Live debate o futuro do stand up paddle no Brasil: o esporte encolheu?

Compartilhe
Aloha Spirit Ilhabela 2024 stand up paddle Brasil
Considerado a maior competição de stand up paddle do Brasil, o Aloha Spirit Festival, que já registrou largadas com mais de 300 atletas, tem registrado um número de inscritos cada vez menor nas provas de SUP race. Outros eventos enfrentam o mesmo cenário. O que estará acontecendo? Foto: @rcapotefotos

Na noite da última quarta-feira (16), o Aloha Spirit Tv trouxe um debate polêmico para a comunidade do stand up paddle brasileiro. Conduzida por João Castro, criador e diretor de prova do consagrado Aloha Spirit Festival, a live abordou sem rodeios o atual cenário do SUP no país. Com o título provocativo “O encolhimento do SUP no Brasil”, a transmissão contou com a participação dos atletas amadores Welber Simões de Almeida e Silvana Mondelo, que trouxeram suas visões sobre as complexas razões por trás da queda de participação do esporte em competições.

João Castro iniciou a conversa com um tom de preocupação pessoal e urgência. Revelando dados alarmantes de seu próprio evento, o Aloha Spirit, que viu o número de inscritos no SUP cair de uma média de 180 para menos de 100 no último ano. “Se eu falar pra você que não estou [preocupado], eu estou mentindo”, confessou Castro, estabelecendo a gravidade da situação.

Veja também > Bronze de Aline Adisaka encerra participação brasileira no PASA Games 2025

Ele relembrou com nostalgia as largadas massivas que marcaram o auge do esporte e questionou abertamente o que levou a essa diminuição drástica. Com uma autocrítica, Castro admitiu a parcela de responsabilidade do próprio Aloha Spirit, citando a falta de um cuidado mais atento com as categorias de base, como a Kids. A sua condução foi a de quem está dentro do furacão, buscando respostas não apenas como organizador de eventos, mas como um apaixonado pela modalidade que teme vê-la seguir o caminho de outras que perderam espaço no festival, como o surfski.

Os convidados, Welber Simões e Silvana Mondelo, trouxeram perspectivas que enriqueceram o debate. Suas falas deixaram claro que não há uma única resposta para o fenômeno.

Silvana Mondelo apontou para uma confluência de fatores. O poder aquisitivo foi um dos primeiros a ser mencionado. “A pessoa às vezes tem o dinheiro pra ter uma prancha, mas não tem dinheiro pra participar de campeonato”, explicou, ressaltando que a crise econômica pós-pandemia tornou a participação em um circuito anual de provas um luxo para poucos.

Além do fator financeiro, ela tocou em um ponto nevrálgico: a divisão política no esporte. A existência de diferentes federações e organizações criou um ambiente polarizado, comparando a situação à política brasileira, onde os atletas se sentem pressionados a escolher um lado, o que acaba por afastar muitos do ambiente competitivo.

Welber Simões, por sua vez, trouxe uma visão mais técnica, argumentando que a mudança de padronização das pranchas de 12’6″ para 14 pés foi um marco que iniciou o declínio, impactando diretamente os atletas amadores. Ele se descreveu como um “trabalho de formiguinha”, alguém que ativamente incentiva a participação em eventos menores, mostrando que a paixão ainda existe na base, mesmo que longe dos grandes holofotes.

Competição vs. Lazer: a grande questão

A discussão levantou a pergunta que paira sobre o futuro do esporte: o stand up paddle está, de fato, diminuindo ou o perfil do praticante é que está mudando? A fala de Silvana foi emblemática: “A maioria que pratica o stand up paddle não está nos campeonatos. A gente precisa entender o porquê“.

Essa observação sugere que, enquanto o número de atletas dispostos a arcar com os custos e as complexidades do circuito competitivo diminui, o número de praticantes de lazer pode estar estável ou até mesmo crescendo. A live deixou no ar a ideia de que o SUP pode estar migrando de uma febre competitiva para uma atividade mais consolidada de bem-estar e contato com a natureza.

O desafio, como apontado por todos na live, é entender essa nova realidade. É preciso criar pontes entre o praticante de fim de semana e o evento competitivo, talvez com categorias mais inclusivas, eventos com custos mais baixos e, acima de tudo, um esforço conjunto de marcas ligadas ao stand up paddle, atletas e organizadores. A live promovida não trouxe respostas definitivas, mas cumpriu o papel essencial de iniciar um diálogo indispensável para a sobrevivência e reinvenção do stand up paddle competitivo no Brasil.

Assista à live na íntegra:

Não perca nada! Clique AQUI para receber notícias do universo dos esportes de água no seu WhatsApp

Compartilhe