FestivalVAAL une culturas polinésia e caiçara em Barra do Una (SP)

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1º FestiVAAL Rio Una Canoe Club
1º FestiVAAL Rio Una Canoe Club materializou um sonho antigo de unir as culturas polinésia e caiçara no litoral de SP. Foto: Divulgação

O 1º FestiVAAL Rio Una Canoe Club materializou um sonho antigo de realizar um evento legítimo de Canoa Polinésia que retratasse os aspectos culturais que orientam o esporte, sem abrir mão do resgate e fortalecimento da identidade e da cultura Caiçara, que permeia o modo de vida local. Dedicar um final de semana inteiro, especialmente no Dia das Crianças, em Barra do Una, São Sebastião (SP) -originalmente uma pequena vila de pescadores-, teve um significado especial para a comunidade e para o clube que começa a tomar forma.

O propósito inicial era somente celebrar o batismo da nova canoa V6 do Rio Una Canoe Club, a “Barracuda”, agora formalmente batizada, porém, uma cerimônia tão bonita e rica em simbologia não deveria ficar restrita ao seleto grupo de alunos, enquanto o bairro que respira cultura náutica mal sabia do que tratava as majestosas canoas que cortam as águas do Rio Una.

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Nesse clima, o evento acabou se transformando num grande festejo em torno das canoas com adesão maciça dos caiçaras, moradores, veranistas e turistas que por ali circularam evidenciando o caráter inclusivo e democrático do projeto.

As coisas foram tomando forma ao longo da semana com a chegada das Canoas do clube Canoa Para Todos, capitaneado pela Georgia Michelucci, que foi mestre de cerimônias, madrinha e uma das idealizadoras do festival junto com Antonio Bonfá, o Totó, líder do Rio Una Canoe Club, enquanto a estrutura de praia era desembarcada pelo pessoal da Prefeitura de São Sebastião, apoiadora do evento.

1º FestiVAAL Rio Una Canoe Club
Evento foi realizado na praia de Barra do Una, em São Sebastião (SP). Foto: Divulgação

As atividades iniciaram na sexta-feira com a oficina de arranjos florais organizada pela Georgia junto com as meninas do Restaurante Novos Praianos, coletando espécies de plantas nativas que serviram de arranjos para adorno das canoas e coroas de flores utilizadas na cerimônia.

No final do dia, um encontro de boas-vindas no Restaurante -que também serve de base e receptivo para o clube-, com mais uma clínica oferecida pela Georgia. Dessa vez, de dança polinésia, preparando as meninas para a apresentação na praia do dia seguinte. 

No sábado, já com tudo pronto, o dia começou animado com as exposições e venda dos objetos produzidos pelos artesões caiçaras Noca Fishburguer, que trouxe um verdadeiro cardume de peixes entalhados na madeira e uma flotilha enorme de canoas-de-voga-de-decoração (além de uma linda barracuda em tamanho real de presente pro criador do evento). Dona Isabel deu o ar da graça em criações lindas feitas manualmente a base de palha como chapéus, jogos-americanos, tapetes entre outros produtos que embelezavam a praia nessa que foi a primeira exposição de arte caiçara a céu aberto que se tem notícia pelos lados de cá.

Os dois davam um show na praia com a Dona Isabel trançando palha enquanto o Noca trançava o chamado pano de rede de pesca enquanto as pessoas iam chegando e interagindo no espaço que abrigava as canoas. Um pouco antes do batismo a equipe Mundo Outrigger de Juquehy, liderada pelo Caio Coutinho, chegou remando pelo mar com seu time feminino causando frisson na plateia, pois o mar estava grande e agitado e as meninas representaram o verdadeiro espírito Aloha, tão conhecido e celebrado mas tão pouco praticado atualmente.

A cerimônia do batismo em si, como sempre bonita e emocionante, foi reforçada pela dança polinésia e pela alegria contagiante das crianças que tiveram um dia apoteótico na faixa de areia que separa o Mar do Rio em Barra do Una, reforçando, definitivamente, a vocação do lugar para eventos em comunhão real com a natureza.

Homenagem a Ju Carduz

Após o batismo deu-se inicio às regatas “Ju Carduz”. Aqui cabe um parênteses, o remador Santista Jorge “Ju” Carduz foi o primeiro operador de Canoa Havaiana em Barra do Una e sempre esteve muito ligado à região e ao clube porém, há menos de duas semana do evento, faleceu inesperadamente, deixando não só muita saudade mas um legado importante pra canoagem. 

Em homenagem a ele foi criada a regata com disputas de tiros curtos de 500 metros aberta ao público num formato inédito em que cada equipe elegia 2 representantes, um leme e um voga, para selecionar outras 04 pessoas na praia para montarem um time misto com as forças equilibradas entre uma criança, um adulto e duas mulheres engajando e divertindo todo público presente.

Ao final das disputas abertas, um racha de exibição entre as equipes do Rio Una e Mundo Outrigger para encerrar a etapa competitiva, além de uma saída especial pro mar pela equipe de competição do clube.

O sábado foi encerrado no final de tarde com uma reza e roda de energia em torno da Linda, a canoa OC6 que ostenta o nome da Avó do saudoso amigo Ju.

No dia seguinte, para encerrar com chave de ouro, algo fundamental que não poderia faltar em um festival de canoagem: a tão aguardada remada ao Montão de Trigo, a famosa Ilha cobiçada pelos remadores de norte a sul da costa paulista e principal roteiro e raia de treinos do clube. Cinco canoas e 33 remadores dos clubes Rio Una, Canoa para Todos e Suporte Eco se uniram para romper o dia nublado e o mar agitado rumo a Ilha, sendo abençoados na volta com condições clássicas para quem gosta de um bom surf nas vagas oceânicas.

Em tempos de crescimento vertiginoso do esporte, um festival que aborda todos os aspectos esportivos e culturais promovendo uma conexão real entre as pessoas, parece um bom legado deixado pelo clube e pela canoa que acaba de nascer.

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