Lançamento oficial do documentário Travessia Mar de Dentro
Considerada uma das maiores travessias de SUP já realizadas no Brasil e no mundo, feito realizado pelo ... leia mais
Pelo segundo ano consecutivo conseguimos reunir um grupo de amigos remadores para realizar a travessia de 34 km entre os municípios de Santos e Bertioga – via canal de Bertioga.
Esta travessia, de caráter não competitivo, tem tudo para se tornar uma grande confraternização, pois reúne remadores de diversas cidades litorâneas, da capital e também do interior do estado de São Paulo, que vem até Santos para participar do desafio.
O trajeto é bastante interessante, pois tem duas saídas para o mar, uma em Santos e outra em Bertioga. Entre esses dois pontos percorre-se o canal de estuário, que também faz ligação com o maior porto da América Latina, depois, seguindo rumo ao norte, entramos no chamado canal de Bertioga. Eles fazem parte de uma imensa bacia hidrográfica formada por água salobra, que é abastecida pelo mar e pelos rios de água doce que banham a região. O trajeto pelos canais segue serpenteando por entre manguezais bem preservados, ao longo de largos bem extensos, cujas margens podem ter mais de 100 metros.
Foi necessário um estudo para tentar definir o melhor horário para o início da travessia, visto que teríamos variações de marés de lua cheia, com grandes correntezas. De acordo com o início de subida e descida e também levando em conta o ritmo médio de um grupo que poderia ser bastante heterogêneo, definimos o horário de entrada na água, tendo em mente que, invariavelmente, pegaríamos trechos de maré contrária, provavelmente na parte final da travessia.
Cada remador teria que ser responsável pela sua autossuficiência em relação à hidratação, alimentação e suplementação durante todo o trajeto. Sendo assim, era essencial a utilização de sacos estanques amarrados nas pranchas com lanches, barras de proteínas, gel de carboidrato, entre outros e, é claro, muita água (cerca de 5 litros por pessoa) – pois as temperaturas aguardadas eram altas e a maior preocupação era com o desgaste devido à desidratação.
A análise da meteorologia foi essencial durante a semana e principalmente no dia anterior à travessia, pois nesta época de forte calor é muito comum a ocorrência de tempestades com fortes ventos e raios. A previsão destas tempestades já inviabilizaria toda a travessia.
Com tudo acertado, na data marcada o grupo se reuniu no Canal 6, em Santos, em frente à Guardaria Sup Six – que disponibilizou gentilmente uma barraca na praia para que pudéssemos organizar todos os nossos equipamentos. Todos os detalhes foram acertados, pranchas, remos, equipamentos de segurança, alimentação e saímos por volta das 9h.
Foi definida também a estratégia de realizar somente duas paradas – em pontos específicos ao longo do trajeto – para um breve descanso, alimentação e suplementação e também para juntar o grupo novamente.
Esta primeira perna era vista como a mais complicada devido ao tráfego intenso de navios no porto e das balsas entre Santos e Guarujá e também porque, segundo a carta de maré, pegaríamos a parte final da maré baixa, uma pausa e provavelmente o início da alta. A ideia era tentar entrar no canal com uma maré neutra ou tendendo a subir. Apesar destes detalhes teóricos o trajeto até a Base Aérea de Santos (11 km) foi bastante tranquilo, com pouca ondulação no canal, alguma maré contrária e pouca movimentação de navios. A parada na base aérea nem sempre é muito amigável, pois é uma área restrita, onde não é permitido o desembarque. Apesar disso, os militares acabam deixando, mas sob a condição de ser uma parada rápida e por isso não conseguimos aproveitar muito este descanso.
Conforme as previsões, já iniciamos este segundo trecho com a maré a nosso favor. Com isso as velocidades foram bem maiores e também com um visual mais bonito, pois a remada se deu em um ambiente mais amigável e com vegetação cada vez mais preservada. Apesar dos grandes navios terem sido deixados para trás, começamos a conviver cada vez mais com grandes lanchas, iates e jet-skis, visto a proximidade e existência de inúmeras marinas na região. O sol já estava castigando bastante e no terço final do percurso a entrada de um vento contra ajudou a deixar a remada ainda mais cansativa. A parada deste segundo trecho foi em uma prainha de mangue, aos 23 km em um local bem sombreado e fresco.
Agora descansamos de verdade. Nos hidratamos e comemos bastante. Demos alguns mergulhos, deitamos sob as areias finas do manguezal e ficamos por cerca de meia hora por ali. Com as energias recarregadas e todos os bags de água cheios estávamos prontos para a última parte do trajeto. Este realmente foi, como já esperávamos, o mais difícil. O cansaço estava acumulado e o sol inclemente com todos. A única saída era, de tempos em tempos, cair de propósito nas águas do mangue, para que o corpo desse uma resfriada. Além disso, esta última perna teve as correntes de maré e também os ventos contrários e mais fortes de todo o percurso.
Apesar de todo o desgaste, os remadores aos poucos foram chegando ao Forte de São João de Bertioga e por volta das 15h estávamos todos por lá, depois de 34 km percorridos. Também já estavam por lá nossa equipe de apoio de terra, que seria a responsável pelo nosso retorno. Finalizamos todo carregamento e amarração das pranchas e canoas nos carros e logo partimos para um restaurante na beira do canal. Depois de quase 6h de remada sentar para tomar cerveja e refrigerante gelados, porções de batata frita e carne de sol, almoçar um PF com bife acebolado não tem preço. Muita conversa boa, muitas risadas e lembranças e por ali ficamos algumas horas até que chegasse a hora de partir de volta para casa, com energia e espírito renovados por mais um desafio superado.
É isso pessoal, agradecemos aos nossos anjos protetores por mais um dia de travessia, aos nossos parceiros Kiwi Paddle e Sup Six Guarderia e equipes de apoio de terra. Aos nossos amigos remadores que participaram: Rodrigo Morette, Rodrigo de Deus, Caio Coutinho, Marcelo Bullo, Roberto Melchior, Arlindo Florentino, Robson Cavalcante e João Carlos. Àqueles remadores que estavam com a viagem marcada e equipamentos em cima do carro, mas que de última hora tiveram que abortar: Ricardo Padovan e Renato de Jundiaí. Aos outros remadores que não puderam estar presentes por fatores diversos e principalmente aos nossos familiares que são a base de tudo que fazemos. Ano que vem tem mais, não vamos deixar morrer este desafio, vamos fazer ele anualmente como forma de confraternização, de preferência em uma época mais fria e com maré minguante ou crescente. Até breve!
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TRAJETO PERCORRIDO
GALERIA DE IMAGENS
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