Nelo descarta realização de Mundial em Portugal
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Quantas pessoas deixam de fazer coisas que tem vontade por acreditar não serão capazes de realizá-las? Bem, esse certamente não é o caso de Fabiano Boghossian.
Deficiente visual, Fabiano tem 34 anos e trabalha como psicólogo lotado no Ministério Público de Penápolis e estava de férias com a família em Santos (SP), no mês de janeiro, quando descobriu que próximo de onde estava hospedado havia aulas de stand up paddle.
Tratava-se da SUP Six, tradicional guarderia e loja voltada ao stand up paddle localizada na Praia da Aparecida, em Santos, comandada pelo water man Rodrigo de Deus.
Profissional de educação física, Rodrigo ministra regularmente clínicas de stand up paddle para iniciantes, na praia, em frente a sua base. Ele conta que numa dessas ocasiões, ao encerrar a aula, foi abordado pela mãe de Fabiano, que lhe perguntou se seria capaz de dar uma aula para o filho dela: “Na hora respondi que sim, que só era preciso ter vontade e que era seria perfeitamente possível, mas que por se tratar de uma condição especial de aprendizado, sugeri que marcássemos a aula para dali a três dias, uma vez que o mar estaria mais calmo”, conta Rodrigo.
No dia e na hora marcada eles se encontraram. As condições estavam excelentes para a primeira aula: mar liso e sem vento.
Antes do início da primeira aula, Rodrigo quis saber mais sobre seu aluno: “Fabiano contou que a falta de visão não lhe impediu de realizar uma série de desafios. Já havia até pulado de paraquedas”, revela o professor, impressionado com a determinação de seu novo aluno.
“Eu fiquei impressionado com a determinação dele. Um cara incrível e foi muita sorte minha ele ter me procurado”.
Os dois começaram a aula na areia, como normalmente é feito. Momento em que o instrutor passa os primeiros ensinamentos sobre o stand up paddle:
“Foi um início de aula normal, porém, eu fui conduzindo os movimentos do Fabiano pelo toque, para que ele sentisse a dinâmica do equilíbrio, uma vez que não pode ver”.
A etapa da areia foi bem tranquila e os dois foram para o mar. Rodrigo conta que, por precaução, pediu a ajuda de mais dois amigos, Rafael e Caio, para ajudá-lo no caso de algum imprevisto. No entanto, tudo correu muito bem e o mar, bem calmo, ajudou bastante também.
“Tudo conspirou a favor, e o Fabio só caiu uma vez da prancha!”, revela.
Após remar um pouco de joelho, para sentir o balanço da prancha, Fabiano ficou de pé e começou a remar normalmente, sendo acompanhado de perto por Rodrigo, que ia orientando seu aluno através do comando de voz:
“Foi emocionante! Estou formado a mais de dez anos e esse foi um dos momentos mais especiais da minha carreira como educador físico”, conta.
Ao fim da aula, Rodrigo propôs mais um desafio: o de surfar alguma marolinha no inside, o que foi de pronto, aceito por Fabiano:
“Colocamos ele de pé no SUP e quando a ondinha se aproximou expliquei que iria lhe dar um pequeno impulso, para ele entrar na marola, e assim foi. Dessa forma ele também pôde experimentar a sensação de deslizar sobre uma onda. Incrível, não tenho nem palavras para descrever”, revelou Rodrigo.
O professor conta que Fabiano já planeja a próxima remada. Como não mora no litoral, ele já está planejando essa remada para o próximo feriado em que ele conseguir viajar de Penápolis para Santos.
O certo é que a tribo do stand up paddle acaba de ganhar mais um membro cujo alto astral e força de vontade inspiram todos ao seu redor.
Bem-vindo Fabiano. Aloha!