Surf City Surf Dog | Augusto e Parafina estão na área!
Direto da Califórnia, onde compete neste final de semana ao lado de seu parceiro, Parafina, Augusto ... leia mais
Figurando entre os maiores nomes da va’a mundial, o taitiano Kevin Ceran Jerusalemy, também conhecido como “Kevin CJ”, está sessa semana no Brasil ministrando clínicas em diferentes cidades. A turnê começou em Florianópolis, no último domingo, e segue para Santos, Ilhabela e Caraguatatuba onde, além de clínicas, Kevin participará do Aloha Spirit Festival, fazendo sua estreia em competições brasileiras.
Durante sua passagem pela “Ilha da Magia”, Kevin conversou com Luciano Meneghello, diretor de conteúdo da plataforma Aloha Spirit Midia, sobre a popularização do esporte criado por seus ancestrais no Brasil e também sobre o movimento encabeçado por ele e outros atletas de elite da canoagem polinésia que culminou com a realização de uma prova organizada por eles com mais de 400 inscritos, a Save Va’a. Confira:
Sim, é a primeira vez! Gostaria de agradecer a meus amigos brasileiros por tornarem essa viagem possível. Estou muito animado por estar aqui. É um prazer compartilhar minha experiência e minha paixão pela va’a.
Estou impressionado com o número de pessoas que remam de va’a no Brasil, acho que tem mais gente praticando aqui do que no Taiti! Existe uma diferença na parte técnica, claro, o esporte é recente em seu país. No Taiti temos um número maior de pessoas com mais conhecimento, mas esse tipo de intercâmbio que estamos fazendo aqui, clínicas comigo, com o Steeve, entre outros atletas de ponta, é muito importante para os brasileiros desenvolverem sua técnica e um dia vencerem os taitianos.
Ok. Eu me reúno com um grupo de remadores onde conto um pouco da minha história na va’a e então abordo conceitos técnicos e fundamentos do esporte. Em seguida, vamos para água onde posso acompanhar cada um dos participantes, passando orientações e corrigindo movimentos e posturas.
Isso mesmo. Estou realmente muito animado. As clínicas em Florianópolis estão sendo ótimas e não vejo a hora de conhecer mais pessoas nas próximas paradas. Também vai ser muito divertido competir ao lado de amigos brasileiros no Aloha Spirit. Ouvi dizer que é um dos maiores festivais de esportes aquáticos do mundo e estou curioso para conhecer o evento.
Primeiramente, quero deixar claro que não é um movimento de atletas contra organizadores. Mas uma situação em particular nos fez entender que precisávamos nos unir mais para manter a va’a dentro daquilo que entendemos que é a maneira como esse esporte precisa ser conduzido no Taiti. A Te Aito e a Super Aito são muito importantes dentro da nossa tradição, mas nos últimos anos, com a entrada de um novo sócio, esses eventos começaram a realizar mudanças que não faziam sentido para nós, atletas. Além de promessas que nunca se cumpriam. Eu, o Steeve (Teihotaata) e outros nomes importantes da va’a, fizemos várias reuniões com eles, alertando sobre o descontentamento geral. Eles (os organizadores da Te Aito) diziam que iriam nos atender, mas nunca cumpriam as promessas. A gota d’água foi quando disseram que nós não éramos importantes! Quando ouvimos isso, dissemos: “Ok, basta! Não iremos mais participar dessa prova”. Em seguida, anunciamos que iriamos realizar uma prova entre amigos no mesmo dia da Super Aito, fazendo o trajeto original da prova, pois até isso eles haviam mudado! Para nossa surpresa, tivemos uma adesão incrível, não só de remadores, como de empresas interessadas em patrocinar a competição e foi assim que nasceu a Save Va’a.
Sim! Foi uma experiência muito impactante e diria até espiritual porque a Super Aito acabou sendo cancelada pois o mar estava muito agitado no trajeto em que a prova deles seria realizada, enquanto para nós as ondas não chegaram tão fortes e conseguimos realizar prova sem maiores problemas. Além disso, o sentimento de união entre todos era evidente. É o que chamamos de “Taho’e”, quando todos na canoa remam em uma sincronia tão forte que se transformam em uma mesma pessoa. A Save Va’a foi assim. E agora planejamos fazer a prova novamente, ano que vem e ela possivelmente passará a se chamar “Taho’e”.