Remar gripado faz mal? Parte II
Fomos ouvir o que dizem um pós-doutor em fisiologia médica e um pneumologista sobre a primeira parte ... leia mais
O Deck Norte do Lago Paranoá, em Brasília, foi o cenário da confirmação de favoritismos e conquistas com a realização da primeira etapa da Copa Brasil de Paracanoagem, no último fim de semana. Com duplo ouro e garantindo vaga no mundial, os canoístas Mari Santilli e Fernando Rufino iniciaram com força e foco o ano paralímpico.
Ambos são beneficiários do Bolsa Atleta categoria Pódio, do Ministério do Esporte. Ao todo, 13 bolsistas conquistaram a vaga para o mundial da Hungria.
Primeiro campeonato oficial do ano, a Copa Brasil de Paracanoagem foi de extrema importância para os 73 atletas representantes de 16 associações de sete estados. O torneio contou pontos para o ranking nacional, e classificou os dois primeiros colocados de cada categoria para o Campeonato Mundial, que será realizado em Szeged, na Hungria, de 9 a 11 de maio, país em que serão definidos os classificados para Paris 2024, de acordo com a posição no ranking mundial.
Das provas que integram os Jogos Paralímpicos, foram disputadas as classes KL1, KL2, KL3 (kayak), bem como VL2 e VL3 (canoa Va’a) para mulheres e homens na distância de 200m. Também houve disputas em ambos os gêneros em VL1 (200m).
O ouro começou a brilhar para a paranaense Mari Santilli já no sábado (2), primeiro dia das competições, ao vencer na classe KL3 200m, após uma chegada emocionante concluída por somente três décimos à frente de Aline Furtado (Bolsa Atleta Internacional), do Distrito Federal. No domingo (3), Santilli venceu na VL3 200m, classe em que é por dois anos a terceira do mundo, chegando com a tranquilidade três segundos à frente de Thais Freitas, do Rio de Janeiro.
O bicampeão mundial e atual campeão paralímpico na VL2 200m, o mato-grossense Fernando Rufino remou no domingo para fazer jus ao apelido ‘Caubói de Aço’. Depois de vencer a VL2 seguido do paranaense atual prata no mundial de 2023, Igor Tofalini (Bolsa Atleta Pódio), Rufino voltou à raia para disputar e vencer também a final da KL2 200m, superando Uilian Mendes (Bolsa Atleta Nacional), do Distrito Federal, que ficou com a prata.
Outra estrela da paracanoagem brasileira, o paulista Luís Carlos Cardoso (Bolsa Atleta Pódio), prata em Tóquio 2020 e atual medalha de bronze mundial, brilhou e venceu na KL1 200m deixando Luciano Lima (Bolsa Atleta Internacional), do Distrito Federal, com a prata. A vitória faz de Luís o representante do Brasil em Paris 2024, já que ele mesmo conquistou a vaga não nominal a que o país tem direito para disputar essa classe.
As provas de paracanoagem nas Paralimpíadas de Paris serão realizadas de 6 e 8 de setembro. O Brasil já tem quatro vagas asseguradas: KL1 e VL2 masculino e VL2 e VL3 feminino.
Vencedora na VL2 200, Débora Raiza Benevides, de São Paulo, também já está definida para representar o Brasil em Paris 2024. A vencedora da classe KL2 200m, Leonice Friedrich (Bolsa Atleta Nacional), do Distrito Federal, vai tentar a vaga olímpica no mundial.
Prata em Tóquio 2020, o paranaense Giovane Vieira de Paula (Bolsa Atleta Pódio) venceu a VL3 200m, seguido do catarinense Tcharles Besing. Ambos tentarão conquistar a vaga olímpica em maio na Hungria, assim como a paranaense Adriana Gomes de Azevedo (Bolsa Atleta Pódio), ouro no KL1 200m, cinco décimos à frente de Ana Claudia Borges (Bolsa Atleta internacional), do DF.
Completam a lista de quem segue para mundial Miqueias Rodrigues (Bolsas Atleta Nacional), do Paraná, que venceu a KL3 200m, e o segundo lugar, Jean Panucci (Bolsa Atleta Nacional). Ambos têm chance para a vaga olímpica.
Além da disputa do VL1 200m, que não integra o programa paralímpico da paracanoagem, vencida pelo carioca Carlos Glenndel, houve provas inclusivas para pessoas cegas e com deficiência intelectual.
A competição foi realizada pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), com apoio da Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal (SEL-DF), Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e Federação Brasiliense de Canoagem. Também contou com o apoio institucional do Ministério do Esporte e a parceria da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).
Para a diretora de Projetos Paradesportivos de Lazer e Inclusão Social da Secretaria Nacional do Paradesporto do MEsp, Nayara Falcão, a Copa Brasil significou mais do que o primeiro campeonato do ano.
“Representou a união de esforços para definir a composição da equipe brasileira que vai tentar as últimas vagas a Paris 2024, mas que também proporcionou aos atletas locais a disputa da sua etapa regional do Centro-Oeste. Assistimos a provas bem disputadas, acirradas, em dois dias de muita interação, competitividade, respeito e participação social também”, afirmou Nayara, que é ex-atleta de alto rendimento da paracanoagem.
Ela participou da prova KL2 200m e expôs, em seu perfil no Instagram, a sensação de ter deixado as competições para colaborar com o esporte em nível institucional.
“Há 4 anos, estava eu vivenciando esse mesmo momento e conquistando minha vaga nacional, batendo tempo internacional, fruto de muito trabalho duro, de muita entrega de tempo de vida, não só minha, mas de toda a equipe envolvida [coach, preparador físico, amigos de equipe, família e amigos]. Agora, participei, mas em outro contexto, porque hoje a minha caminhada na vida e no esporte não se trata mais sobre mim e sim sobre NÓS”, avaliou, em sua rede social.
A Paracanoagem é disputada em águas calmas e ambientes abertos, e consiste na disputa de uma prova de 200 metros nas classes L1, L2 e L3 de acordo com o sistema de classificação esportiva paralímpica.
Para atletas que competem no kayak, é agregada a letra “K”, gerando as classes KL1, KL2, KL3. Para a canoa Va’a (canoa havaiana) é acrescentada a letra “V”, formando as classes VL1, VL2 e VL3.
Os atletas são agrupados nas respectivas classes de acordo com a capacidade de utilizar o tronco, os braços e as pernas na remada.
KL1 – Atletas com transtorno do movimento de alto grau no tronco e nas pernas que equilibram e impulsionam a canoa utilizando braços, ombros e a área superior do tronco. Não têm controlo muscular nas ancas ou pélvis.
KL2 – Participam atletas com transtorno do movimento de grau moderado nas ancas e nas pernas, com ausência das duas pernas acima do joelho ou da totalidade de umas das pernas. São esportistas com bom controle motor da parte inferior e superior do corpo, proporcionando um bom equilíbrio. Impulsionam a canoa utilizando os braços e o tronco.
KL3 – Os atletas de canoagem KL3 têm transtorno do movimento de grau moderado em uma das pernas, de alto grau em um dos pés e tornozelo, ou têm ausência de membros. Esses atletas têm força total nos braços e tronco e têm a capacidade de remar utilizando as pernas para impulsionar o barco.
VL1 – Participam atletas com transtorno do movimento de alto grau no tronco e nas pernas, e impulsionam o barco quase exclusivamente com os braços e os ombros. Fazem adaptações para o equilíbrio do barco.
VL2 – Atletas com transtorno do movimento de alto grau na base do tronco e nas pernas, de grau moderado a meio do tronco e nas pernas ou com ausência das pernas. Esses atletas têm um equilíbrio reduzido e impulsionam o barco apenas com a utilização dos braços e do tronco.
VL3 – Atletas com transtorno do movimento de baixo grau na base do tronco e nas pernas, de grau moderado em uma das pernas ou ausência de membros. Têm um ligeiro desequilíbrio nas pernas, mas têm a funcionalidade e o controle de movimentos por parte do tronco, o que permite a eles uma grande propulsão para remar.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte