Brasileiro de SUP | Entenda a mudança das categorias em 2019
José Augusto, vice-presidente da Confederação Brasileira SUP – CBSUP, explica as mudanças de categorias e ... leia mais
A confirmação feita ontem (09) de que o Mundial de SUP organizado pela ICF em Portugal seria cancelado vem provocando reações acaloradas na comunidade internacional do stand up paddle. Diversos atletas, sobretudo europeus, usaram as redes sociais para se manifestar sobre o caso que pode trazer consequências muito ruins para o nosso esporte. Veja trechos de algumas declarações:
Martin Letourneur
“O esporte deve permanecer nas mãos daqueles que o praticam. Uma verdadeira Associação Internacional de Stand Up Paddle deveria guiar (e controlar) a evolução do nosso esporte antes de qualquer outro interesse econômico ou político.”
Paul Jackson
“Não sei vocês, mas quando uma entidade como a ISA começa a agir dessa maneira, isso só me faz sentir vontade de ir para o outro lado e apoiar a ICF.”
Olivia Piana
“É uma loucura. A atitude da ISA é totalmente antiprofissional e que se danem os atletas! A ISA foi tão ridícula nessa história! De qualquer forma estarei em Portugal com meus pais, meu técnico (em com a ICF).”
Say Chelle
“Não concordo com a maneira como a ISA conduziu isso. Estou pessoalmente frustrada com esse episódio.”
ISA X ICF
Creio que não vem ao caso me aprofundar nesse embate entre ISA e ICF aqui, pois o tema já vem sendo abordado em diversos artigos que publiquei aqui no site (se tem interesse, sugiro esse AQUI pra começar).
Mas vale destacar que muito tem se debatido sobre os custos exorbitantes que a ISA cobra dos atletas em seus mundiais. As localidades remotas em que os eventos são realizados, as dificuldades de logística e transporte de equipamentos em troca de uma medalha vem sendo, ano após ano, cada vez mais questionados.
Olhando pela perspectiva dos atletas, é realmente frustrante ver um campeonato com status mundial ser cancelado em cima da hora meramente por questões políticas e, quando se leva em consideração que a prova da ICF ofereceria premiações em dinheiro, provas em diferentes formatos e títulos mundiais a diversas categorias, como Master e Junior, por exemplo, o sentimento de impotência fica ainda maior.
NÃO TEM SANTO
Assim, no calor dos acontecimentos, ao que parece, a ISA, mesmo tendo ganho a batalha, sofreu danos consideráveis. No entanto, é importante salientar que a ICF usou exatamente a mesma estratégia que a ISA para frear a inclusão do stand up paddle nos próximos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, na Argentina.
Ou seja, não tem “santo” nessa história e a possibilidade de uma polarização de opiniões e pontos de vista sobre o papel dessas entidades vai ser muito ruim para o nosso esporte.
A ironia de tudo isso é que a ICF já esteve envolvida em situação parecida há cerca de dez anos, quando entrou em um embate jurídico pelo direito de ser reconhecida como entidade máxima para representar o Dragon Boat internacionalmente. Como resultado, existem agora dois órgãos internacionais de Dragon Boat, cada qual organizado seu próprio campeonato mundial em diferentes anos.
Enfim, tem muita água para passar debaixo dessa ponte. O fato que não pode ser ignorado é que, excetuando-se a ambição olímpica, o SUP sempre se desenvolveu muito bem andando por suas próprias pernas através de competições internacionais independentes como a Pacific Paddle Games e Carolina Cup, por exemplo, e inúmeros circuitos como o EuroTour, Paddle Monster, APP, WPA , WTT e The Paddle League.
Todos esses circuitos (menos o Paddle League, que surgiu agora), até o ano passado, eram realizados sem nenhuma conexão com a ISA ou ICF.
Por hora, ficamos com a esperança de que as palavras do francês Martin Letourneur sejam ouvidas e ecoadas: “O esporte deve permanecer nas mãos daqueles que o praticam”.