O crescimento da V1 no Brasil é o tema do programa Em Debate desta quinta
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Como seria um mundo sem humanos? À medida que os países impõem restrições à circulação de pessoas para impedir a propagação do COVID-19, surgem cada vez mais fotos mostrando lugares, outrora poluídos, cada vez mais limpos.
A impressão que se tem é a de que a natureza aproveitou a oportunidade para apertar o botão “reiniciar”. E um exemplo claro disso é a cidade de Veneza.
Com a proibição de viagens não essenciais para a Itália, que se tornou o epicentro do surto da doença na Europa, mudanças surpreendentes estão acontecendo.
Em Veneza, uma das cidades mais visitadas em todo o mundo, os canais, normalmente cheios de turistas e tráfego de barcos, estão quase vazios.
Desde então, moradores da cidade passaram a compartilhar nas redes sociais fotos impressionantes dos canais, agora com água transparente, onde se vê a circulação de peixes, aves selvagens e supostamente até golfinhos (*ver nota do editor abaixo).
As imagens trazem um pouco de alento para a população de um país que tem sido duramente castigado e registra, até o momento, mais de 3.400 mortes em decorrência do coronavírus.
No entanto, a prefeitura de Veneza esclareceu à CNN que, embora as águas que banham os famosos canais da cidade estejam claras e cada vez mais cheias de vida, não foram feitos estudos que comprovem que elas estão, de fato, despoluídas.
“A água agora está mais clara porque há menos tráfego nos canais, permitindo que o sedimento permaneça no fundo“, disse um porta-voz da prefeitura à rede de notícias CNN.
No entanto, para além das águas, outros efeitos ambientais positivos já foram comprados em uma cidade que meses antes estava lutando contra o turismo excessivo.
“O ar está comprovadamente menos poluído”, ressaltou o porta-voz, referindo-se ao ônibus aquático público, o Vaporetto.
Para além de toda tragédia vivida pela Itália, os efeitos decorrentes das restrições da circulação pessoas pelos canais de Veneza, é um exemplo do quão impactante e predatório pode ser o turismo que não respeita a capacidade que um lugar tem para receber pessoas.
Em um momento em que há uma grande pressão para que Fernando de Noronha passe a receber um grande número de cruzeiros ao mesmo tempo, a experiência inusitada em Veneza nos mostra que é preciso ter mais respeito pela natureza.
Fonte: The Guardian
Após postarmos essa matéria, internautas entraram em contato com nossa redação para dizer que a informação sobre o golfinho não é verdadeira.
Fizemos novamente um trabalho de pesquisa e, de fato, não encontramos nenhuma comprovação sobre a veracidade da aparição de golfinhos em Veneza. Mas o contrário também se aplica.
No entanto, é comprovadamente verídico:
1 – Que a água está transparente nos canais devido ao baixo tráfego nos canais, permitindo que o sedimento permaneça no fundo;
2 – Que a qualidade do ar melhorou na cidade;
3 – A quantidade de peixes aumentou muito;
4 – Aves, com os cisnes e patos selvagens (que ocasionalmente já apareciam por lá) estão sendo avistados com uma frequência que há dezenas de anos não se repetia.
Ressaltamos também que em tempos de coronavírus, a apuração de notícias tem sido mais difícil e o mesmo vale para muitos sites de “fact checking”, que na ânsia de ganharem relevância na internet, acusam outros veículos de publicarem notícias “fake” quando eles mesmos não fazem um trabalho mais aprofundado de verificação.
No caso desta história em questão, apenas a notícia do “golfinho” ter sido avistado em Veneza não se comprova (nem que sim, nem que não) e, diante de todas as transformações que estão acontecendo nos canais da cidade, o mais importante é a comprovação do fato de que se dermos “um respiro” para a natureza, coisas incríveis podem acontecer em um curto espaço de tempo.