Kirymurê é ‘Fita Azul’ do Desafio Salvador – Morro de São Paulo 2022
Kirymurê Outrigger de Salvador (BA) foi a grande campeã do Desafio Salvador - Morro de São Paulo 2022. ... leia mais
Aloha, Galera! Estamos finalizando nossa série de artigos exclusiva para a plataforma do Aloha Spirit Mídia e se você olhar para trás verá quanta informação importante adquiriu. Hoje você já é um remador diferenciado, conhecendo desde a história do va’a até os diversos tipos de remo.
Será que agora não é hora de competir? Em qualquer nível de competição, saber as regras é algo importante na busca de resultados. Então vamos estudar quais são estas regras e detalhes?
Primeiramente, é importante que você entenda a estrutura das organizações responsáveis pela criação das regras, bem como, a regulamentação do esporte de va’a no Brasil. Geralmente, o esporte se organiza localmente através de clubes/bases ou associações esportivas. Neste nível local de clube, já existe uma organização bem definida com o atendimento de regras e procedimentos necessários para um bom andamento deste grupo. Então se você já faz parte de um clube de va’a, já terá experiência com o entendimento das regras deste clube. Sempre que tiver dúvida você deve buscar ajuda com o seu treinador e/ou responsável do clube.
Quando vários clubes começam a ter um alinhamento de pensamento e procedimentos, é comum que eles se organizem em associações dentro de uma cidade ou até mesmo em federações na esfera estadual. As federações regulamentam o esporte em seu estado, bem como, criam regras e procedimentos para os clubes e também para as competições.
Quando várias federações se organizam em prol do esporte é criada uma confederação de abrangência nacional. A confederação regulamenta o esporte criando regras e procedimentos, bem como, as competições de nível nacional. No Brasil, a confederação responsável pela regulamentação do va’a é a Confederação Brasileira de Va’a (CBVA’A) com sede no Rio de Janeiro. Antes da CBVA’A, a regulamentação do esporte no país era realizada pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa).
Quando um atleta necessita de ajuda ou apoio referente ao esporte de va’a, ele deve primeiramente procurar a organização local em sua cidade, geralmente o seu clube ou sua associação. O responsável pelo clube ou presidente de associação, irá resolver a situação do atleta, ou irá procurar auxílio na esfera estadual, no caso a federação de va’a daquele estado. Caso esta federação necessite de apoio, ela deverá solicitar a confederação que por sua vez, irá se basear nas suas regras e regulamentos ou pedir orientação a International Va’a Federation (IVF). Veja no quadro abaixo o fluxo das organizações esportivas desde os atletas até a IVF.
As competições no Brasil, são regidas por diretrizes estabelecidas pela CBVA’A, que por sua vez, segue os padrões definidos pela IVF. As competições possuem um comitê, que geralmente é formado por um diretor de prova, um diretor técnico e um diretor de segurança.
Segundo consta no regulamento do campeonato brasileiro, o diretor de prova é a pessoa responsável por toda a competição juntamente com o organizador do evento, ele geralmente é indicado pela própria CBVA’A. O diretor técnico, geralmente é um árbitro oficial da CBVA’A ou um membro do seu comitê. O diretor de segurança é um membro escolhido pela organização do evento e será o responsável por definir e garantir o atendimento dos procedimentos de segurança da competição.
Não deixe de navegar pelo site da CBVA’a em: cbvaa.com.br para maiores detalhes e informações. Vamos ver agora os detalhes das modalidades competitivas do va’a.
Nesta seção vamos aprender quais são as modalidades esportivas regulamentadas para competições no Brasil, além de detalhes referentes a padronização dos equipamentos para cada uma destas modalidades.
Assim como a IVF, a CBVAA reconhece duas modalidades esportivas para competições, sendo elas, maratona e velocidade. A modalidade de maratona é aquela onde as competições ocorrem em distâncias mais longas, com o mínimo de 5 Km de percurso. Já a modalidade de velocidade é aquela onde as competições ocorrem em distâncias reduzidas, entre 500 até 1500 metros.
As competições na modalidade de maratona, por serem realizadas em percursos maiores, acontecem em locais mais abertos e sem delimitações geográficas predefinidas. Devem ter seu percurso demarcado por boias de contorno, ou podem utilizar acidentes geográficos, como por exemplo contornar ilhas, ilhotas, pontes, entre outros. Geralmente são realizadas em mar aberto, onde a segurança é o principal ponto a ser observado. Veja abaixo um exemplo de percurso na modalidade de maratona.
Já as competições na modalidade de velocidade, são realizadas em um ambiente protegido e sem grandes influências de ondulações. O objetivo das competições de velocidade é ranquear os atletas mais velozes em um curto percurso, geralmente de 500, 1000 e 1500 metros. O ambiente de competição é criado com várias raias identificadas e separadas com pequenas boias e bandeiras.
A estrutura de competição poderá ser montada com até 12 raias, onde competem até 6 atletas ou equipes. Uma raia é utilizada para ida e outra para retorno. As boias de retorno devem ser obrigatoriamente realizadas pela esquerda, com a ama passando pelo lado da boia. A boia nunca poderá ficar entre a ama e o casco. Veja abaixo as especificações de ambiente de provas de velocidade.
A distância total da raia é de 500 metros, com boias de retorno em 250 metros. Para as categorias de 500 metros não existe necessidade de retorno, com a prova sendo realizada em um único sentido. Para as provas de 1000 metros o retorno é realizado em 250 metros, totalizando duas voltas no percurso. Para as provas de 1500 metros o total será de três voltas.
Como o ambiente de prova é montado com até 12 raias, sendo duas delas usadas pelo mesmo atleta ou equipe, somente 6 atletas ou equipes podem competir ao mesmo tempo nas distâncias de 1000 e 1500 metros. Para eventos com mais de 6 atletas ou equipes por categoria, é realizado um sistema de baterias classificatórias. Nas provas de 500 metros a quantidade de atletas e equipes podem ser maiores, isso porque, não existe a necessidade de utilizar uma raia de ida e outra de retorno.
Nas competições de velocidade, qualquer diferença e detalhe de canoas pode ser uma vantagem competitiva para atletas e equipes. Para não permitir que isso ocorra, a CBVA’A realiza parcerias com fabricantes, proporcionando o mesmo modelo de canoa para todos.
Para as competições de maratona, como as largadas são em grandes grupos de categorias, seria difícil proporcionar o mesmo modelo de canoa para todos. Ao contrário das provas de velocidade, a competição com modelos distintos é um diferencial competitivo interessante para o esporte e mercado de fabricantes. Mesmo assim, são realizadas medições de peso e conferência da estrutura das canoas. As Canoas com menor peso devem receber peso extra.
Finalizando esta seção, as categorias unlimited não são permitidas pela CBVA’A em competições oficiais. O padrão nas competições aqui no Brasil é de canoas de casco aberto, ou seja, as OC6.
Nesta seção vamos aprender quais são as categorias oficiais nos eventos do campeonato brasileiro de va’a, bem como, os detalhes em cada categoria.
Dentro de cada modalidade, seja ela de maratona ou velocidade, existem diversas categorias. As categorias são divididas em faixas etárias dentro de cada gênero. Além disso, existe a categoria Parava’a para atletas portadores de deficiência física.
Segundo Luciano Fachini, “…nas categorias de Parava’a existe a classificação funcional. Essa classificação garante que os atletas sejam divididos em categorias de acordo com seu nível de comprometimento da mobilidade, sendo assim, os atletas competem em condições de igualdade quando inseridos no mesmo nível. Existem três classificações, VL1 (mobilidade somente nos braços), VL2 (mobilidade de tronco, abdômen e braços) e VL3 (mobilidade de braços, tronco, abdômen e pernas)…“.
Geralmente, a CBVA’A realiza os eventos competitivos de va’a separando as modalidades de maratona e velocidade em eventos distintos. Outra separação é com relação a modalidade de maratona, onde a CBVA’A separa competições de equipes (V6) das competições individuais e em duplas (V1, V1R e V2R).
Na próxima imagem, é possível verificar distintamente todas as categorias, tipo de embarcação, limite de idades e suas respectivas modalidades.
Ao final de cada ano, a CBVA’A reconhece os campeões das diversas categorias e modalidades, divulgando o ranking nacional. Com base neste ranking, os melhores atletas e equipes são selecionados para participarem dos campeonatos sul-americano e mundial. Somente os atletas e clubes filiados a CBVA’A são ranqueados e podem representar o Brasil nestas competições.
Nesta seção você irá entender que para poder participar de uma competição oficial da CBVA’A é primordial que o participante saiba as modalidades e categorias envolvidas naquela competição, como também, entenda o regulamento que orienta e determina as principais regras.
O regulamento de um campeonato e circuito é o documento que irá detalhar, por exemplo, as especificações técnicas das canoas, quais os itens obrigatórios da competição, onde numerar a canoa e/ou equipes, como é realizada a largada e chegada, as regras de ultrapassagem em boias, além de, detalhes de segurança como a quantidade e funções dos barcos de apoio. Vamos verificar abaixo cada um destes itens considerando o regulamento aqui no Brasil.
Especificação Técnica das Canoas: Na modalidade de maratona e nas categorias V6 são consideradas canoas com um casco principal sem cockpit fechado, uma ama e um par de iacos pesando no mínimo 150 Kg (o casco). As canoas que porventura pesem menos que o indicado deverão usar pesos extras até completar os 150 Kg. No caso das categorias V1, V1R e V2R são consideradas canoas com um casco principal, uma ama e um par de iacos sem delimitação de peso. Para a modalidade de velocidade, a CBVA’A realiza a padronização de canoas de um mesmo modelo e fabricante. A CBVA’A ainda não oficializa as canoas V6 unlimited.
Numeração: Geralmente são etiquetas adesivas coladas nos dois lados da proa das canoas, acima da linha d’água. As etiquetas devem possuir 15 cm de largura por 10 cm de altura e suas cores de fundo e letras devem permitir facilmente a sua visualização pela equipe de cronometragem.
Itens Obrigatórios: Na modalidade de maratona o uso do colete é obrigatório, devendo estar de acordo com o peso de cada atleta e em boas condições de uso. Para as canoas V6 é obrigatório o uso de um remo reserva, pelo menos um balde e um bailer. Para a modalidade de velocidade, devido ao fato de serem realizadas em um ambiente controlado, não existe a obrigatoriedade destes itens.
Largada: É realizada entre dois pontos de referência, como por exemplo, boias, lanchas, entre outros. Para identificar o início de prova é realizado o sistema de bandeiras. Bandeira Branca, as canoas devem iniciar a preparação e alinhamento. Bandeira Vermelha, as canoas precisam estar todas em alinhamento entre os pontos de referência e em alerta. Bandeira Verde, identifica o exato momento da largada ao ser levantada ao mesmo tempo que a bandeira vermelha é abaixada. Bandeira Preta, é levantada caso alguma canoa esteja queimando a largada. A bandeira preta durante a prova identifica que uma determinada equipe foi desclassificada devido a alguma infração.
Chegada: Acontece no momento que uma canoa ultrapassa com sua proa a linha de chegada, identificada por dois pontos de referência. Caso duas ou mais canoas cheguem juntas, não sendo possível que o árbitro de linha identifique as posições, elas receberão a mesma classificação de chegada. Na modalidade de velocidade é indicado o uso de photo finish.
Barcos de Segurança: Na modalidade de maratona, é necessário o mínimo de três barcos de apoio. O primeiro é o barco madrinha, responsável por realizar a largada pelo sistema de bandeiras e de indicar o trajeto a frente da canoa líder da prova. O segundo é o barco esteira, responsável por acompanhar a última canoa daquela largada. O terceiro é o barco de segurança (ou apoio), responsável em fazer a segurança entre o barco madrinha e o barco esteira. Caso o barco de segurança precise realizar algum resgate, o barco madrinha deve assumir sua função, cabendo as canoas de liderança percorrem o trajeto original do percurso de prova. Eventos com uma grande quantidade de canoas devem possuir mais barcos de segurança. Em cada barco é indicado um árbitro credenciado pela CBVA’A.
Boias de Percurso: Na modalidade de maratona, as boias são usadas para identificar o percurso de prova, além de poderem ser usadas nas linhas de largada e chegada. As equipes devem obedecer a um sistema de preferência ao realizar uma curva de boia durante o percurso. Não é permitido o abalroamento (choque) entre canoas durante a curva de boia, como também em todo o percurso de prova. Veja na imagem abaixo, as regras de preferência em curvas de boia.
Em situações de curva de boia como as demonstradas acima, a preferência será da canoa de dentro (verde), desde que, o bico da proa esteja à frente da metade da canoa do lado de fora, levando-se como referência a linha mediana da ama da canoa. Para situações diferentes da imagem, deve ser consultado o livro de regras da IVF.
Na modalidade de velocidade, as boias são usadas juntamente com bandeiras para identificação de cada raia e retorno. Como cada canoa possui sua própria raia, não existe necessidade de definição de preferências de passagem.
Normas de Conduta: Visando manter a boa convivência entre todos os participantes, em qualquer competição ou evento esportivo existem regras referentes a conduta de atletas, treinadores, familiares e patrocinadores. É proibido agredir, xingar, fazer gestos obscenos, tanto na competição quanto em hotéis ou arredores. Caso estas regras sejam desobedecidas, medidas disciplinares poderão ser adotadas.
Desclassificação: Pode ocorrer caso algum atleta ou equipe desrespeitem as regras, normas de conduta ou realizem alguma ação para obter vantagem indevida. As desclassificações podem ocorrer também caso algum atleta ou equipe recebam ajuda externa, como por exemplo, receber um remo reserva, ajuda em procedimentos de huli, entre outras. Estas infrações podem ser identificadas pelos árbitros oficiais presentes nos barcos de apoio, bem como, serem identificadas por atletas e equipes participantes da prova, desde que, devidamente comprovadas. Todo ato de infração permite defesa.
Nas competições existe o que chamamos de briefing de prova, que é uma reunião entre o diretor técnico de uma modalidade com todos os atletas e equipes. É responsabilidade de todos os atletas das categorias V1, V1R e V2R, bem como, o capitão e/ou leme de uma equipe a participação no briefing de prova. No briefing o diretor técnico repassa as principais informações da competição.
Finalizamos aqui os quatorze artigos escritos exclusivamente para a plataforma do Aloha Spirit Mídia, onde acreditamos ter ajudado na formação de remadores conhecedores deste belíssimo esporte. Não deixem de utilizar esse material como apoio aos seus estudos, bem como, compartilhem com seus amigos remadores.
Um Big Aloha para todos vocês que acompanharam até aqui essa versão do Curso Básico do Va’a.
OBS: Para maiores informações sobre o curso faça uma vista em nosso Instagram @cursovaa e mande um direct.
As referências para este artigo tem origem no Curso de Árbitros realizado em 2018 pela CBVAA. Abaixo foto com Fagner Magalhães (esquerda) Ex Presidente da CBVAA, André Leopoldino (centro) e Chris Lentino (direita) instrutora do curso.