Remadores e cientistas se unem para monitorar a Baía de Guanabara

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Leonardo Santi realiza a coleta de mancha de óleo na Baía de Guanabara. Foto: Arquivo pessoal

Em uma iniciativa que une esporte, ciência e cidadania, remadores do clube de canoa polinésia Tiare EVM Ocean, localizado na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, firmaram uma parceria com o Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais (LabMAM) da PUC-Rio para monitorar e combater um problema crescente nas águas da Baía de Guanabara: as manchas de óleo. Os próprios atletas, que estão diariamente em contato com o mar, serão responsáveis por coletar amostras da poluição, que serão analisadas por pesquisadores para identificar suas características e provável origem.

A ideia partiu de Leonardo Santi, biólogo, doutor em Oceanografia pela USP e um dos fundadores do clube. Remador experiente, com mais de 20 anos de dedicação à canoagem polinésia, Santi observou uma contradição preocupante. “Muito vem se falando na melhoria da qualidade de água das praias do interior da Baía. É um grande avanço, mas nós, remadores, notamos que de uns dois anos para cá a frequência de manchas de óleo se intensificou ao ponto de não ser possível um mergulho”, explica.

Apesar da celebrada redução da poluição orgânica, que melhorou a balneabilidade em praias como Flamengo e Botafogo, essa nova ameaça impedia o usufruto pleno do ambiente marinho pela comunidade. Incomodado com a situação, Leonardo, que une a paixão pelo remo com sua formação científica, levou a questão ao Doutor Renato Carreira, coordenador do laboratório da PUC-Rio, que prontamente abraçou a causa.

Assim nasceu o que eles chamam de “parceria científico-esportiva”. A metodologia é simples e eficaz: durante os treinos e passeios, ao avistarem uma mancha de óleo, os remadores do Tiare EVM Ocean utilizam kits de coleta para recolher amostras da água. O material é então encaminhado para o LabMAM, um laboratório de ponta, onde os cientistas realizam análises detalhadas.

O objetivo vai além de apenas constatar a poluição. A investigação científica busca “fingerprint” o óleo, ou seja, determinar sua composição química para rastrear a possível fonte, seja de embarcações, indústrias ou outras atividades no entorno da baía.

Para a comunidade, os benefícios são diretos. Os dados gerados por essa colaboração poderão fornecer informações cruciais para os órgãos ambientais, auxiliando nas ações de combate, controle e fiscalização. A longo prazo, a iniciativa visa contribuir para a restauração dos serviços ambientais da Baía de Guanabara, garantindo um ambiente mais saudável não apenas para a vida marinha, mas para todos os cidadãos que a utilizam para lazer e esporte.

Inspirado pela cultura polinésia, que prega o profundo respeito pela natureza, o projeto reforça o papel ativo da sociedade na preservação ambiental. “Estamos motivados em poder oferecer de volta o que a tradição polinésia nos brinda diariamente: remar em um ambiente saudável que seja respeitado, cuidado e mantido em harmonia por muitas e muitas gerações”, conclui Santi.

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