Cão agredido em prancha de SUP gera revolta e vira caso de polícia

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Cão agredido em prancha de SUP
Imagem gerada por IA meramente ilustrativa.

Um vídeo que mostra um homem agredindo seu cachorro em cima de uma prancha de stand up paddle em São Vicente, no litoral de São Paulo, gerou intensa revolta nas redes sociais e abriu uma investigação policial por maus-tratos. O caso acendeu um importante debate sobre os limites e as responsabilidades ao incluir animais em atividades esportivas.

As imagens, gravadas na semana passada, na praia do Itararé, mostram o tutor dando tapas no cão, que se desequilibra e cai na água diversas vezes. A testemunha que filmou a cena relatou que havia ondas com um tamanho considerável e que o cachorro parecia não querer entrar na água, mas foi levado à força pelo homem, que amarrou uma corda em seu pescoço. “Agrediu o cachorro dando tapas e socos. O cão caía da prancha e ele puxava pelo pescoço”, contou a testemunha ao portal g1.

O caso ganhou grande repercussão após uma série de perfis ligados à pratica esportiva com cães compartilharem as imagens no Instagram, incluindo o lendário surfista Picuruta Salazar, que criticou duramente a atitude do homem. Salazar, que nos últimos anos se tornou bastante atuante na causa animal, sugeriu que o treinamento deveria ocorrer em um local de águas calmas, como a Praia dos Milionários, e não em mar agitado (mais tarde a postagem foi removida do perfil). Em resposta, o tutor do cão acusou o surfista de “incentivar as pessoas a me bater”, afirmando que Salazar seria “coautor do crime” caso algo lhe acontecesse.

Além disso, possivelmente assustado com a repercussão negativa do caso nas redes sociais, o tutor foi à delegacia e registrou um boletim de ocorrência por calúnia. Ele alega que estava apenas “adestrando” o cão para a prática de surfe. Em suas redes sociais, negou os maus-tratos: “Ali [no vídeo] eu estava batendo nele, na lateral dele, para ele ficar na prancha porque ele estava querendo só brincar”. Ele afirmou ainda que pretende processar as pessoas que o criticaram na internet.

A Polícia Civil está investigando tanto a denúncia de maus-tratos quanto a de calúnia, e informou que fará uma visita técnica à residência do homem para avaliar as condições do animal.

Remar com cães jamais deve ser uma imposição

O episódio contrasta drasticamente com o que especialistas e entusiastas do “SUP Dog” (stand up paddle com cães) preconizam. Remar ou surfar com um cachorro pode ser uma experiência incrível e benéfica para ambos, fortalecendo o vínculo entre o tutor e o animal. A prática é tão difundida que existem até mesmo competições mundiais da modalidade (com brasileiros no pódio), além de uma série de eventos de remada e encontros. Também ocorrem experiências bem-sucedidas de cães-guia que auxiliando remadores com deficiência visual, demonstrando um nível extraordinário de sintonia e confiança.

No entanto, o sucesso da atividade depende de um pilar fundamental: o respeito à vontade e aos limites do animal. Assim como nem todas as pessoas gostam de estar no ambiente aquático, nem todos os cães estão aptos ou dispostos a essa experiência. É imprescindível prestar atenção aos sinais dados pelo cachorro, como relutância em entrar na água, tremores ou agitação excessiva.

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Gilson e Maya felizes durante a competição de SUP Dog – O sucesso da atividade depende de um pilar fundamental: o respeito à vontade e aos limites do animal Foto: @cliquemeufotografia

Especialistas recomendam uma introdução gradual e positiva, sempre em águas calmas e com equipamentos de segurança, como um colete salva-vidas específico para cães, que além de ajudar na flutuação, possui uma alça que facilita o resgate. O treinamento deve ser baseado em reforço positivo, com recompensas e paciência, jamais com força ou agressão.

No caso ocorrido em São Vicente, fica claro que a vontade do cão não foi respeitada. As imagens de um animal visivelmente desconfortável em um mar revolto, somadas à atitude agressiva do tutor, mostram o exato oposto do que a prática saudável do esporte com animais deveria ser. A experiência, que poderia ser de alegria e parceria, transformou-se em um caso de polícia que serve de alerta para todos os tutores.

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