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Acontecimentos trágicos e recentes envolvendo as forças da natureza no mar reforçam a importância de se ... leia mais
Aloha, Galera! Agora que já sabemos identificar as cinco fases da remada, vamos entender melhor como devemos posicionar o corpo durante nossa atividade?
Para começar este oitavo artigo, lembre-se que a separação do ciclo de remada em fases existe para facilitar o entendimento de todo o movimento. Quando separamos nosso movimento em partes distintas, fica mais didático e fácil de entender como nosso corpo deverá estar posicionado. Então, caso você ainda não tenha lido os artigos anteriores esse é o momento.
Está preparado? Então vamos lá, boa leitura!
Por André Leopoldino, capitão do Tribuzana Va’a e instrutor/desenvolvedor do Curso Básico de Va’a
Tronco, ombros, pescoço e cabeça: O tronco precisa, de preferência, estar sempre ereto, com a coluna ereta. Na posição de descanso ele precisa estar reto, ombros alinhados, pescoço acompanhando a coluna, cabeça direcionada para frente com olhar também para frente. O ombro não deve estar flexionado para cima, para frente ou para trás, ele precisa estar alinhado com o peito. Evite olhar para os braços e remo durante a remada, olhar sempre para a frente. Na hora de flexionar o tronco na fase de alcance, evite curvar a coluna, realizando todo o movimento com a coluna em alinhamento.
Em alguns estilos de remada, pode ser comum deixar o tronco mais ereto e com menor amplitude de remada, mais um maior movimento de giro de tronco. Já em outros estilos, pode ser comum flexionar mais o tronco buscando uma maior amplitude. Desta maneira, aumentando o comprimento de remada, e com isso, aumentando o tempo de pá na água.
O remador do banco 1 deve estar olhando para o horizonte, para o seu destino e sempre atento aos possíveis obstáculos que podem surgir. Os outros bancos devem olhar para os remadores a sua frente, observando em segundo plano os detalhes de movimento de braços, troca de lado, saída da pá da água, entrada da pá na água etc.
Braços e cotovelos: Os braços podem sempre que possível estar esticados e rígidos, evitando dobrar os cotovelos, principalmente na fase de alcance e durante a fase de força. Na fase de retirada do remo da água, ocorrerá a flexão do braço de baixo, mas evitando flexionar o braço de cima. Durante a fase de recuperação os braços voltam a ficar esticados e rígidos. Lembrando que, alguns estilos de remada podem exigir uma maior flexão dos braços.
O Triângulo de Força: Pense como se os seus braços formassem um triângulo, onde o primeiro vértice é a mão de cima, o segundo vértice é a mão de baixo e o terceiro sendo na região dos ombros. O que movimenta durante a fase de força é o triângulo formado por estes três vértices, onde podemos chamar de triângulo de força. Neste movimento os braços não flexionam, ou seja, remamos com os braços rígidos e esticados.
Mão de cima: Durante as fases de alcance e força, o pulso pode estar flexionado, onde aplicamos a força com a parte baixa da palma da mão, empurrando a empunhadura para frente como se fosse um movimento de alavanca. A mão de cima deve estar sempre com os dedos fechados em posição de “concha” com o polegar junto a mão e não para baixo da empunhadura do remo. Devemos evitar abrir a mão e esticar os dedos durante a remada.
Na fase de recuperação a mão de cima poderá realizar um movimento de meia lua, ou como se fosse uma letra D (quando estamos remando do lado esquerdo) ou uma letra C (quando estamos remando do lado direito).
Mão de baixo: A mão de baixo pode estar posicionada em um primeiro momento, a um punho da junção da pá com o cabo do remo (pescoço). Dependendo do estilo de remada a mão pode descer para mais próximo da pá, fazendo com que seja necessário uma flexão maior do tronco ou ela pode subir, proporcionando uma remada com a coluna mais ereta e com uma menor flexão do tronco. Manter a mão sempre com empunhadura fechada, evitando remar somente com a ponta dos dedos.
Coxas, quadril, pernas e pés: Muitos remadores acham que os membros inferiores não influenciam em nada no processo de remada, mas isso não é verdade. Existe um exercício que pode ser feito para demonstrar o quanto eles influenciam no movimento da canoa. Você pode pedir aos remadores fazerem o movimento de remada sem estar com um remo na mão, somente com o simples movimento de remada, se você aplicar força nas pernas e pés verá que a canoa irá se movimentar para frente. Podemos chamar este movimento de “chute”.
As pernas e os pés, conforme descrito acima, possuem função de destaque na remada e em sua técnica. Quando estamos remando do lado direito, a perna direita deve estar posicionada a frente, com o pé plantado no fundo da canoa e exercendo uma força empurrando a canoa para frente.
Enquanto isso a perna da esquerda estará posicionada para trás, embaixo do banco da canoa, mas o pé esquerdo pode exercer também uma força ajudando a canoa a se deslocar para frente.
Para que esse movimento possa ser efetivo, as coxas e quadril podem exercer uma força para frente fazendo com que seu corpo inteiro se conecte com a canoa. Claro que isso vai depender do banco em que você está sentado e da largura do seu quadril, onde suas coxas podem estar pressionadas na lateral da canoa, fazendo uma união de todo o seu corpo com o casco da canoa.
Muitos remadores gostam inclusive de passar parafina de prancha no fundo da canoa para ter uma maior aderência nos pés, fazendo com que o chute seja mais eficiente.
Muitas vezes deixamos de dar importância na troca de lado da remada, ou até mesmo achamos que a troca é um momento de descanso. Devemos ter em mente que para uma remada ser eficiente, a troca é um momento de extrema importância levando em consideração todo o ciclo da remada. Para isso, devemos entender que o tempo envolvido em uma troca de remada deve ser o mesmo tempo despendido na fase de recuperação. Isso porque se o tempo for maior que o da recuperação a canoa perderá velocidade e uma maior intensidade de força deverá ser feita nas primeiras remadas daquele novo lado.
Para que todos os remadores saibam o momento correto de realizar a troca de lado, o banco 3 realiza um comando, que no Havaí é chamado de “hut” e no Taiti de “hee”. No Brasil é comum chamar a troca com o comando “hip”. O banco 3 chama o “hip” geralmente entre a 12ª até a 14ª remada, onde todos os remadores remam mais uma vez para na sequência realizar a troca de lado. Quanto mais treinada e experiente a equipe, mais comum é ser chamado o “hip” com antecedência, geralmente perto de dez remadas.
A troca é feita geralmente trazendo o remo para a frente do tronco do remador, enquanto isso a mão de cima desce para a posição da mão de baixo e a mão de baixo sobe, deslizando o polegar pelo cabo do remo (shaft) até alcançar a empunhadura (handle/top t) e neste momento fazendo a pegada final. Após essa troca de mãos o remador começa com a fase de alcance, iniciando a remada no novo lado. A troca de lado das pernas é realizada simultaneamente a este movimento de troca de lado do remo.
É importante observar, que no momento da troca a equipe de remadores precisa estar em profunda sincronia. Diversos detalhes devem ser considerados pelos remadores e todos precisam utilizar da mesma técnica de movimento de troca. Os remadores devem usar sua visão periférica para observar se todos estão realizando o mesmo movimento de troca, desde retirar o remo da água, realizar a troca das mãos e iniciar todos juntos com a fase de alcance em um novo ciclo de remada.
É bastante detalhes né pessoal? Lembre-se que, todos estes assuntos podem depender de diversos fatores e situações, sendo assim, converse sempre com o instrutor do seu clube, ele é a pessoa mais indicada em retirar as suas dúvidas. No próximo artigo vamos entender as funções e as responsabilidades de cada remador na canoa. Um big aloha e até o próximo artigo!
WEST, Steve. Outrigger Canoeing The Ancient Sport of Kings – A Paddlers Guide. 2ª Ed. Batini Books, 2010.
Clínica realizada em 2017 em Florianópolis com o Taitiano Nephi Tehiva.