Imersão no gelo: usando frio extremo para superar limites

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O waterman havaiano Laird Hamilton em um banho de gelo. Foto: Peter Bohler

Laird Hamilton, Gabriel Medina, Mick Fanning, são alguns exemplos de atletas de alta performance adeptos da imersão no gelo, uma técnica desenvolvida pelo holandês Wim Hof que combate inflamações crônicas, estresse, recuperação muscular e até casos depressão, segundo apontam alguns estudos.

Crioterapia, como é chamada a imersão no gelo, é um conceito que existe há muito tempo. Japoneses fizeram imersão no gelo durante milhares de anos. Porém, Wim Hof permitiu que cientistas o estudassem e realmente descobrissem o que acontece com o corpo.

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Wim passou décadas perseguindo façanhas bizarras, quase todas com o objetivo de demonstrar sua habilidade incomum para suportar o frio extremo: já escalou 6.000 metros do Everest vestindo apenas short e tênis; correu uma maratona descalço no Círculo Polar Ártico; ficou submerso em uma banheira de gelo por quase duas horas. A TV holandesa o apelidou, por isso, de “o homem de gelo”.

Simplificando, o método consiste de uma exposição controlada do corpo humano ao frio extremo associada a exercícios de respiração. Wim credita boa parte do seu sucesso aos exercícios de respiração na imersão no gelo. Ele diz que sua técnica – que envolve uma série de inspirações e expirações profundas e ritmadas seguidas pela suspensão da respiração – é capaz de fortalecer o corpo, melhorar o sistema imunológico e a circulação, prevenir doenças e ajudar a construir foco, confiança e atenção plena. O que é surpreendente: pesquisas respaldam muitas de suas afirmações.

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Wim Hof credita boa parte do seu sucesso em situações extremas aos exercícios de respiração na imersão no gelo

Em 2014, um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences revelou que as pessoas podem aprender a controlar sua resposta imunológica e o sistema nervoso autônomo depois de apenas dez dias dedicando-se a exercícios de respiração, meditação e exposição ao frio, como Wim faz.

No trabalho, 24 participantes – metade deles treinada pelo holandês – receberam injeção da endotoxina E. coli. Aqueles que foram treinados por Wim tiveram resposta inflamatória, imunológica e hormonal diferentes, o que os permitiu combater a infecção significativamente melhor do que o outro grupo.

Wim recomenda tomar um banho gelado, entrar em uma banheira de gelo ou alguma outra forma de submersão na friaca imediatamente depois da sequência de respiração – uma indicação peculiar também apoiada pela pesquisa. “A crioterapia eleva o hormônio norepinefrina”, explica a bióloga Rhonda Patrick. “Isso aumenta o metabolismo da gordura e produz calor”.

O frio ainda reduz a inflamação e alivia a dor crônica criando uma grande quantidade de fluxo sanguíneo e oxigenado órgãos do corpo. Sua resposta imune é colocada à prova porque é um desafio para o sistema imunológico. Você está permitindo que o sangue penetre profundamente em partes do cérebro como os neuro hormônios, que permitem pensar de forma mais eficaz, sentir-se bem, etc.

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Gabriel Medina recentemente postou em sua conta de Instagram fotos suas durante seu treinamento, onde aplica técnicas da imersão no gelo. Foto: Reprodução

Todo esse sangue que entrou em seus órgãos está nutrido. Vai voltar para as extremidades e começar a reduzir as inflamações. É um pouco como uma troca de sangue. É como apertar uma esponja e depois deixá-la absorver novamente. Essa transferência de sangue de um lado para o outro é muito boa. É um impulso de neuroquímica capaz de aumentar nossa dopamina em cerca de 500 por cento. Tudo isso acontece em cinco ou seis minutos”, diz Nam Baldwin, que passou praticamente uma década com o tricampeão mundial de surf Mick Fanning, treinando o atleta para o estresse do surf competitivo através da crioterapia.

Wim oferece seus ensinamentos através de palestras e cursos. Alguns estão disponíveis em seu website – wimhofmethod.com, onde é possível assinar dez semanas de tutorial em vídeos ou comprar o e-book Becomingan Iceman (Virando um Homem de Gelo). Entretanto a maioria dos pesquisadores diz que ainda são necessários mais estudos para comprovar a eficácia desse treinamento. “Parte dos padrões de reação do organismo é compreensível”, diz Pierre Capel, imunologista da Utrecht University, na Holanda. “Porém o conhecimento a respeito dos métodos de Wim ainda não é completo”, finaliza.

Fonte: Go Outside

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