura utilizada pela Federação Internacional (IVF) para classificar o modelo havaiano de canoa individual com leme, chamando-o de “V1-R”.