Praia Grande recebe 3º Festival Aquático neste domingo (14)
Canto do Forte, em Praia Grande (SP) recebe neste domingo (14) o 3º Festival Aquático com provas de ... leia mais
No final de semana li uma entrevista no site da Hardcore com Rodrigo Pacheco, proprietário da construtora Nosso Lar, que tem forte atuação no litoral de São Paulo.
Quem acompanha o surfe de competição já deve ter percebido a que construtora patrocina e apoia vários surfistas, desde nomes consagrados, como Adriano de Souza, a novos talentos, como Dudu Motta, e até mesmo nosso bicampeão mundial de SUP Wave pela ISA, Luiz Diniz.
A entrevista joga luz a uma constante reclamação que ouvimos de surfistas e organizadores de campeonatos: a de que as empresas do segmento investem bem menos do que poderiam, a ponto de um empresário de outra área, no caso, a construção civil, ser o patrocinador de uma das maiores equipes do Brasil.
Será exagero? Bem, veja o que disse a mais recente contratação da Nosso Lar, Miguel Pupo, em seu perfil no Instagram e tire suas conclusões:
“Apesar da empresa não ser do segmento do surf, (a Nosso Lar) investe mais que muitos que só se aproveitam do nosso esporte e estilo de vida”.
Se isso acontece com o surfe, que tem um mercado milionário, tornou-se olímpico e atrai a atenção das massas, o que dizer de seus “primos”, o stand up paddle, va’a e paddleboard, por exemplo?
Sei que tem gente que se ilude acreditando que o mercado do surfe um dia vai olhar com carinho pra esses esportes e então apoiá-los. Mas o que os fatos mostram é uma realidade bem diferente. Se atletas e fãs do surfe clamam por mais apoio, o que dizer de atividades que, apesar da mesma origem e lifestyle, não são encaradas nem como “surfe” por essas pessoas?
Lembro de uns anos atrás, quando trabalhava na redação de um site de surfe e “ousei” colocar entre os destaques uma chamada para uma matéria sobre va’a (isso bem antes da explosão que testemunhamos atualmente) no que fui prontamente repreendido pelo editor-chefe: “Cara, você colocou uma matéria de canoagem na capa do site, nada a ver!”, ele disse, removendo imediatamente o assunto da home. E se nas redações existe essa visão, o que dizer de outros setores…
Não quero me aprofundar aqui em questões filosóficas e nem esse é o foco deste texto, ainda que se você pesquisar só um pouquinho, vai descobrir que o surfe, quando descoberto pelos europeus, era praticado nas mais diferentes formas, das canoas às alaias. Aliás, tudo começou com as canoas.
Mas, voltando ao tema, a lição que o Rodrigo Pacheco nos deixa é a de que não necessariamente empresas do nosso segmento serão as protagonistas de nosso desenvolvimento – ainda que isso soe um contrassenso.
Mas o fato é que o mercado dos watersports ainda é muito pequeno. Sim, tem gente que explora nosso lifestyle e não devolve para o esporte aquilo que poderia devolver, mas tem gente que ajuda como pode. Só que acredito que podemos ir além e mais rápido.
Sei que tem muito empresário praticante de SUP, va’a, surfski, paddleboard, etc, que curte muito esse lifestyle. Eu conheço alguns e talvez você também. Podem não ter o mesmo tamanho da Nosso Lar, mas, sabemos que a união faz a força. Além disso, mesmo não sendo diretores de companhias, podem ser as pessoas que nos ajudarão a abrir a porta certa. Já é alguma coisa.
O Rodrigo percebeu que patrocinar um surfista o fez se sentir mais completo do que comprar mais um carrão novo. Nesse processo ele fortificou a imagem institucional de sua empresa mas, acima de tudo, fortaleceu a conexão com um lifestyle de que que tanto gosta.
E se olharmos para além de nosso segmento em busca de empresários que admirem nosso lifestyle?
Quantos empresários também curtem o nosso estilo de vida e até praticam nossos esportes? E se eles forem encorajados a mergulhar mais fundo, seguindo o exemplo da Nosso Lar. E se todos nós, atletas, organizadores e federações, mostrarmos a essas pessoas que elas podem ocupar um papel de protagonistas dessa história?
Pense nisso.