
Tradicional Corrida de Canoas Caiçaras abre semana de aniversário de Ubatuba
Picinguaba, em Ubatuba (SP), sediou a tradicional Corrida de Canoas Caiçaras, evento que abriu a semana ... leia mais
Existem dias em que a gente senta para trabalhar, pesquisar e escrever, e existem dias em que você abre o computador e o algoritmo do YouTube “acerta o alvo”e nos entrega um presente. Hoje foi um desses dias. Recebi uma indicação do canal Southern California Outrigger Racing Association (SCORA) e me deparei com uma cápsula do tempo: um documentário original, com imagens da época, sobre a primeiríssima edição da Catalina Crossing, em 1959, a competição que trouxe a canoa polinésia para a Califórnia (EUA).
Assistindo ao vídeo, a primeira coisa que salta aos olhos são as canoas. Malia e Leilani, duas wa’a esculpidas em troncos de madeira Koa, trazidas diretamente do Havaí. E os remos? Peças rústicas de madeira, pesadas, muito distantes da ergonomia e leveza com que estamos acostumados a remar hoje em dia! Cada remada parece exigir o dobro da energia! É a essência pura do nosso esporte, em sua forma mais bruta e autêntica.
O documentário registra o nascimento de uma cultura no continente americano. A história começou com a visão do waterman havaiano Albert “Toots” Minvielle, que sonhava em recriar a mítica travessia havaiana da Molokaʻi Hoe na costa da Califórnia.
A corrida de 1959 foi montada como o desafio definitivo: os mestres contra os aprendizes. De um lado, a equipe do lendário Waikiki Surf Club, do Havaí, remando na icônica canoa Malia. A personificação da tradição e da experiência. Do outro, os novatos californianos do Newport Aquatic Center, surfistas e guarda-vidas cheios de força e coragem, mas com pouca experiência em travessias de oceano, remando na Leilani.
A travessia de 48 quilômetros, de Avalon a Newport, foi brutal. Uma névoa densa, a ausência de GPS e a navegação feita na base da bússola e da intuição transformaram a competição em uma verdadeira aventura. Como o vídeo mostra, a experiência havaiana prevaleceu. A equipe do Waikiki Surf Club completou o percurso em 5 horas e 53 minutos, sagrando-se a primeira campeã da Catalina Crossing.
Mas a vitória, no fim das contas, foi de todos. Aquele evento acendeu uma chama que nunca mais se apagou, dando origem a dezenas de clubes e a uma comunidade que hoje se estende por toda a costa e pelo mundo.
Assistir a este documentário é conectar-se com as raízes da nossa paixão e uma aula sobre coragem, o espírito de Aloha e a camaradagem que definem a canoagem polinésia. Boa viagem!