Treinamento: Só consigo remar no final de semana. Como evoluir?
Na coluna desta semana, Arthur Santacreu fala sobre as possibilidades de treinamento para quem só ... leia mais
Vencer o upwind, ou seja, aquele vento contra, que bate de frente com a gente durante uma remada, foi uma as coisas que tive que aprender na marra.
Depois de quase uma década remando de Stand Up Paddle em mares, lagos, rios, represas e canais de diferentes lugares do mundo, aprendi na prática alguns macetes que facilitam minhas travessias.
A cada percurso, aprendo um pouco mais e sei que estou longe de saber tudo. Contudo, acredito que as dicas que compartilho aqui podem ajudar quem está começando a percorrer seus quilômetros numa prancha de SUP.
Alguns macetes são bem básicos, mas nunca é demais reforçar. Adoraria ter lido essas dicas quando fazia minhas primeiras remadas de Stand Up Paddle.
Espero que curtam e que sirva como um incentivo para irem cada vez mais longe.
Quem já remou contra o vento forte sabe como é difícil vencê-lo. A gente se esforça, rema mais rápido e com mais potência e, mesmo assim, parece que não saímos do lugar.
Se paramos por poucos segundos, para descansar ou beber água, o vento nos leva para trás e temos que começar tudo de novo.
O pessoal que rema de canoa e caiaque também sente os efeitos do vento, mas muito menos que nós, remadores de stand up.
Em pé, nossa área de contato com o ar em movimento é muito maior. Viramos uma vela de barco, daquelas quadradas que só funcionam de ‘popada’.
Para minimizar o impacto do vento, essas atitudes podem ajudar:
Se você remar devagar, corre o risco de andar mais para trás do que para frente. Um ritmo acelerado aumenta a eficiência do deslocamento da prancha na água.
Acelere e só pare quando estiver numa parte abrigada da costa, ou quando conseguir amarrar o SUP em algo fixo, como uma poita ou embarcação ancorada.
Foi isso que fiz na remada mais difícil que enfrentei, na Ponta da Juatinga. Remava e avançava muito lentamente, mas uma hora achei um barco de pescador ancorado. Corri para lá e amarrei minha prancha. Só assim consegui descansar sem ser arrastado para trás.
Diminua sua área de contato. Dobre mais os joelhos, incline os ombros e as costas, reme com a cabeça para baixo, como fazem os ciclistas numa descida acentuada.
Se estiver usando um remo de altura ajustável, diminua o tamanho dele. Se for um remo fixo, experimente não segurar em cima, use as duas mãos na haste.
Se ainda assim estiver enfrentando dificuldades, reme agachado ou até deitado, como fazem os praticantes de prone paddleboard.
Gire a pá do remo. Essa lição aprendi remando em Nova York. Eu ainda era um novato em travessias e agendei um passeio em grupo com o pessoal da Manhattan Kayak.
Saímos de Manhattan, na altura da movimentada Rua 42, atravessamos o Rio Hudson até Nova Jersey e voltamos para Nova York.
Nosso guia era o Eric Stiller, dono da empresa, que sabe tudo de técnica de remada e de travessias em geral.
Eric me deu o toque: quando estamos contra o vento, trazer o remo reto para a frente da prancha impacta no nosso esforço.
A pá é uma superfície de tamanho considerável. Levá-la de cara para o vento exige mais energia. Numa remada longa, esse vigor extra faz diferença.
Então, depois de cada remada, ao levantar o remo, tirando-o da água, devemos girar a mão que está em cima, rotacionando o remo para que a pá fique paralela à prancha e perpendicular ao vento. Assim, a pá vai de lado para a proa, oferecendo a face mais fina para o vento.
Com vento extremamente forte, ou estamos a favor ou estamos completamente contra. Não há meio termo. Às vezes, o ar se movimenta com tanta potência que a pequena superfície da lateral da prancha já é suficiente para fazê-la girar. O único jeito de se proteger é remando, o tempo todo, num ângulo perto de zero em relação ao vento. Se inclinar quinze graus para um lado ou para o outro, já não conseguirá mais manter o rumo da remada.
Por fim, aproveite acidentes geográficos como ilhas, parcéis e penínsulas para se abrigar e sofrer menos com o vento. Mesmo quando esse não é o caminho mais reto.
Afinal, como diz Amyr Klink “No mar, o menor caminho entre dois pontos não é necessariamente o mais curto, mas aquele que conta com o máximo de condições favoráveis”.
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