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No Havaí, estado norte-americano onde o distanciamento social está em vigência, o surfe, assim como a prática do stand up paddle e do va’a em canoa individual (OC-1), estão liberados.
O prefeito da ilha de Maui, Mike Victorino, emitiu uma nota oficial à imprensa onde reforça a necessidade de que todos permaneçam em casa, mas que “atividades essenciais”, o que inclui exercícios físicos, devem ser mantidos, desde que respeitada a distância social.
“Isso inclui natação, surfe, canoagem individual e stand up paddle, além de pesca e caça submarina para alimentação“, disse Victorino.
Mesmo assim, não é permitido permanecer na areia da praia:
“Sei que muitos de nós gostam de meditar ou ler um livro na praia, mas isso pode ser feito em casa para limitar nosso contato com outras pessoas”, ressaltou o prefeito.
Vale ressaltar que o Havaí adotou restrições severas a quem chega na ilha, inclusive com quarentena obrigatória, acompanhada de perto pelas autoridades.
Apesar da liberação no Havaí, há um crescente debate sobre se atividades no mar devem ser permitidas durante a pandemia de coronavírus.
Kim Prather, cientista atmosférico da Universidade de San Diego, Califórnia, apresentou estudos não conclusivos indicando que gotículas de coronavírus poderiam estar se espalhando pela brisa do mar.
Em entrevista ao jornal San Diego Union Tribune, Prather pediu que as pessoas mantenham distância da praia.
A tese, porém, é refutada pelo epidemiologista DeWolfe Miller, da Universidade do Havaí:
Em entrevista ao canal Hawaii News Now, o professor Miller afirmou que a teoria da brisa do mar não está comprovada e que a luz do sol é muito eficaz para matar microorganismos, como o coronavírus.
Mas o especialista foi enfático ao falar sobre a facilidade de transmissão, reforçando a necessidade do distanciamento social: “Meu conselho é: fique um metro e meio de distância um do outro”, alertou.
Já o secretário de saúde do Havaí, Dr. Bruce Anderson, reforçou porque à princípio não aconselhou as autoridades havaianas a proibirem a prática de esportes individuais no mar:
“Acho que o surfe, por sua própria natureza, reforça o distanciamento social”, disse o Dr. Anderson.
A praia de Waikiki, em Oahu, epicentro do turismo no Havaí, está praticamente vazia. As lojas estão fechadas e as atividades turísticas suspensas.
Policiais estão se certificando de que ninguém ande em grupo ou permaneça na praia, aplicando multas pesadas a quem desobedece às medidas de restrição. Porém, surfistas e remadores seguem liberados para entrar no mar.
No Brasil não há um decreto que proíba esportes como surfe, stand up paddle ou va’a, no entanto, muitas cidades, visando evitar um colapso em seus sistemas de saúde, estão adotando medidas restritivas ao acesso a praias, rios e lagoas, o que acaba por inviabilizar a prática dessas atividades.
Como tudo é novo diante da crise mundial do COVID-19, é natural que medidas extremas estejam sendo tomadas em um primeiro momento.
Das poucas certezas que se têm até agora, está o fato de que medidas como o isolamento e o distanciamento social têm reduzido a disseminação do coronavírus em todo mundo.
O Dr. David Szpilman, Diretor Médico da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, esclareceu, durante um webinar realizado no último 25 de março, que a água do mar, por sua diluição e percentual alto de sal (3%), não deve transmitir a COVID-19, que morre muito rapidamente nesse ambiente.
No entanto, o médico reforçou que essa hipótese ainda não tem alta comprovação cientifica e que varia conforme a poluição ambiental local e o número de frequentadores infectados.
No Brasil, a maior parte das intervenções propostas são baseadas em experiências passadas em países que estão à frente nessa pandemia, mas há também a preocupação em não causar um colapso no já precário sistema de saúde.
O Dr. Marcelo Baboghluian, médico de vários surfistas profissionais brasileiros, tem uma opinião semelhante.
Em um vídeo divulgado pelo canal “Serie ao Fundo”, o médico falou sobre os riscos do COVID-19, onde reforça que até o momento não foi encontrada nenhuma evidência que aponte o risco de transmissão do vírus pela água do mar (veja o vídeo no final da matéria).
Vale destacar que todos os especialistas são unanimes em reconhecer que ao surgirem quaisquer sintomas semelhantes aos da gripe, a pessoa deve permanecer em casa.
Outra questão imprescindível é respeitar a lei vigente. Se determinado município está proibindo o acesso à praia e à prática de atividades físicas na água, a lei deve ser respeitada.
“Se a prefeitura da cidade restringiu o acesso à praia, você deve dar o exemplo e respeitar a restrição. O mais importante nesse momento é darmos todos o exemplo”, reforça o Dr. Marcelo Baboghluian.