Historiador denuncia falsas práticas de Ho’oponopono
Historiador denuncia distorções e simplificações da verdadeira prática de Ho’oponopono, criada no Havaí ... leia mais
Olá queridos amigos leitores!
Essa semana na coluna ‘Casos e Acasos da Canoa Polinésia‘ vamos abordar um tema que cada vez mais me preocupa: a limpeza dos oceanos!
Atualmente cada vez que vou para o mar saio com um pedaço de lixo dos oceanos ou das águas que remo.
Parece utopia né? Talvez seja, mas será?
O sociólogo Betinho já dizia em uma das suas inúmeras fábulas:
“Durante um incêndio, havia uma andorinha que toda hora ia no lago, enchia seu bico de água e voltava para a floresta para tentar apagar o fogo.
O leão, vendo aquilo, diz para a Andorinha: Você acha mesmo que conseguirá apagar o fogo sozinha?
E ela responde: Eu não sei, só sei que continuarei fazendo minha parte para extinguir o fogo”.
O oceano limpo é fonte de vida, de renda, de lazer, de esporte. Uma praia suja em contrapartida fica totalmente abandonada, como se tivesse morrido e na essência morreu.
Ninguém mais vai lá desfrutar de suas águas para se banhar, para se refrescar em um dia quente.
Ninguém vai lá para praticar altinha, futebol, vôlei, remo, surfe ou canoa polinésia.
Bem diferente de quando chegamos a uma praia limpa, cheia de vida marinha, de coqueiros, de gente bonita! Dá a sensação de vida!
Mas, espera aí? Quem é que sujou a praia?
De um modo geral, todos os seres humanos através do descarte inconsequente, que sempre foi a premissa do mundo. “Consome e joga fora, consome e joga fora”.
Mas sabemos que nada no mundo acaba, tudo se transforma. Logo, se um lixo vai para o mar, ele não vai se acabar. Leva-se centenas, milhares de anos para que determinadas substâncias se decomponham e aí, por isso, hoje em dia existam ilhas de plástico no meio dos oceanos.
Durante a pré-Olimpíada de 2016 tive a oportunidade de representar os atletas de canoa polinésia junto ao PDBG (Plano de Despoluição da Baía de Guanabara).
A princípio, o capital externo financiaria a despoluição da baia de Guanabara em troca de algumas metas que os governos deveriam cumprir.
Claro que a meta não foi cumprida e vejo, pós olimpíada, nossa Baia de Guanabara, que atualmente atende mais de 1000 remadores em Niterói, sendo asfixiada.
Grandes embarcações que atracam sem boias de contenção de vazamento, pesca predatória, tanto de arrasto, quanto de mergulhadores com bombas de compressão, matando os mariscos e muitos e muitos resíduos sólidos que vêm com as chuvas e marés de lua.
É triste ter que remar passando sob óleo, com medo de dar Huli para não ser contaminado…
É triste estar remando e ter que parar toda hora para tirar resíduo agarrado ao Leme.
É triste estar em uma prova e perder não pela remada, mas sim por algo que alguém outrora descartou.
Particularmente moro em Jurujuba, uma pacata vila de pescador de Niterói e todos os dias saio de casa para remar. E me sinto como se viesse alguém e jogasse todos os dias um caminhão de lixo em frente a minha casa.
Aqui, hoje já temos o projeto Kamuhana JurujuVAA que tem em um de seus pilares a limpeza da praia e dos mares. Ele foi criado junto a Maria Fernanda, uma profissional muito querida.
Um plano de reaproveitamento das redes de pesca que seriam descartadas, que hoje estão virando sacolas substituindo as tradicionais sacolas plásticas e, no Centro de Estudos do Mar (CEM), atualmente já há a coleta seletiva.
As ações são pequenas? Talvez sim, mas pare e pense um pouco em como as pequenas ações quando compartilhadas fazem uma diferença enorme.
Imagina se cada remador de Va’a que for para o mar voltar com um resíduo consigo. Não vai fazer a menor diferença no treino, no rolé, na aula, mas em contrapartida, partindo do principio que há em média 10.000 remadores no Brasil, se cada remador retirar um resíduo todo os dias, teremos ao final do ano cerca de 3.650.000 (TRÊS MILHÕES, SEISCENTOS E CINQUENTA MIL) resíduos a menos nas águas do Brasil.
Se nossos atletas de ponta do va’a, donos de clubes, fomentadores de opinião levantarem essa bandeira, que eu e meu brother Peixe criamos usando a hastag “#menos1lixopordia”, certamente teremos uma alavancagem e um engajamento enorme e atingiremos marcas expressivas.
A essência de um waterman é ter o oceano como seu lar, e ninguém gosta de viver em um lar sujo. Portanto, não adianta ser um exímio esportista e não olhar para o lado fingindo que não está vendo o problema batendo na nossa porta.
Esses mesmos resíduos são confundidos com alimentos pelos animais marinhos, e que waterman não fica com a alma partida ao ver uma tartaruga Marinha sufocada morta por conta de um pedaço de plástico que foi confundido com uma água viva?
Até quando o Oceano vai sobreviver a tantos ataques? Dez anos? Imagina a cena pegando um tubo de lixo, tendo que surfar de capacete para não ser atingido por uma lada na cabeça ao tomar um caldão?
Triste não é?
Nesse ano que acaba, um ano de muitas energias diferentes, que ele seja importante para a reflexão humana a respeito do seu cuidado com o planeta erroneamente chamado de Terra, que para nós amantes das águas deveria ser chamado de planeta Água!
Quem ama cuida, e se amamos as águas devemos cuidar. Mesmo que sejamos a famosa andorinha do Betinho, faremos nossa parte!
Aloha!
Na próxima matéria, “Quanto tempo leva para ir de A a B?”. As variâncias que há entre esses dois pontos são o alicerce para um planejamento acurado!
Não perca!
Aloha!
Douglas Moura
Capitão amador