Jogos Pan-Americanos: Aline Adisaka e Luiz Diniz ficam com a prata
Aline Adisaka e Luiz Diniz ficam com a medalha de prata no SUP Surf nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023
No último domingo os olhos dos fãs de downwind estavam voltados para o Canal Ka’iwi Channel, famoso canal que separa as ilhas de Molokai e Oahu, no Havaí, onde há 22 anos é realizada uma das mais prestigiosas provas de travessia e downwind do mundo: A M2O.
A prova de 53 km, que começou como um desafio de paddleboard entre amigos, após incluir o stand up paddle teve um crescimento exponencial no número de inscritos, ganhou corpo e importância e passou a atrair a atenção de remadores de todo o mundo.
Não é exatamente uma prova de downwind clássico, os ventos nem sempre sopram a favor, as ondulações surgem de todos os lados e, nos quilômetros finais, não raro, as condições mudam para “Up Wind” (ventos frontais).
Por isso mesmo era aguardada com bastante expectativa a estreia do SUP Foil na prova, uma vez que nessa temporada não teve pra ninguém. Todos os recordes de tempo em provas de downwind no Havaí foram quebrados por remadores de foil.
Primeiro, Zane Schweitzer chocou o mundo ao chegar bem à frente de todos os remadores, de todas as modalidades (surfski, va’a e SUP race) na M2M Crossing, quebrando o recorde da prova. Depois, foi a vez de Kai Lenny quebrar o recorde da “menina dos olhos” de quem ama downwind: a Maui 2 Molokai, novamente chegando muito à frente de todas as outras modalidades. Connor Baxter, que venceu a Unlimited pela oitava vez, completou as 27 milhas com o tempo de 3 horas e 19 minutos, enquanto Lenny, de SUP Foil, fez em 2 horas e 17 minutos. Faltava agora a M2O.
M2O 2018
Derradeiras vitórias foram conquistadas através do SUP Foil na temporada de downwind, mas faltava ainda a conquista da coroa: A M2O.
Todos sabiam que era quase certo que o menor tempo da prova seria conquistado por um SUP Foil, mas, tendo em vista as características do canal de Ka’iwi, a curiosidade era grande em torno de como essas pranchas se sairiam.
Assim, às 7h30 da manhã de domingo, grandes nomes do SUP e paddleboard mundial davam a largada em Molokai e após 2h52m48s Kai Leny cruzava à linha de chegada, em Oahu.
Pela primeira vez na história do M2O, o remador mais rápido da prova não chegava nem de paddleboard e nem de SUP race, mas, de SUP Foil.
Esta foi, de quebra, a chegada mais rápida de todos os tempos na história da prova. O recorde antigo era de 3h59m18s. Ou seja, Lenny quebrou o recorde com cerca de uma hora de diferença!
Atrás de Lenny, a divisão stand up paddle desdobrou-se em uma batalha clássica entre o campeão de M2O do ano passado, Travis Grant, e Connor Baxter, ambos detentores de três títulos na Molokai 2 Oahu. Ao final, Grant remando de SUP Unlimited, chegou à frente de Baxter com o tempo de 4h23m15s (contra 4h38m39s de Baxter), ambos seguidos de perto por James Casey (4h48m42s).
Quando eles chegaram, Lenny estava a quase duas horas na praia…
Clique AQUI e confira os resultados oficiais da M2O
E NO BRASIL?
Por aqui o SUP Foil ainda é pequeno, mas já temos gente muito boa praticando e desenvolvendo equipamentos. Os alicerces também foram lançados pela CBSUP, que ano passado realizou o primeiro campeonato nacional de SUP Foil do mundo durante o Ibiraquera Wave Contest. A prova foi na divisão Wave, vencida por Fernando Novaes “Mizi”.
Entrei em contato com o Ivan Floater que me confirmou que pretende novamente incluir o Foil no IWC, e trabalha nos bastidores para conseguir apoio.
Mas, em relação ao downwind, que é o tema central deste artigo, pode ser que tenhamos uma novidade muito bacana, pois é muito provável o SUP Foil seja incluído na Tríplice Coroa de Downwind. Isso mesmo que você leu.
Conversei pessoalmente com o João Castro e ele na hora comprou a ideia. Nada está confirmado ainda, até porque, estamos um pouco em cima da hora e a logística de um circuito como a Tríplice Coroa é bizarra. No entanto, é bem provável que pelo menos uma das etapas inclua o SUP Foil ou talvez o circuito inteiro.
ÍCONE DO FOIL DESMISTIFICA A DIFICULDADE
Tendo em vista toda essa revolução que está em curso, entrei em contato com um dos pioneiros SUP Foil: o havaiano Zane Schweitzer.
Para Zane esse é um caminho sem volta. O SUP Foil veio para ficar nas provas de downwind e irá crescer bastante nos próximos anos:
“Eu definitivamente acredito no potencial do SUP Foil em mar aberto, pois é muito mais emocionante. Daqui para frente vamos ver mais e mais competições e eventos incluindo o Foil e possivelmente até eventos só dessa modalidade”, disse o havaiano em nossa conversa via troca de mensagens.
Os riscos do Foil, por outro lado, não podem ser descartados, muito menos a dificuldade que essa nova modalidade impõe aos iniciantes.
Mas para Schweitzer tudo depende da maneira como você irá dar suas primeiras remadas no Foil. Ele recomenda fortemente que a introdução a essa modalidade seja feita sob as orientações de instrutor capacitado e acredita que uma vez bem orientado, a evolução do iniciante será mais rápida do que se supõe, bem como a sua integridade física estará resguardada:
“O interesse é cada vez maior. Já dei aulas de SUP Foil em todo mundo e só no Havaí mais de 300 pessoas passaram pela minha escola ano passado. Não é um esporte fácil, mas quando o aluno já tem uma base, seja no surfe ou no SUP, por exemplo, com a devida orientação, a sua evolução é muito rápida”, revela.
MUITO MAIS QUE “ESPORTES A REMO”
Eu particularmente vejo com muito bons olhos a chegada do foil ao race, pois joga luz a uma característica muito importante na cultura de esportes aquáticos como o SUP e até mesmo o va’a e o surfski: o surfe!
Vejo que nos últimos anos têm se relegado a segundo plano justamente o fator que diferencia o SUP (e de novo incluo esportes como o va’a e surfski) de uma modalidade comum de canoagem ou remo. Fala-se muito em remada e pouco na navegação.
Por favor não me entenda mal. Obviamente o ato de remar é intrínseco a esses esportes e absolutamente nada contra isso, mas quero aqui ressaltar nossa essência, pois a ligação com o mar e a possibilidade de deslizar por ondulações e correntes é justamente o que faz dessas atividades únicas e diferentes das tradicionais modalidades de canoagem e remo, tanto na dinâmica da prática, quando em sua cultura.
O va’a e o SUP, bem como o australiano surfski (que não tem esse nome por acaso), têm o surfe em seu DNA. Deixar isso de lado significa ignorar a importância das raízes que sustentam uma bela árvore. Felizmente o SUP Foil, ao que parece, irá resgatar a essência desses water sports à remo e nos salvar do lugar comum.