
Feras do Paddle nacional confirmam presença no The Bridge SUP Cup
Nomes de peso do cenário nacional dos paddle sports confirmam presença no The Bridge SUP Cup. Inscrições ... leia mais
Cumprindo a premissa básica do bom jornalismo, que é informar com profundidade, sem sensacionalismos e procurando ouvir todos os lados de uma história, nossa redação entrou em contato com Soraya Sampaio, uma das remadoras que estava à bordo da OC-6 que naufragou em Florianópolis (SC), na última sexta-feira (9) – leia a notícia AQUI.
É natural que casos como esse despertem as mais variadas especulações e julgamentos, que normalmente em nada contribuem e invariavelmente acabam por trazer uma imagem ruim para o esporte.
O fato é que o mar pode surpreender até os mais experientes. Por isso, é fundamental respeitar as previsões climáticas, usar equipamento de segurança e ter humildade para saber seus limites. Este não foi o primeiro e nem será o último naufrágio de uma OC-6. Na dúvida, não vá.
O que se deve ressaltar é o fato de que todos estavam usando coletes e, segundo informado pela remadora, não são remadores inexperientes.
Soraya, que gentilmente presta seu depoimento à nossa reportagem, tem 12 anos de experiência no va’a. Leia seu depoimento abaixo:
“A história verdadeira é a seguinte: há um mês e meio estávamos programando este longão, seria a volta a ilha (de Florianópolis) com várias equipes se revezando em pontos pré-determinados.
Tínhamos consciência de que haveria ventos fortes de até 20 nós e a ideia era pararmos na Praia Ponta das Canas, mas devido ao cansaço decidimos parar na Lagoinha do Norte e deixar a canoa pernoitar.
Ao passamos pelos Ingleses a situação ainda estava favorável, por isso, decidimos prosseguir.
Saímos da Barra da Lagoa às 7h40, em direção ao nosso destino. Remamos por 30,2 km, sempre costurando as ondas e driblando a maré contra. Previsão de remar três horas e meia de um ponto ao outro.
Ao passamos pelos Ingleses a situação ainda estava favorável, por isso, decidimos prosseguir.
Aí chegarmos no costão onde houve o acidente, já havíamos remado seis horas e por azar uma onda nos encobriu de lado e encheu a canoa, tentamos esgota-la em vão, tentamos huli, sem sucesso canoa cheia d’água e com ondas nos jogando…
Após uma hora mais ou menos lutando para salvar a canoa vendo que nos aproximávamos do costão, a abandonamos e resolvemos subir nas pedras. Quem nos ajudou foi um pescador o “anjo” Zé que com seu caniço nos puxou, um a um, pra cima da pedra.
Nossas pequenas escoriações foram devido às cracas das pedras, somente um remador deslocou o ombro. E o mesmo anjo chamou os bombeiros. Que acabaram inclusive salvando um trilheiro que estava nas proximidades e havia sido picado por uma cobra.
Não fomos irresponsáveis, somos remadores que treinam quase diariamente, alguns com dois anos de experiência, outros com 12 anos, como é o meu caso.
Todos de colete, todos sabiam os procedimentos de huli e todos sabiam nadar. Mas o mar é assim mesmo, quem é do esporte bem sabe.
Não fomos os primeiros aqui na ilha e nem seremos os últimos… E muito menos no Brasil. Por isso, fico triste de ver notícias equivocadas por falta de informação.
Ninguém veio nos perguntar sobre o ocorrido, e somos em seis pessoas, qualquer uma poderia dar seu depoimento. Danos materiais fazem parte, afinal todo esporte tem seus percalços”.