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Uma cientista comportamental da Universidade de Nova York chamada Emily Balcetis publicou recentemente o resultado de um estudo muito interessante, fruto de uma pesquisa de 20 anos sobre as razões por trás da motivação em realizar exercícios físicos (ou a falta de motivação).
Por que para algumas pessoas costuma ser tão difícil atingir objetivos de saúde através dos exercícios físicos do que para atletas profissionais?
Para a cientista, a resposta não está necessariamente ligada à motivação, mas no foco. Segundo Balcetis, boa parte do problema da falta de vontade para se realizar exercícios físicos com regularidade está ligada à maneira como vemos o mundo ao nosso redor.
“Não percebemos que nossos olhos, que achamos que nos dizem a verdade sobre como o mundo realmente é, são, na verdade, parte do motivo pelo qual não estamos caminhando o suficiente ou correndo o quanto gostaríamos e que estamos desistindo de nossos objetivos antes de alcançá-los“, contou à BBC Londres.
A cientista conta que as peças começaram a ser montadas a partir do momento em que ela entrevistou um grupo de atletas olímpicos, tentando entender em que eles pensavam quando estavam disputando uma prova importante.
“Achei que eles seriam grandes ‘consumidores’ de seu mundo visual, prestando atenção nas pessoas contra as quais estão competindo, olhando para frente e para trás, mas me enganei! O que eles fazem é manter o foco na linha de chegada”, revelou.
Veio então a indagação: podemos nós, que não somos atletas olímpicos, aprender a fazer o mesmo e isso pode nos ajudar a melhorar a qualidade de nossos exercícios?
Balcetis elaborou um estudo em que dois grupos de voluntários tinham que caminhar rapidamente para uma meta com pesos nos tornozelos.
O primeiro era um grupo de referência. Eles eram orientados a andar normalmente.
O segundo era o grupo de intervenção, que foi treinado para manter os olhos focados exclusivamente na linha de chegada.
“Dissemos a eles que tentassem não olhar em volta, que eles imaginariam que havia um holofote brilhando bem na linha de chegada, como se você tivesse uma venda ao lado dos olhos e tudo o que você pudesse enxergar é para onde está tentando ir.”
Antes do teste, os dois grupos foram solicitados a estimar a distância até a linha de chegada.
O grupo de intervenção calculou que era 30% mais próximo do que o grupo de referência. E após a tarefa, o grupo de intervenção chegou mais rápido.
“O ritmo deles aumentou 23% e, mais importante, eles disseram que não doeu tanto, 17% menos, e não houve nada diferente no teste, o que mudou foi a sua mentalidade.”
O estudo de Balcetis indica que o foco visual e o foco mental estão conectados. Isso significa que a percepção das pessoas sobre os exercícios pode ser alterada para tornar as tarefas mais fáceis.
“Ao focar de forma restrita sua atenção visual, as pessoas pensaram: ‘Este exercício não será tão difícil. Sou capaz de chegar ao objetivo muito rapidamente. Eu acredito em mim mesmo‘”.
“Essa mudança no foco visual levou a uma mudança em seu foco mental e sua autoavaliação de sua capacidade de fazer este exercício.”
“O legal é que essa tática pode funcionar independentemente de as pessoas já estarem em forma ou não.”
“Se você pratica balé ou ioga, muitas vezes se sugere que para conseguir se equilibrar ou para ser capaz de manter posições que não são naturais é focar visualmente em um ponto.”
“Se você não fizer isso no balé, vai ficar tonto enquanto gira. Se você fizer isso na ioga e não se concentrar em um ponto, vai cair.”
Há muitos casos em que praticamos esse tipo de abordagem visual e descobrimos que isso melhora nosso desempenho.
Mas manter o foco visual por longos períodos pode ser difícil.
Esta não é uma estratégia que funcione durante, digamos, toda uma corrida de 5 km, porque também pode ser algo exaustivo.
“Na verdade, o que descobrimos é que existe um ponto ideal para usá-la: quando você está cansado, naquele momento em que está prestes a decidir se vai jogar a toalha ou seguir em frente, e quando você precisa daquele último empurrão para literalmente cruzar a linha de chegada.”
“Alguns dos que correm mais rápido ou mais longe com flexibilidade alternam entre o foco visual amplo e o foco visual estreito, estreitando-o quando precisam de um pouco mais de energia. O foco estreito é uma ferramenta.”
Mas para que essa ferramenta funcione, a pessoa deve querer se exercitar.
“Para quem estava sem rumo, cuja motivação estava no chão, essa tática não funcionou, então não é mágica.”
Quando se trata de estar em forma, sua mente pode ser tão importante quanto seus músculos.
“Isso foi muito estudado. O trabalho que meus colegas da Universidade de Nova York fizeram mostra que, quando acreditamos que algo é impossível, há mudanças reais e legítimas em nosso corpo.”
“Na verdade, a pressão arterial sistólica cai. A pressão arterial sistólica é um marcador fisiológico de nossa mentalidade psicológica. Quando estamos nos preparando para fazer algo difícil, a pressão arterial sistólica aumenta antecipadamente.”
“Quando começamos a dizer a nós mesmos ‘isso é impossível’, a pressão arterial sistólica cai: aquele indicador fisiológico da disposição de nosso corpo para agir está desaparecendo.”
Então, você só precisa literalmente ver as coisas de maneira diferente?
“Com certeza, é possível mudar a forma como vemos o mundo. Podemos fazer isso simplesmente pensando com consciência: ‘o que estou vendo agora.‘ “Você pode aprender a fazer isso sozinho e pode ter resultados realmente fantásticos“, conclui.
Com informações de BBC Londres.