Qual a importância do treino leve?

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Importância do treino leve
Paulo Vasco durante a prova Desafio Salvador Morro de São Paulo 2022. Foto: @mello.adamo

Fala galera, você sabe a importância do treino restaurador ou treino regenerativo? Pois é muitos atletas acabam negligenciando os treinos leves ou até mesmo ´´matando´´ esses treinos. Antes de iniciarmos o tema, já posso adiantar que treinos leves devem ser inseridos no planejamento, como treino restaurador pós ciclo de intensidade ou regenerativo pós afastamento por lesão.

Com a evolução das ciências do movimento humano e da educação física o treinamento físico esportivo vem trazendo novas abordagens e intervenções científicas, táticas e técnicas no âmbito competitivo e recreacional. No começo do século XX, os treinadores e alguns estudiosos começaram a reunir e sistematizar suas experiências com o intuito de facilitar o processo e aumentar o rendimento esportivo. Assim, se estruturou as bases e os princípios do treinamento esportivo ou periodização do treinamento (BARBANTI et al., 2004).

Sabemos que o treinamento exige regularidade e planejamento das cargas imposta em cada sessão de treino. Sendo assim, o atleta remador de alto nível em provas de longa distância, procura melhorar seu VO2max, limiares metabólicos, economia metabólica, flexibilidade e potência muscular, mas em níveis intermediários a fim de não aumentar riscos de lesão por volume demasiado e prejudicar todo o processo de treinamento. Nosso corpo pode ser estimulado de várias formas, gerando adaptação neuromusculares, cardiovasculares e respiratórias.

Portanto é importante compreender como o organismo reage aos estímulos em termos agudos e crônicos. E, nessas adaptações orgânicas, é que residem os grandes objetivos do treinamento ou desfechos primários das intervenções de treinamento. Um estudo publicado pela Federação Espanhola de Atletismo (2020) mostrou que o volume de treino não interfere na recuperação rápida ou lenta do organismo, pois o que altera a regeneração é a intensidade e a densidade das cargas de treino.

Vamos primeiramente conceituar duas variáveis importante para elaboração dos treinos regenerativos, uma é a intensidade e a outra a densidade. Você sabe a diferença entre elas?

De acordo com Bompa (2012) a intensidade, classicamente conhecida como o componente qualitativo da carga, pode ser definida como o gasto de energia ou trabalho produzido por unidade de tempo (potência), por exemplo, a demanda de ativação neuromuscular de um exercício. Quanto maior a ativação neuromuscular maior de um exercício, maior será sua intensidade.

A tão valorizada intensidade se manifestará de formas diferentes. Em atividades cíclicas como nos esportes a remo (canoa, SUP, Surfski..) a intensidade se manifesta a partir da velocidade.

A densidade é a relação de tempo entre a fase do estímulo de exercício e a fase de recuperação, podemos analisar a densidade dentro de uma sessão, onde, nos treinamentos de força, analisaremos o tempo de recuperação entre as séries. E, nos treinamentos intervalados ´´tiros´´ que envolvem o corpo todo, tipicamente treinos de velocidade, serão o tempo de recuperação entre os tiros, nesse caso quanto menor o tempo de recuperação em relação a intensidade dos estímulos, maior será a densidade da sessão. Podemos também analisar a densidade do estímulo entre as sessões de treinamento, neste caso quanto menor o tempo de recuperação entre uma sessão e outra, mais denso é o ciclo de treinamento.

Vale ressaltar que a densidade possui íntima relação com a intensidade, pois quanto maior a intensidade geralmente maior será o tempo de recuperação.

Assim meus amigos quando surge aquela sessão de treino leve ou regenerativo na sua rotina, seu treinador quer que você reme em baixa intensidade com o objetivo de descansar o corpo sem perder o condicionamento e restaurar importantes marcadores;

  • Fisiológicos (frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal, consumo de oxigênio),
  • Psicológicos (percepção subjetiva do esforço, percepção da recuperação, percepção de dor e distúrbio de humor)
  •  bioquímicos (creatina, glicogênio, citocinas).

         Pois negligenciar o tempo de restauração metabólico (hormônios, substratos, células de defesa…) antes de submeter a uma nova sessão de treino ou competição, pode impedir o organismo de manter seu estado de equilíbrio, maximizando os riscos de lesões e queda de desempenho. Se o treinamento regenerativo for associado a uma boa alimentação, hidratação, qualidade do sono e aos treinos fortes o atleta terá significativas mudanças psicológicas, cardiorrespiratória, hormonal e neuromusculares.

Lembre-se que treino leve também faz parte do processo evolutivo do seu desempenho. Deixe o ego de lado e públique seu 6km em 1hora (por exemplo) aproveite para lapidar sua técnica.

´´O treinamento físico é um processo responsivo e progressivo´´

Profº Paulo Vasco

    Até a próxima, galera!

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