Kala Tanaka, a “Moana” da vida real
Havaiana Kala Tanaka é uma das figuras de maior destaque na tradicional cultura náutica dos povos da polinésia
Um olhar poético e bastante reflexivo sobre os desafios e as delícias de nadar em águas abertas. É o que nos propõe o documentário curta-metragem “No Mar”, de Rodrigo Garcia e Clara Linhart, disponível gratuitamente na plataforma de streaming Bombozila até o dia 30 de agosto como parte dos curtas selecionados para o Filmambiente de 2024.
Rodrigo é servidor do TRE de Friburgo, tem 43 anos, faz doutorando em Direito pela UFRJ, é professor universitário e um apaixonado por esportes. Já fez boxe, tênis, futebol adaptado, basquete, natação etc. De todas as modalidades, nadar é mesmo o que mais ama. “O esporte amplia a vida. Na água, para me locomover, eu não preciso de nada, só do meu corpo. O mar me faz livre.”
Além de mar aberto, Rodrigo já nadou pelo Rio São Francisco e pelo Rio Negro, em provas que chegam a ter até 7 horas de duração. A ideia de fazer o filme nasceu, inclusive, em 2016, após fazer a travessia pelo São Francisco. “Foi uma prova tão mágica, tão forte, que mexeu muito comigo. Ali, tive vontade de mostrar num documentário como é grandiosa e impactante essa experiência de nadar em águas abertas”.
“Quis também fazer uma crítica à idealização do conceito de superação”
Rodrigo Garcia
Outro ponto importante que Rodrigo quis mostrar com o trabalho foi falar sobre o esporte para pessoas com deficiência física: “Quis avançar no entendimento da importância da liberdade e da possibilidade de usarmos os corpos como a gente quer e, num outro ponto, quis também fazer uma crítica à idealização do conceito de superação”, diz, referindo-se ao capacitismo, ou seja, situações em que somos preconceituosos sem perceber, explicitada em frases como “Esse cadeirante é um exemplo de superação” ou “Nossa, mesmo deficiente ele (a) consegue fazer tudo”.
Rodrigo continua: “Enfim, a intenção é oferecer às pessoas a vivência de que todos os corpos nasceram para viver uma vida, em múltiplas possibilidades. Todos os corpos podem fazer o que a pessoa quiser e se sentir confortável fazendo, tentando, se desafiando, ora conseguindo, ora se frustrando. É assim para todo mundo, seja deficiente físico ou não”, afirma ele, que nasceu com um encurtamento da perna esquerda e usa ortoprótese desde garoto.
O documentário acompanha um treino de Rodrigo, no mar, entre a Praia Vermelha e o Arpoador, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com referência ao sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950), para quem o corpo é o mais importante instrumento humano, “No Mar” também trata das relações entre natação, corpos e vida. Faz referência também a Lima Barreto (1881-1922), um dos maiores escritores brasileiros, que “participa” do filme por obra do artista plástico Cacau Rezende e com a dublagem do humorista e ator Hélio De La Peña.
A questão da plena acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva foi uma preocupação de Rodrigo. Por isso, “No Mar” contará com legenda em Português, Libras e audiodescrição.
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