Mirage Original Canoe investe nas canoas V3
Mirage V3 Moana Toru, a canoa para três remadores fabricada pela Passaúna Composites & Design, está em ... leia mais
Apesar do pouco tempo de existência no Brasil (22 anos) o Va’a já pode ser considerado uma das mais populares modalidades de canoagem em nosso país.
Uma história que começou em 2000, com a chegada de Lanakila, nossa “canoa mãe”, ao Brasil e que em pouco mais de 20 anos tomou conta da costa brasileira e também lugares bem distantes do mar, como nosso Distrito Federal, Brasília.
Mas é pouco provável que va’a brasileiro alcançaria tamanha popularidade, em tão pouco tempo, não fosse a visão do canoísta Fábio Paiva e das pessoas que acreditaram em seu projeto de popularizar uma modalidade ‘exótica’ de canoagem naqueles primeiros anos.
Naquela virada de milênio, quando ninguém sabia o que era “canoagem havaiana”, é preciso reconhecer que o trabalho de Paiva e a visão estratégica da então secretaria de esportes de cidade de Santos, foram fundamentais para que a modalidade atraísse mais adeptos.
Em 2001 não era exatamente “fácil” convencer pessoas a investirem quase 20 mil reais em uma canoa exótica de 14 metros, inteiriça (o sistema bipartido ainda não existia) e muito pesada. Fora a logística para transportar essas canoas e guarda-las em um espaço adequado.
Hoje, com guarderias sendo criadas quase semanalmente em toda costa brasileira, fica até difícil imaginar como foi complexo popularizar esse esporte e impedir que ele não corresse o risco de se tornar apenas um “passatempo exótico” entre amigos em alguns pontos isolados do litoral brasileiro.
Fabio Paiva conta que após produzir as primeiras canoas, extraídas de um molde feito a partir da Lanakila, ficou evidente que seria preciso bom trabalho de divulgação para atrair adeptos.
Foi então que a chegada de outra modalidade, a corrida de aventura, trouxe a oportunidade perfeita para a popularização do va’a:
“Nessa época, a corrida de aventura estava se popularizando e o Alexandre Freitas, que estava trazendo a modalidade para o Brasil, entrou em contato comigo para fabricar canoas e dar clínicas de remada”, conta Fabio Paiva.
A princípio, a ideia seria colocar modalidades “convencionais” de canoagem nas provas, já que ninguém sabia o que era o va’a. No entanto, Paiva percebeu que esta poderia ser a porta de entrada perfeita para popularização da canoagem polinésia.
“Naquele ano, o rafiting, que é uma modalidade de remada coletiva, estava em alta e eu fazia parte da equipe campeã brasileira. Sabia que existiam equipes muito boas que poderiam ser atraídas para a canoa havaiana e estava à frente do treinamento de remadores para as principais provas de corrida de aventura do Brasil. Tinha dois nichos muito bons na minha mão e foi assim que comecei a divulgar a canoa havaiana”, revela Paiva.
Ainda assim, antes de convencer atletas e organizadores de provas de corrida de aventura a incluírem a canoagem polinésia nas competições, era preciso realizar um evento de lançamento da modalidade. Nascia assim o Vedacit Aloha Santos, a primeira competição de va’a do Brasil.
Paiva considera que uma estratégia primordial para o sucesso daquela primeira competição foi obrigar todas as equipes a terem pelo menos uma mulher:
“Nas provas de corrida de aventura era obrigatória a formação de equipes mistas, mas, naquela época, ainda eram poucos os esportes de ação que efetivamente incentivavam a participação feminina. Vendo o sucesso das mulheres nas corridas de aventura, eu tinha a intuição de que se repetisse esse formato, atrairia essas equipes para a canoa havaiana”, relembra.
E, de fato, Paiva conta que boa parte das 12 equipes inscritas para o Vedacit Aloha Santos, foram formadas muito em parte pelo engajamento de mulheres.
Sendo assim, 12 equipes formadas por remadores de São Paulo e Rio de Janeiro marcaram presença na competição, realizada nos dias 24 e 25 de agosto de 2001.
Na abertura do Vedacit Aloha Santos, foi feito um grande luau, com apresentação de dança havaiana no palco montado na arena do evento, em frente ao Aquário, na Ponta da Praia.
A apresentação ficou a cargo da professora Eneida Paes e Lima, uma das maiores autoridades do Brasil em Dança Polinésia. Fabio recorda que todos os dançarinos usaram trajes originais, trazendo uma aura mágica para o luau.
Como não havia canoas disponíveis para todas as equipes, a solução foi realizar provas divididas em baterias, em dois dias.
No sábado, foram realizadas chaves com provas classificatórias que definiram as equipes que disputariam a final no dia seguinte. O percurso foi de aproximadamente 10 km em mar aberto. As boias de referência, formando um triângulo, mostravam por onde as equipes teriam de passar.
A notícia de que uma “prova havaiana” estava acontecendo em Santos rapidamente se espalhou e cerca de 2 mil pessoas acompanharam a competição na Ponta da Praia.
Na final, que reuniu os times Master Clube Atlético Paulistano, Vit Shop, Kilowea e CDL Bertioga, a largada foi bem acirrada, com canoas se chocando (e nenhum estresse entre os competidores por conta disto!) e algumas até virando.
Ao final, a canoa do Clube Atlético Paulistano foi a primeira a cruzar a linha de chegada.
Primeira equipe a vencer uma competição de canoagem polinésia no Brasil foi formada por Fábio Paiva, Rafael Leão, Eduardo Coelho, Frederico Diez Péres, Leonardo Barros e Ariane.
Everdan Riesco, capitão da “Brucutus Canoagem”, uma das mais antigas equipes de va’a do Brasil em atividade, também estava lá.
Ele competiu pela “CDL Bertioga” (o “embrião” da Brucutus) ao lado de Beto, China, Alexandre, Aline e Careca. A equipe de Riesco faturou o vice-campeonato do Vedacit Aloha Santos.
Riesco, assim como muitos daqueles que competiram naquele histórico agosto de 2001 em águas santistas, foi imediatamente atraído pelo va’a e recorda com carinho da experiência e das amizades feitas:
“Eu fazia triatlo e corrida de aventura quando recebi o convite para participar da prova. A gente não tinha canoa havaiana para treinar, pois eram uma raridade, então, nosso treinamento foi em duas canoas canadenses, cada uma com três lugares! Nessa primeira prova tinha muita gente boa. Lembro do Rafael Leão, Jeferson Libório, Felipe Newman, a Isabel, o pessoal do Rio de Janeiro, o Clovis, a Carmem, o Rogério Martins, Pedro Sena, o ‘Pedroca … enfim … são alguns dos nomes que eu lembro que estavam lá e remam até hoje”, relembra Riesco.
O sucesso do Vedacit Aloha Santos serviu de vitrine para que outros organizadores enxergassem o potencial do va’a. A partir de então, a modalidade foi integrada a provas de corrida de aventura e novos eventos de canoa polinésia começaram a ser realizados pelo Brasil afora, ajudando a popularizar a modalidade até ela se tornar o que é hoje.